Capítulo XVII

Maya sentiu seu corpo enrijecer no momento, o Senhor Roberto tocou em seu ombro a fazendo sentir um frio de medo subindo em seu abdômen.

– Ninguém Senhor Roberto, eu só estou muito cansada. – disse olhando nos olhos de Daniel tentando lhe dizer que estava em perigo.

– Porquê essa mochila? Vai a algum lugar? – perguntou-lhe o Senhor Roberto.

– Queria ficar um pouco aqui na cidade com meu pai no hospital, Senhor Roberto, apenas isso.

– Entendo, já faz tempo que não o visita, quem sabe essa visita dure por muito tempo, não é?

– Senhor Roberto, preciso ir ao banheiro. – disse Maya, se afastando dele.

– Tudo bem, irei lhe aguardar aqui, não é bom uma moça ficar perambulando por aí sozinha.

Maya foi ao banheiro, pois já tinha pensado em um plano. Ela pegou uma caneta e no papel higiênico escreveu um bilhete. Dobrou bem dobrado o papel e o escondeu em sua palma.

Após, tomou coragem e foi até o Senhor Roberto e Daniel que estavam conversando. Chegando perto, ela estendeu a mão para cumprimentar Daniel e disse:

– Foi muito bom te conhecer, moço mas tenho que ir, pois já está ficando tarde. – após, se virou para o Sr Roberto e disse – Vamos embora senhor Roberto?

Daniel percebeu que ela havia lhe entregado algo, mas se despediu normalmente, como se nada tivesse acontecido.

Depois que Maya foi embora, ele saiu do estabelecimento e teve a impressão que estava sendo seguido, e por isso não fez nenhum movimento brusco, apenas seguiu normalmente o caminho até seu consultório fingindo que nada havia acontecido.

Ao chegar ao consultório, trancou as portas e fechou as persianas, e só abriu o bilhete quando se sentiu seguro. Abriu o bilhete e começou a ler:

"Me ajude, estou em perigo!

Compre passagens para qualquer lugar e me espere nos limites da cidade amanhã, às três da manhã. Isso é muito sério, caso não consiga fugir, com certeza ficarei por pouco tempo nesse mundo."

Maya sabia que na mansão ou na cidade não poderiam fazer nada contra ela, por causa da imagem que possuíam, mas na floresta ninguém saberia.

Então pensou que deveria conseguir fugir o mais rápido possível, antes da próxima caçada e esperava que aquele estranho confiasse no que disse.

– Maya, porquê saiu correndo daquele jeito da floresta? Nos deu muito trabalho, mocinha! – disse o Senhor Roberto dirigindo e olhando para a estrada.

– Senhor, o Bruno estava me estrangulando, eu fiquei com medo!

– Tem razão, é uma boa desculpa! Mas seria só por isso?

– Sim senhor, só por isso!

– Nós nos divertimos com você. Foi divertido brincarmos de esconde-esconde, não achou? Faço questão que vá a próxima caçada e vou providenciar para que seja logo.

– Não, Senhor! Não quero ir mais às caçadas.

– Não posso te deixar sozinha, Maya, prometi a Nick! Terá que ir!

– Mas Senhor, sei me defender, não precisa me proteger!

– É… Hoje demonstrou que consegue se defender, mas conseguirá até quando?

…

É verdade que Roberto tinha cumprido a promessa feita a Nick por todo esse tempo, porém agora, ele tinha motivos para descumprir.

Maya viu demais, e precisava ser silenciada. Nick sabia das regras da irmandade e portanto ele entenderia

E também, Nick já não era o mesmo, já até já possuía uma noiva. Todos sabiam, menos Maya.

Maya voltou para chácara, mas sabia que não podia ficar lá por muito tempo. A noite chegou e ela, arrumou sua mochila, se preparando para a fuga. Não podia levar o seu arco pois chamaria muito atenção, mas pegou aquela faca de caça e guardou no bolso da calça.

Já era madrugada, quando foi até a cozinha para pegar alguma fruta para comer durante a viagem.

Quando estava distraída olhando dentro da geladeira, sentiu uma mão lhe tampando a boca e a outro em sua cintura lhe puxando contra o corpo de um homem. Lágrimas caíram de seus olhos, tentou se libertar mas não conseguiu, pensou que iria morrer naquele momento, mas ela tinha um instinto guerreiro que estava se aflorando em sua personalidade, ela não iria morrer sem lutar até o fim, sacou a faca de caça e se preparou para atacar, mas acabou desistindo de usá-la quando ouviu:

– Se gritar vai acordar todo mundo, sua garota boba!

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