Oficialmente Presa

-Mãos onde eu possa ver!

Um policial grita e aponta uma arma em minha direção. Eu levanto as mãos.

-Ajoelhe!

Faço o que ele pede. Outro policial me algema com as mãos para trás. Quando ele me conduz até a viatura consigo ver, o Rodrigo deitado, desacordado e todo ensanguentado. O policial abre o porta malas:

-Torça para que ele não morra.

Logo em seguida ele fecha. Está um completo escuro aqui dentro, cheira a morte, crime, ódio, dor. O barulho da sirene ecoa por toda a cidade, mas em poucos minutos ela para. O porta malas abre novamente:

-Vamos saia. -O policial me puxa.

-Pelo que parece você é delegada. Então não pode ser transferida para a INT e nem para a CIT. Um ônibus vai vir busca-la, temos que esperar.

-Para onde eu vou?

-Você vai descobrir quando chegar. Agora sente aí e espere -ele aponta para o porta malas aberto.

Fico olhando os carros passando na rodovia, por tempo o suficiente do ônibus chegar.

O motorista desce:

-Morales.

-Taylor

Ambos se cumprimentam.

-Entrem -ele aponta para a porta do ônibus

O ônibus é aparentemente comum, só tem um detalhe, no final dele tem uma espécie de gaiola.

-Você está olhando o que? Entre logo. -ele diz me empurrando em direção da ''gaiola''

-O que você acha que eu vou fazer? Te matar? -eu pergunto

-Eu não quero tentar a sorte, entre logo.

Ela é menor do que parece, tem apenas uma cadeira de concreto. Ele tranca a grade com dois cadeados, e se senta na minha frente.

Ele diz:

-Por que você espancou aquele senhor? Ele é apenas um porteiro que deveria estar aposentado.

(Eu começo a gargalhar) Mas em seguida a graça se transforma em lagrimas.

-Só de pensar que confiam em pessoas como você. -ele balança a cabeça indignado.

A conversa acaba, e a viagem continua. Não sei muito bem para onde estou indo, mas é bem longe. Imagino que já se passaram umas 4 horas.

Morales volta:

-Pegue.

Ele me entrega uma garrafa d'água e um sanduiche. Se vira e entra na cabine do motorista.

-Sanduiche de atum.

Com a fome que eu estou, qualquer coisa esta bom. Eu termino de comer e a viagem continua.

Até quem fim o ônibus para, e o Morales volta, ele abre a ''gaiola'' e me leva até o lado de fora do ônibus. O sol da manhã bate no meu rosto. O grande letreiro já confirma onde eu estou ''Penitenciaria feminina de Vartany'', Meu deus, eu estou muito longe. Um homem usando terno caminha até mim, ele está acompanhado de mais 3 guardas armados com fuzis.

-Obrigado Morales, agora nós damos conta dela.

Os guardas se aproximam de mim. Apenas com um sinal eles me levam para dentro da penitenciaria.

O homem de terno diz:

-Deixem a comigo.

Ele me leva para a sala de Interrogatório:

-Sente-se.

Ele se senta na cadeira na minha frente. Eu nunca estive nessa posição, é assustador.

-Então devo chama-la de Delegada ou Montes?

-Imagino que depois de tudo isso, ninguém mais vai me chamar de delegada -dou um sorriso torto

-Nós temos muito em comum Montes.

-Você também espancou o porteiro do seu apartamento?

-Então, você admite o que fez?

-Senhor?

-Patrick

-Os policiais viram o que foi feito.

-E você como se sente? Olhe para as suas mãos, estão machucadas de tanto socar o pobre senhor.

-Pobre senhor -falo com ironia

-O que a motivou fazer isso, Montes?

O silencio toma conta da sala.

-Você não vai dizer nada?

Continuo em silencio.

-Se é assim que prefere. Você vai ser conduzida para uma cela para esperar seu julgamento, você também tem direito a uma ligação e as visitas são duas vezes na semana. Alguma dúvida?

-Nenhuma.

-Ótimo.

Ele pega o telefone e avisa para os guardas que o interrogatório acabou.

Em pouco tempo eu já estou no corredor da minha cela com um macacão cinza e meu numero ''361522''. Agora estou oficialmente fodida. Foi mal, oficialmente presa.

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