bruxa má

   Tomo o café e ainda espero a reação que eu queria ver no rosto dela. Nenhum sinal de medo ou raiva?

— Bom! Como eu não sou herdeira de conglomerado multinacional, tenho que ir trabalhar. — Ela diz deixando a xícara em cima da mesa e se levanta.

— Faça sua escolha Grace. — digo sério e a vejo me encarar com descrença. — Sempre soube que você não se dava bem com sua mãe, mas daí criar a filha dela e ser mãe da Criança é muito além. Não acha?

Pelo jeito que revira os olhos e faz cara de enfezada está me xingando mentalmente.

— Seja direto.

— Meu pai realmente achou que a criança fosse minha. — Digo.

Bem não é mentira, minha irmã fez a pesquisa sobre tudo, meu pai não sabe que Amelie não é minha filha, mas ele estava empolgado com isso. Ele quer se divorciar por causa do estresse que minha mãe causa e também por que não está mais com toda aquela saúde de sempre. Como Juliet não vai ter filho vindos dela, talvez tenha mas ele espera que eu dê um neto a ele ou uma neta, tanto faz. Não sei como ele vai reagir quando souber que ela não minha filha, muito menos de Grace.

— E? O que eu tenho haver com isso? — ela diz pegando o casaco.

— Poderia mentir para mim? — A bolsa já mão dela voa em mim, se eu fosse um pouco mais lento estaria com um nariz sangrando.

— Ficou louco de vez? Quanto mais você quer me infernizar!? — Furiosa, ela está muito furiosa.

— Amélie precisa de um pai, eu preciso de uma filha. Não é justo? — Agora vou sei lá o que for. Mas pegou no meu braço, e doeu.

— Ela não precisa. Você só quer ter um pontinho com seu pai. Não me venha com seu egoísmo. O que achou que eu iria dizer?

— Não vai ser muito tempo, só até eu ter coragem de falar com ele sobre. — digo já me preparando para o próximo míssel.

— Você só importa com você! Não caiu dia ficha que eu não quero ter contato com você, você quer dizer ao seu pai que tem uma filha por alguns meses, mas e ela? Se a garotinha se apega, o que você vai fazer? — Olhando por esse lado é muito escroto da minha parte.

— Isso foi muito. — digo pouco para fumar. — Vamos dizer que eu tenha passado do limite -

— Você passou. Não seja idiota e não me procure mais, faça como sempre, seja cretino o suficiente para não notar minha existência. — Grace pega a bolsa que me atacou e sai batendo a porta como se ela fosse sua inimiga mortal.

Assim que ela sai, me jogo na cadeira e pego um cigarro na gaveta, porém quando vou acender tiro da minha boca e jogo fora. Parei de fumar há dois anos, as vezes tenho abstinência como agora. Não vou voltar a fumar. Já que Grace definitivamente agora não vai nem sequer olhar para mim, vamos focar no trabalho.

Reviso as notas e chamo minha assistente, a garota atrapalhada entra na minha sala derrubando tudo que trouxe. Não vou levantar para ajudar, já troquei de assistência duas vezes em três anos por ser gentil com a mulher e ela achar que estou dando em cima dela. Essa é jovem, tão jovem quanto Grace quando começou a trabalhar comigo.

— Desculpe pela enésima vez senhor! — ela diz vermelha de vergonha.

— Já me acostumei com isso. — digo — Pode me trazer a planilha impressa da L.C, por favor?

Ela sai em em minutos trouxe os documentos, sei que é uma grande comoção todo esse papo de sociedade com uma das grifes mais caras do país e alguns países mas tem muita coisinha para rever e rever. A inauguração da nova sede é em três meses, tenho que rever isso e mais e mais. Lyana não quer que Aaron se meta nisso já que ele não tem paciência para coisinhas como eu.

— O cartório já revisou os documentos? — pergunto massacrando os olhos.

— Eles disseram que teve um problema com o juiz e por isso só vai estar pronto semana que vem ou na próxima. — Inquieta demais.

— O que houve? — olho no relógio e vejo que já é hora do almoço — Vá almoçar.

— Não! Vou terminar isso primeiro, eu meio que não quero sair para almoçar hoje. — ela diz desviando o olhar.

Por favor não esteja interessada em mim, por que seria uma grande merda demiti-la.

— Não quero problemas com a justiça por que não deixei minhas funcionárias almoçarem, vá. Não é pedido. — digo sério.

— Senhor...eu só não quero sair para comer hoje...— não quer ou está escondendo algo.

Observo ela mais um pouco, todos os traços de alguém que está sendo muito pressionada não acho que sou eu. O jeito como ela mexe no colocar e mexe no smartwatch no pulso.

— O que foi? Não me diga que esta apaixonada por mim? — digo e a vejo ficar pálida.

— Não! Não estou. — ela diz mas fica mais agitada.

— Loren gray. — digo bem mais brusco — O que você fez para querer fugir assim?

— Eu...não...— o relógio vibra e eu vejo ela perder a cor.

— Que po.rra você tem? — digo gritando.

Primeiro Grace vem aqui de manhã e agora minha assistente não para de olhar para o lado...lado? — olho para lado e são as caixas, lembro de mandar Loren buscar os vestidos há três dias, desde então não abri a caixa e nem sequer questionei.

