Cap 8 Primeira Noite

Voltamos para minha casa, Carol está no quarto de hóspedes tomando banho, pedi comida de um restaurante próximo. Ainda não conversamos desde que viemos do tal "esconderijo". Ainda tô confuso, pensando nas coisas que ela disse... minha razão diz que está certa, que o melhor é me afastar..., ela não é problema meu, minha missão era encontra-la e já cumpri.

Mas, meus sentimentos, me fazem a querer por perto, querer cuidar e protege-la, me fazem ver o melhor dela e aceitar seu arrependimento como se justificasse o mau que cometeu..., mas sei que não é assim que funciona.

Fico pensando... e se eu deixar rolar, se a ter em meus braços da forma que quero ter?..., iria ajudar a aliviar essa necessidade de estar com ela?..., Tô deitado no sofá, olhando pro teto me repreendendo por pensar assim..., Que P0rr4 é essa que tô sentindo? Só pode ser vontade encubada de trans4r com ela..., vai passar...

Carol:_ Delegado? ei... planeta terra chamando...

André:_ Oi..., estava distraído... Quer alguma coisa?

Carol:_ Só estou um pouco ansiosa, enjoada..., preciso beber alguma coisa... tem alguma bebida?

André:_ Não tenho nada disso...

Carol:_ Não precisa ser muito..., só um pouco pra... relaxar..., sempre bebo antes de dormir...

André:_ E quando acorda..., quando está triste ou feliz..., pra esfriar, para esquentar...

Carol:_ Por favor..., só preciso de um gole..., de qualquer coisa alcoólico...

André:_ Não..., nada de bebida, precisa ficar limpa...

Nossa comida chega interrompendo a discussão..., ela respira frustrada..., ainda tenta me convencer, mas sou mais insistente, não vou deixar ela pôr nosso pequeno progresso a perder...

André:_ Vamos comer e essa vontade passa...

Ela me segue contrariada..., sei que é difícil, mas acredito que conseguirá se manter longe dos vícios..., terminamos nosso jantar, ela tomou apenas suco natural..., e agora, está muito calada...

Começamos a assistir as notícias locais e ela começa a se agitar novamente... Carol está um pouco trêmula, andando pela sala, ta até roendo as unhas. Deve ser abstinência do álcool, sei que quando se interrompe um vício de uma vez a abstinência é mais forte do que ir largando gradualmente..., mas ela vai aguentar, desde que saiu do hospital não bebeu e nem usou nada que substituísse o álcool. Ela para na minha frente, ta um pouco angustiada.

Carol:_ Eu..., não consigo fazer isso... preciso de um pouco..., só um gole, depois prometo que não chego perto...

André:_ Precisa se distrair, se beber, será mais difícil parar..., aproveite que seu organismo está limpando, é normal sentir esses sintomas de mal estar...

Carol:_ Delegado..., é só um pouco, não vai fazer diferença.

Olho pra ela sério, todo viciado usa essas desculpas. Não vou deixar ela beber, sei que vai aguentar..., me vem uma ideia...

André:_ Gosta de chá?

Carol:_ Sim, mas só chá não vai ajudar.

André:_ É só um pouco..., camomila..., é um bom calmante, ajuda a acalmar a ansiedade e pode amenizar alguns dos sintomas que está sentindo.

Faço um chá forte e a sirvo, mesmo ela tomando, continua com a ansiedade, mas está mais controlada...

Carol:_ Não sei se isso vai dar certo, tenho medo de não me controlar quando estiver sozinha.

Pego na mão dela e a levo até o sofá..., a faço sentar e falo, tentando fazer com que ela me prometa que irá se esforçar. Amanhã terei que trabalhar e ela ficará sozinha. Preciso convence-la a procurar o pai e começar um tratamento psicológico, AA, acompanhamento para se desintoxicar e voltar a viver com dignidade..., faremos isso juntos...

André:_ Voltarei ao trabalho amanhã e vou confiar em você, aqui não tem bebidas, espero que não compre e nem beba escondida, eu saberei se fizer isso. Também quero que pense sobre procurar seu pai.

Carol fica desconfortável, ela olha para nossas mãos e me olha algumas vezes, está insegura.

Carol:_ Eu... vou tentar..., delegado.

André:_ Carol, sei que consegue e por favor, pare de me chamar de delegado..., apenas André, ok?

Carol:_ Ok..., André.

Ela continua olhando para nossas mãos..., e se afasta..., está de cabeça baixa..., me atrevo a acariciar seu rosto, sei que não devia..., mas é inevitável..., ela me olha entristecida...

André:_ Você... é uma mulher linda..., e seu que é boa...

Carol:_ Boa..., está enganado..., sou como uma maçã estragada..., por fora pode parecer linda, mas por dentro está podre...

André:_ Não diga isso...

Carol:_ É a verdade...

Ela vira o rosto para me afastar...,entendo o gesto e recolho as mãos..., é nítido que perdeu o amor próprio e a autoestima..., triste ver uma pessoa que tinha praticamente tudo o que o dinheiro pudesse proporcionar e só conseguir cair em sí depois que comete um erro tão grave. É difícil se livrar da culpa, quando não dá pra consertar o que já foi. Balanço a cabeça afastando esses pensamentos, não quero ser levado pela pena..., insisto na conversa...

André:_ Reconhece os seus erros..., já é um grande passo..., não tô dizendo isso pra tentar te consolar..., apenas que, apesar de tudo, você pode tentar fazer diferente ao invés de ficar gastando energia fazendo coisas ruins contra si própria..., fazendo seus pais sofrerem..., se acabando na bebida e em outros vícios..., deveria fazer terapia, trabalhar em uma ong..., sei lá, faça alguma coisa boa..., já chega de se punir..., por favor..., pense nisso...

Carol:_ Vou pensar...

André:_ Pode, olhar para mim?

Ela levanta o olhar, continua desconfortável. Falo tocando levemente seu queixo...

André:_ Ainda... vou vê-la sorrir novamente...

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