Capítulo 3

Fico mexida com tudo o que ele planejou e com as coisas que ele me falou, olho rapidamente para Henri e ele lá do canto do quarto fica balançando os dois polegares, fazendo uma dancinha e gesticulando a boca como se estivesse gritando que SIM! vendo essa cena fico morrendo de vontade de rir mais seguro para o Matheus não perceber.

-LIA- Tudo bem, acho que vai ser legal. (olha para Matheus com um sorriso no canto da boca).

Matheus fica tão feliz que parece que vai dar um grito, mas na hora ele só respira fundo aliviado com o ‘’sim’’ que recebeu, beija a minha mão e se volta para Henri.

-MATHEUS- Henri, tudo bem para você guardar o vestido dela? Já tenho que ir, tenho uma reunião agora.

-HENRI- Claro sr. Matheus, não se preocupe (se aproxima e pega o vestido e o buquê)

-MATHEUS- Até mais tarde minha rainha. (Beija a testa dela, se despede de Henri e sai do quarto)

-HENRI- Meu Deus que homem é esse?! Ele é tão lindo que minhas pernas ficam tremendo e meu estômago congela quando ele chega aqui, acho tão lindo o jeito que ele te olha.... Queria um desses também. (suspira olhando para o teto).

-LIA- Você acha?

-HENRI- Acho sim (fala se aproximando dela e se senta ao seu lado). Qual o problema Lia? Você não parece tão animada para o jantar, na verdade está parecendo que eu que estou mais animado para esse jantar, se você quiser nós falamos para o Sr. De La Vega maravilhoso que a Sra. De La Vega não se sentiu bem e eu vou no seu lugar sem problema nenhum.

-LIA- kkkkk Só você para me fazer rir agora. Eu tô animada sim! E nervosa haha. Só queria estar normal como era antes, iria poder me arrumar direito, fazer meu cabelo, fazer as unhas e uma maquiagem bonita...

-HENRI- Lia, você tem sorte de ter um marido desses, ele faz de tudo por você e as vezes eu acho que ele tem mais confiança em você do que você mesmo, esquece que está fazendo fisioterapia para voltar a andar, fica se colocando como vítima e não reage e fica se esconde aqui nesse quarto. Desde que começamos os exercícios você já evoluiu bastante, foi até bem rápido, daqui a pouco nem vai mais precisar de mim.

-LIA- Hei! Não fale isso. Você se tornou um amigo para mim, não vou querer perder isso, mas também não vou reclamar quando voltar a andar e ser independente novamente kkkkk.

-HENRI- Isso eu sei kkkk. Vamos, temos mais exercícios para fazer antes do seu jantar mágico com o bonitão.

Depois de passar o dia entre conversas e exercícios com o Henri, Sofia chega de surpresa toda saltitante com uma bolsa de maquiagem enorme. O Henri fica olhando-a entrando no quarto pulando, olha para ela como se estivesse certo de que ela não é uma pessoa normal da cabeça e esperando ela terminar com a dancinha para olhar para mim e revirar os olhos. Fico observando os dois, e não tem como não rir com aquela cena.

-SOFIA- Amigaa! O Matheus me pediu para que eu te ajudasse hoje. Já estou sabendo de tudo! Fico muito feliz em saber que vocês dois estão dando a volta por cima e reanimando o casamento. Trouxe minha bolsa de maquiagem para dar um UP em você, vai toda linda nesse jantar pode ter certeza! Óbvio que Matheus iria me ligar para te ajudar com isso, quem mais poderia fazer isso se não fosse eu? Já que nos conhecemos desde sempre... (Sofia fala olhando para Henri e fazendo cara de deboche).

-LIA- Meu Deus Sofia! Essa bolsa é gigante! Não exagera por favor, vai ser um jantar tranquilo lá no nosso apartamento, só eu e ele.

-HENRI- Nesse ponto eu meio que concordo com sua cola, faz um bom tempo que você não sai e nem se arruma, seu maridão está voltando a sorrir agora que você acordou e daqui a pouco vai voltar a andar, vocês dois precisam disso, e mais, isso pode ajudar na recuperação da sua memória. Se anima mulher! Mesmo não sendo chamado vou ficar aqui para dar uma forcinha, bora fazer unha, cabelo, sobrancelha... Dar um tapa no visual.

-SOFIA- Nem vem que não tem pavão! Eu falei para Matheus que iria arrumar ela, me disponibilizei e vim toda animada para fazer o UP em Lia hoje, eu sei que você já passou o dia todo aqui com ela então eu te digo, ‘’ VÁ PARA CASA E PODE DEIXAR COMIGO’’, você precisa descansar.

Eu olho para Henri e vejo o olhar dele de quem não acredita no que escutou. Será que Sofia começou a se importar com ele? Não... Conheço ela e eu sei bem a intenção dela ter falado isso.

-LIA- Tudo bem Henri, Sofia tem razão, deve estar cansado. Prometo que te conto tudo da próxima vez que nos encontrarmos.

-HENRI- Hum. Se você diz...

