Capítulo 12

No dia seguinte, acordo e me pego pensando no Gabriel, sinto falta dele, queria saber por onde ele anda e se está tudo bem com ele. Não sei, mas essa história de assalto do Henri não me entra, posso estar enganada e querendo culpar Matheus por tudo pela raiva que sinto dele, mas ainda assim eu fico imaginando se ele não está por trás desse assalto. Se ele realmente mandou fazer isso com meu amigo, imagina o que ele pode fazer com o Gabriel por ciúmes... Quando penso nas coisas horríveis que podem acontecer com o Gabriel começo a sentir um aperto no peito e um nó na garganta. Tento mudar o meu pensamento para me acalmar, falo para mim mesma que nada de ruim vai acontecer, que o Gabriel é inteligente e vai conseguir bolar um plano para me tirar daqui.

Me levanto devagar, vou até o armário onde escondo o caderno, me sento à mesa e começo a escrever todas as lembranças que eu já consegui recuperar, escrevo comentários sobre os medos que tenho em relação ao Matheus e sobre o que pode acontecer se ele descobrir meu interesse no dr. Gabriel. Quando acabo de meio que me desabar com um caderno, escondo ele em uma parte do armário que eu achei quebrado, retiro uma parte da madeira e escondo por dentro do armário, assim fico mais tranquila, ali ninguém irá encontrar o meu caderno/diário.

Vai ser mais um dia no qual eu fico aqui sentada esperando a boa vontade do Matheus para saber o que ele planejou para mim hoje, se vai aparecer com o novo médico ou se vem com a enfermeira psicopata. Vou até a janela e fico olhando o movimento da rua, faz tanto tempo que não saio para me divertir, ir a um cinema ou algo do tipo, agora minha vida se resume em ter medo do marido e tentar recuperar minhas memórias e meus movimentos por completo. Graças ao Henri, consegui recuperar vários movimentos, só não consigo andar na velocidade normal e não fico em pé por muito tempo, mas sei que falta pouco para me recuperar por completo. Distraída, olhando a janela e viajando em meus pensamentos, vejo aquela mulher negra que vi no dia do jantar com o Matheus, ela entra no hospital e eu fico olhando atentamente para ver o momento que ela irá sair, agora eu queria ser uma mosca só para ir até ela e ver o que ela veio fazer aqui, será que ela trabalha com o Matheus e por isso lembro da fisionomia dela? Depois de uns minutos ela sai do hospital e entra em um carro. Enquanto estou distraída olhando para o carro e imaginando o que diabos ela pode ter vindo fazer aqui, me assusto com o barulho da porta se abrindo.

-Matheus- O que você está fazendo aí na janela, Lia?! (Fala alto, assustado por ver Lia na janela)

-Lia- Calma Matheus, só estava olhando a rua um pouco. Fico trancada aqui nesse quarto o tempo todo... Estou cansada disso. Não precisa desse espanto todo, não vou fugir pulando a janela.

-Matheus- Correção, não irá fugir. (Anda se aproximando de Lia)

-Lia- Você me assustou, abrindo a porta do nada sem bater antes.

-Matheus- Desculpa, não sabia que precisava bater na porta do quarto da minha esposa para ter autorização para entrar.

-Lia- Não é sobre autorização para entrar, é sobre educação e respeito comigo. Eu não me lembro das nossas intimidades e você acabou me assustando abrindo a porta assim, estava distraída olhando a rua.

Matheus me coloca nos braços dele e me leva para a cama, fico olhando seu rosto tão lindo, e sinto pena de que um homem tão bonito seja assim...

-Matheus- O médico que eu escolhi para você vem mais tarde, ele é um ótimo profissional, acho que você vai fazer alguns exames com ele mas não precisa se preocupar, irei ficar ao seu lado o dia todo hoje.

Logo penso “Isso era pra ser algo bom?”

-Lia- Realmente tenho que ficar sendo acompanhada por esse médico? Você percebeu que eu já estou ótima? Só preciso de um fisioterapeuta para recuperar o resto dos movimentos.

-Matheus- E sua memória? Sua saúde?

-Lia- Eu me recupero aos poucos. Já pensou em me levar para casa dos meus pais?

-Matheus- Falei com sua mãe, ela amou a ideia, vou combinar com ela para levar você e perguntar ao médico o que ele acha. Por isso é bom você continuar sendo acompanhada por um médico, viu só?

Suspiro e fico ali esperando conhecer esse novo médico, não sei mais o que falar com Matheus, eu e ele ficamos calados, olhando um para o outro e olhando o quarto. Ele pega o celular e fica resolvendo coisas do trabalho e eu fico ali, só existindo.

Depois de uns 40 minutos, alguém bate na porta, entra Paloma e o novo médico. Um coroa com cara de emburrado com um óculos fundo de garrafa que mal olha para as pessoas.

-Dr. Humberto- Bom dia, Sr. e Sra. De La Vega. É um prazer conhecer a sra. me chamo Humberto, seu marido me chamou para ser seu novo médico. Estudei seu caso e olhei os exames que o seu médico anterior pediu. Tenha certeza que irei me dedicar para que a sra. se recupere por completo.

-Lia- O prazer é meu. (Fala com vontade de esganar o médico). Eu estava falando com meu marido sobre passar uns dias na casa dos meus pais, para tentar recuperar minhas memórias...

-Dr. Humberto- É algo para se analisar. (Olha rapidamente para o Matheus).

-Lia- Eu acho que seria perfeito ficar só com meus pais.

-Matheus- Como assim sozinha, Lia?! Eu vou ficar com você! Não pense que vou ficar longe.

Na hora fico sem reação, tive essa ideia para levar o Matheus lá e ver a reação dele quando eu tocasse no nome do meu pai, queria saber se ele sabe como realmente aconteceu o acidente do meu pai. Mas não esperava que ele ficasse lá na minha cola, ficar sozinha com minha mãe seria uma ótima brecha para fugir de todos eles.

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