Capítulo IV

Ao ver Maya, Nick joga o cadáver do animal no chão, vai em sua direção e a abraça, lhe sujando toda roupa de sangue. Maya se debate o empurrando.

– Me solta Nick! Não!

Ela dá um grito assombrada, pois nunca tinha visto tanto sangue assim na vida e Nick se diverte com a situação e lhe responde:

 – Esse sangue é do animal, sua menina boba! – ele dá algumas gargalhadas, zombando – Agora que está suja, não vai poder se recusar a ir tomar um banho no lago!

Ela olha para o seu corpo, e arregala os olhos, percebendo que agora estava toda suja de sangue, como ele. Ela passa as mãos em seu vestido, como se quisesse limpar o sangue e de supetão, Nick a pega, joga em seus ombros e segue em direção ao lago. 

– Nick! Aaa! Você vai me pagar! – ela grita enquanto ele apenas sorri a levando.

Todos sorriram com a cena, pois todos achavam que eles tinham uma linda e inocente amizade.

A Senhora Mirtes vendo tudo, estava prestes a impedi-los, pois já estava quase anoitecendo e pensava que eles acabariam pegando um resfriado, mas antes que agisse foi interrompida pelo Senhor Roberto, lhe pedindo para deixar o garoto se divertir.

– O garoto cresceu, Mirtes! Deixe ele andar com os próprios pés. – disse o senhor Roberto pegando no ombro da esposa.

Ela acabou concordando, pois concordou que o seu pequeno filho estava virando um homem e teria muitas responsabilidades pela frente. A partir de agora a sua vida mudaria muito em um curto espaço de tempo e ele merecia aproveitar mais um pouco as alegrias das brincadeiras da infância.

A iniciação na caça não era apenas para torná-lo um caçador, mas também era o início dos ensinamentos de seu pai para que ele no futuro assuma as responsabilidades dos negócios da família.

Ao chegar no lago, Nick coloca Maya no chão, tira a sua camisa ensanguentada, corre e dá um mergulho no lago.

 – Quero ver fazer melhor, sua boba! – ele diz, emergindo do fundo, e depois nadando de costas no lago.

– Você sabe que eu mergulho muito melhor que você, Nick!

– Então vem, sua bobona!

– Eu não quero molhar minhas roupas agora, está ficando muito frio.

– Por que não tira? Eu juro que não vou olhar. – ele diz com um olhar malicioso.

– Nem pensar! Alguém pode me ver.

– Entra logo, Maya! Pare de dar desculpas, está com medo de perder para mim, não é?

– Você nunca irá me vencer, Nick!

  Maya se sente desafiada, dá alguns passos para trás, corre e também dá um mergulho. Com roupa e tudo.

Eles brincaram, jogaram água um no outro, apostaram quem chegaria primeiro no outro lado do lago… Se divertiram até sentirem que seus lábios estavam roxos de frio.

 Ao sairem do lago, Nick ficou admirando as curvas, destacadas pelas roupas molhadas, de Maya, pois cinco dias que se passaram, realmente lhe mudaram, o seu pai e os homens da irmandade lhe contaram coisas sobre seu corpo que ele não sabia e agora entendia porque Maya lhe chamava a atenção de uma forma diferente de antes.

Agora, ele percebeu que ela era uma bela fêmea, uma tentação aos seus sentidos e o que ele sentia, era o desejo que um homem sente, ao ver uma mulher que lhe atrai.

Como todo Ferraz, lhe foi ensinado que ele tinha o direito de pegar o que quiser, e ele foi até icentivado a isso. Sim, ele queria pegar o que queria, mas Maya não era qualquer garota, ela era a sua melhor amiga. Eles gostavam de brincar das mesmas coisas e sempre se divertiam muito. Os seus instintos masculinos eram fortes, mas a amizade que eles tinham também era. Portanto ele iria sim pegar o que queria, mas pensava que deveria esperar a oportunidade certa, para isso.

Nick mudou a forma de agir com Maya, mas por ser inocente, ela não percebeu que os toques e os olhares que recebia de seu amigo se tornaram diferentes. E assim, eles continuaram a fazer as mesmas brincadeiras, porém as intenções eram diferentes.

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