Capítulo XIII

Ao ver aquilo, o terror dominou a mente de Maya, ela queria gritar e sair correndo, porém o velho tampou sua boca com a mão e a segurou no lugar, a impedindo.  

Alguns minutos depois, dava para ouvir do esconderijo, novos passos, e uma conversa despreocupada:

 – Essa nos deu trabalho. Conseguiu correr até que bem longe!

 – Bonita ela, não acha? Essas hippies geralmente são feias e fedidas, essa aqui até que é limpinha, poderíamos ter nos divertido com ela antes… Por que foi dar logo um tiro na cabeça?

 – Você sabe que o líder não gosta que misturemos as coisas, e aliás, você pode se divertir agora, aproveitando que ainda está quente!

 – Credo! Que nojo! Eu não curto essas coisas, prefiro as que reagem.

– Bobagem, para mim são a mesma coisa, se não vai aproveitar, eu vou! – disse o homem, puxando o corpo da infeliz vítima.

Os dois continuaram conversando e Maya e o velho ficaram em silêncio até não ouvirem mais os passos.

Quando percebeu que estavam seguros, Maya desabou no chão, seu olhos lacrimejavam, sua respiração estava intensa, o medo e a ansiedade a dominava naquele momento.

Pensou que aquela cena e aqueles olhos da vítima nunca deixariam de assombrá-la, por toda sua vida.

 Enquanto Maya estava em crise, o velho pegou um pouco de gravetos e ascendeu o fogão improvisado. Colocou um pouco de água que estava em seu cantil na chaleira e colocou água para esquentar. Por fim, fez um chá de frutas silvestres, colhidas na floresta, e lhe ofereceu em uma caneca de metal, que estava toda amassada.

Quando pegou a caneca do chá nas mãos, Maya começou a voltar a realidade.

 – Senhor, quem eram aquelas pessoas? Quem era aquela garota? Precisamos sair daqui a chamar a polícia.

 – Pessoas más, minha querida… e a garota provavelmente foi uma pobre infeliz que veio acampar na floresta. Provavelmente uma forasteira, pois pessoas vêm desaparecendo por aqui há anos, e todos que moram na cidade não se atrevem a adentrar na floresta. Sobre a polícia... acha que se eles quisessem fazer alguma coisa, já não teriam feito?

– O senhor é daqui? Por que está nessa floresta se já sabe o que acontece?

– Eu também já fui uma caça e quando você se torna uma caça, nenhum lugar mais é seguro. As alternativas que lhe sobram é você matar, morrer ou se esconder. Como eu sou velho, não consigo enfrentar eles, mas sei como me esconder. Eu estou preso nessa floresta, garota e já me conformei com meu desrino. E você? O que estava fazendo por aqui sozinha?

 – Eu... eu... – na sua cabeça tinham tantos pensamentos que ela não conseguia organizá-los – Estava procurando um lobo...

– Lobo? – disse o velho, um pouco confuso – Lobos são animais perigosos. Por que uma mocinha delicada como você estaria atrás de um?

 – Ele é um lobo especial. É difícil de acreditar, mas ele salvou a minha vidas, quando fui atacada por outro lobo. Em nenhum momento ele foi hostil comigo e deixou que eu o acariciasse.

 – Que interessante… Lobos são predadores de topo de cadeia, dificilmente se sobrevive em um encontro com um. Se eles não conseguem terminar com suas vítimas no momento do encontro, eles as caçam incansavelmente, até terminar com suas vidas. Ele era pequeno? Estava machucado?

– Não, ele era enorme! O maior que já vi. Seus pêlos eram negros, mais escuros que o carvão e seus olhos eram amarelos e brilhantes.

– Um lobo negro? Pelo que eu saiba não existem lobos negros por essa floresta, somente os cinzentos. Será que houve alguma mutação? – ele diz, fazendo uma expressão pensativa.

– Você conhece muito sobre lobos?

– Hummmm… digamos que sou um estudioso. – ele diz, lhe dando um sorriso e mostrando seus dentes da frente quebrados.

– Me conte mais sobre lobos?

– Bem, vou fazer diferente, vou te falar sobre arquétipos. Sabe o que é isso?

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***