Dava para ver claramente no olhar dele que não era bem isso que ele queria, mas eu entendia o lado de Sofia, desde que acordei nós duas não tivemos um momento de amigas só eu e ela, também sentia falta e iria precisar dela hoje. Henri arrumou a mochila dele e se despediu de nós duas todo desanimado. Quando finalmente ficamos a sós, Sofia olha para mim e suspira por finalmente ter conseguido se livrar do Henri.

-SOFIA- Então amiga, vamos começar? Vou dar uma repaginada em você, se não começar agora não vai dar tempo.

Depois de algumas horas finalmente estou pronta e me olho no espelho, suspiro sem acreditar que consegui ficar linda novamente, desde que acordei do coma, pensei que só iria conseguir me arrumar e me sentir bonita novamente quando estivesse completamente recuperada.

-LIA- Muito obrigada Sofia, por me ajudar hoje, fiquei até mais animada para esse jantar kkkk.

-SOFIA- Você sabe que pode contar comigo. (Responde com um sorriso satisfeita e mexendo nos cabelos de Lia).

Ali em frente ao espelho, me observo naquele lindo vestido preto, meus cabelos pretos ondulados, enrolados naquele penteado que Sofia fez em mim, e percebo que realmente envelheci. Se passaram dois anos desde que me olhei tão fixamente no espelho, pelo menos isso em minhas recordações.

Fico com um frio na barriga de tão nervosa para esse encontro com Matheus, para mim será nosso primeiro jantar.

-LIA- Como minha amiga, me fala o que você acha do Matheus?

-SOFIA- Acho que vocês realmente se amam, ele sempre fez de tudo por você Lia. Acho que brigas e diferenças entre o casal sempre vão existir, só basta o casal saber lidar e superar essas coisas, entende?

-LIA- Brigas? Não entendi, minha mãe disse que nosso casamento era feliz.

-SOFIA- É é... Só foi um comentário ...Não dê importância a isso que eu falei, você me conhece e sabe muito bem que as vezes falo besteira, coisa sem sentido... (Sofia tenta disfarçar dando uns retoques nos cabelos de Lia)

Percebo que Sofia me esconde alguma coisa, mas estou tão animada com o jantar que deixo para lá. Me olho mais uma vez no espelho para confirmar que está tudo ok. De repente alguém bate na porta e Sofia autoriza a entrada, era o motorista de Matheus que veio me buscar, ele entra no quarto todo educado e se apresenta.

-MOTORISTA- Boa noite dona Lia, dona Sofia, sr. De La Vega me mandou vir buscar a sra.

Bom... Ele me avisou que a sra. Não iria lembrar de mim, sou o motorista de vocês dois, a sra. Pode me chamar de Albuquerque. O sr. Matheus De La Vega está esperando a sra.

-LIA- Prazer em conhecê-lo Albuquerque, antes poderíamos levar Sofia na casa dela?

-SOFIA- Não precisa! Vim no meu carro, não se preocupa. Qualquer coisa você me liga tá, estarei em casa tomando um bom vinho e assistindo um filme, enquanto você estará vivendo um filme de romance haha. (Se aproxima do ouvido de Lia e fala) Coloquei seu celular na bolsa, falei sério, qualquer coisa você me liga.

-LIA- Por que isso tudo? Devo me preocupar com alguma coisa?

-SOFIA- Não não amiga! Só no caso de você precisar voltar, ou se precisar de qualquer coisa... Afinal, você não lembra do Matheus, pode ficar sem graça lá...

-LIA- Obrigada mesmo por sempre se preocupar e cuidar de mim amiga. Vê se você descansa um pouco, fez tanta coisa por mim hoje... Eu disse que não precisava exagerar, mas admito que adorei o seu UP em mim kkkk.

O motorista então se aproxima e começa a empurrar a cadeira de rodas que estou, Sofia vem logo atras com sua bolsa de maquiagem e a bolsa normal, ela anda com um olhar vazio, parecendo que está no mundo da lua. Ela nos acompanha até a recepção do hospital, me dá um beijo e se despede indo em direção ao estacionamento. Albuquerque me leva até um carro grande e preto, parece um daqueles carros de filme no qual o carro para no meio da rua e sai dos capangas para pegar uma pessoa e empurrar dentro do carro. O motorista coloca minha cadeira de rodas próximo a porta do carro e eu me levanto, ele abre a porta e entro rapidamente no carro antes que minhas pernas percam as forças. No carro, fico imaginando de como desse ser o apartamento, e tento lembrar de momentos que envolva esse apartamento, se foi eu quem o decorou e escolheu todas as peças de decorações, de como foi a sensação ao entrar nele a primeira vez, se tive muitos momentos bons lá dentro...

O sinal fecha e quando o carro para olho a rua pela janela, vejo uma pessoa que me parece familiar, uma mulher negra com semblante de quem é alguém determinada e focada, ela está sentada em uma mesa de um restaurante de comida japonesa, olhando seu celular e com uma pasta cheia de papeis em cima da mesa. Ela digita alguma coisa no celular e recolhe todos os papeis que estão na mesa, levanta-se e vai para um carro vermelho que estava quase em frente ao restaurante. Fico focada olhando para ela pois tenho quase certeza de que eu a conheço, tento me lembrar de onde e qual seria seu nome, mas começo a ter dor de cabeça. O sinal abre e vamos embora, cada minuto mais perto de Matheus e desse jantar tão planejado por ele.

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