— Loren, você fez algo com os vestidos? — pergunto me aproximando da moça.

— Eu! Eu...— Ela vai para trás e vejo que gritei por que Aaron está na porta da sala dele olhando para cá e Lyana também.

— O que você fez? — digo puto.

— EU JURO QUE NÃO QUERIA! uma mulher me ameaçou, disse que se eu não... Ela machucaria meu filho. Ele é tudo que eu tenho! — ela diz chorando.

— Não quero saber disso agora! O que fez com o vestido!

— Ela me deu dois frascos de pó de mico e... colocou duas aranhas, uma em cada caixa-

Sai correndo, aranhas até onde sei Grace tem pavor de aranhas e se for aranhas perigosas e se puxar a criança? Tentei ligar para ela, dezenas de vezes a caminho mas nada. Ela não me atende, me bloqueou.

Quando cheguei a L.C sai do carro deixando a porta aberta, corri tanto que senti meu corpo queimar por falta de oxigênio. Quando cheguei ao terceiro andar executivo, vi a menininha loira abraçando um cobertor com uma das mãos no olho. Me aproximei dela com pressa posso olhar olhares em mim. Quando cheguei diante dela ela me encarou com os grande olhos azuis, me agachei e me acalmei.

— O que está fazendo aqui sozinha pequena? — ela apontou para a parade de vidro, tinha uma borboleta lá.

Ofereci ela para pegá-la no colo, e depois de muitas recusas agora ela vem ao meu colo com facilidade. Assim que a subo junto com meu corpo do chao a vejo colocar uma mão na minha camisa e a outra debaixo da cabeça e deitar no meu ombro. Só aí percebo que minhas mãos estão trêmulas, a quanto tempo eu não sentia medo, pavor. Estou apavorado. Passei a mão nos cabelos dourados da pequena e respiro em alívio de tudo estar bem com ela. Mas não acabou, subo as escadas do local e vejo Grace conversando com uma mulher com uma expressão tão profissional. Parei em frente as duas.

— Deixe isso pronto o mais rápido possível, não se esqueça, o aniversário é em três semanas. — Grace é tão profissional que me deixa estigado

— Já cuidei dos tecidos e da iluminação, o problema é que como eu vou com meu marido e filho fico preocupada que algo dê errado. — diz a mulher com cabelo cacheados e pele negra.

— Estamos morando na L.C por algum motivo não é? — Grace diz sorrindo e me olha pela primeira vez.

— Posso falar com você? — digo sem som.

Ela diz mais algumas coisas para a mulher e vem em minha direção, ela olha para a criança no meu colo e vê algo acho que é temperatura.

— O que quer? — Grace diz sorrindo para a criança.

— Por ventura, talvez mas só talvez...tenha um aracnídeo ou dois no seu escritório. — digo e ela não nota de início mas depois surta.

— Como você sabe disso? Por que tem uma aranha no meu escritório! — ela diz já olhando para todos os lados.

Alguém está muito bravo com Grace, óbvio que com o escândalo que ela deu até Louise apareceu. Quando expliquei Grace não quis nem ficar na L.C, já sei que ela passa mal, ela realmente não se dá bem com aranhas. Aaron me ligou e me disse que as duas estavam nas caixas do meu escritório. O alívio subiu mas desceu:

" Acho que foi sua mãe. ". Aaron diz no telefone.

— Como assim minha mãe? Por que ela mandaria duas tarantulas para minha ex namorada? — digo mais baixo por que tem uma adulta apavorada no banco de trás do meu carro dormindo.

" Loren disse que a mulher era loira e muito parecida com Juliet, também disse que ela chamava a Grace de Vira-lata. " Aaron diz com um pouco de tremor.

É com toda certeza é aquela mulher, como ela ousa fazer isso, isso deve ser por causa do divórcio. Não me importo, ela quase machucou uma criança inocente.

— Dê dois dias de folga para Loren, poderia colocar alguém para vigiar ela também. Não duvido que minha mãe não vá machucar a garota como prometeu. — digo recendo um dedinho pequeno no meio da testa.

Amélie está me encarando com os olhos bem abertos, não sabia que ela chupava chupeta, bom ela tem três anos. E pelo que sei tem alguns problemas de saúde. Então ela pode tudo até onde posso ver, até Charlotte chupa chupeta. Mas ela está me encarando com as testa franzidas.

" Vou fazer isso, Grace está bem? " Só posso dizer que está dormindo.

— Está. Mas não vai quando souber que minha mãe deu essa de agora. — digo

" Leve ela para casa então, a criança não tem culpa."

Como sempre a criança não culpa, quando Lyana estava grávida, quando Lottie nasceu, quando Loretta apareceu como o bebê do Aubrey, quando eu soube da verdade por trás da Grace.

— ok. Não vou para escritório hoje. — digo já desligando.

Coloco a mocinha em cima do capô do meu carro e a vejo me encarar, ela não fala, só ouvi a voz dela uma vez e foi quando a Grace caiu na piscina. Depois disso nunca mais ouvi a voz dela. Não sei lidar com uma criança.

— A-amelie, quer ir para minha casa? — digo e a vejo deitar a cabeça de lado.

— Tem uma bruxa atrás da sua mamãe. Então que tal ir na minha casa? — ela afirma com a cabeça.

Grace vai me matar, vai me deixar sem pele.

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