Carona

Levo um tempo para assimilar o que está acontecendo.

-Holik?

-Fico feliz que tenha lembrado de mim, mas me chame de James.

-Certo James, o que você faz aqui?

-Bem, você me disse que nos veríamos em breve, eu queria que esse ''em breve'' fosse logo. -ele sorri

-Então você decidiu me perseguir?

-Não pense dessa maneira, senhorita Ukill. O que acha de uma carona?

-Estou esperando um taxi. -falo olhando para a estrada

-Então você encontrou um taxi ou melhor um motorista particular. -ele usa um tom brincalhão -Vamos prometo que vai ser apenas uma carona.

-Tudo bem, só porquê estou com pressa.

Quanta irresponsabilidade, Mariah.

-Imagino, entre. -ele abre a porta, pela parte de dentro do carro.

Não demora muito para que ele puxe assunto.

-Então Ukill, você nunca vai me falar seu nome?

-Elizabeth.

-Oh, muito melhor, viu não foi difícil -ele dá um sorriso torto

-Por que você veio atrás de mim? -pergunto, mas continuo olhando fixamente para a estrada.

-Você se destaca Elizabeth, quando estava sentada no banco daquele bar você me chamou atenção, então eu quis ir falar com você. Mas você me deu um fora -ele gargalha

-Você gosta de levar fora, James? -olho para ele

-Eu não poderia responder essa pergunta para você, se tivesse a feito naquela noite.

-Você está brincando comigo ne? -eu começo a rir.

-Não, você teve a honra de ser o meu primeiro fora.

-Me sinto lisonjeada -dou um sorrisinho torto -E mesmo depois de tudo, você quis vir atrás de mim?

-Isso é um pouco, louco né?

-Acredito que sim.

-Só uma pergunta, qual é seu endereço?

-Você não sabe essa informação sobre mim, senhor Holik? -Uso um tom provocativo.

-Não senhorita Ukill, eu poderia descobrir facilmente, mas achei melhor que você mesma me dissesse, caso queira claro.

Falo o um endereço fictício. O resto do caminho é tranquilo:

-Bem, chegamos.

-Obrigada, James.

-O prazer foi todo meu, espero que da próxima vez me fale seu verdadeiro endereço. -ele da uma piscada e beija minha mão.

Eu desço do carro e ele vai embora. Eu falei um endereço muito longe do meu apartamento, então demorou cerca de 20 minutos para chegar. Ao subir as escadas vejo o apartamento da Dona Lurdes com uma placa escrita ''aluga-se''. Abro minha porta e:

-Mike! Oi garoto, você está aqui -ele me lambe. E antes que eu esqueça retiro o bilhete que coloquei na coleira dele.

Todas essas ameaças estão me deixando assustada, mas eu vou me vingar de quem fez isso com ela custe o que custar. Meu telefone vibra:

-Oi Mariah, sei que você está de folga hoje e sinto muito pela perda, mas eu queria te avisar que a mãe do Maicon, sim o garoto existe, bem ela vai vir para o interrogatório e para o menino eu marquei uma conversa no seu escritório.

-Ok Carla, obrigada.

Vou procurar algo para comer até que encontro um recado no meu balcão: -Não, espero que não seja outra ameaça.

''Mariah, espero que esteja tudo bem, fiquei sabendo que você queria ficar com o Mike então decidi deixa-lo com você, ele era muito importante para minha vó, mas eu sei que você vai cuidar bem dele. Abraços Liz''

-Certo Mike, agora é você e eu oficialmente, vamos nos dar bem. -faço carinho nele.

Eu como alguma coisa, dou um banho no Mike e o alimento. E finalmente vou dormir. Eu acordo como todos os dias com o sol que atravessa as brechas da cortina e bate diretamente no meu rosto, minha rotina mudou um pouco, agora eu tenho um ''serzinho'' para cuidar. Depois de fazer tudo, pego meu casaco, distintivo e vou para a CIT. O trânsito está bem tranquilo, eu chego rápido no trabalho, assim que entro já me deparo com a Layla já no seu posto.

-Hey

-Hey, Mariah. A mãe do Maicon está na sala de interrogatório e o menino está na sua sala.

-Obrigada.

Ela acena para mim e volta para os seus afazeres. Eu decido falar com o Maicon primeiro. Abro a porta do escritório e lá está ele sentado na minha cadeira.

-Olá Maicon.

Ele fica mudo.

-Você pode ficar aí não tem problema. Você sabe o que está fazendo aqui? -eu pergunto me sentando na cadeira na frente dele.

Ele balança a cabeça negativamente.

-Eu preciso que você me responda umas perguntas, você pode fazer isso para mim?

Ele balança a cabeça positivamente

-Ótimo. Que dia é o seu aniversário?

-Dia 20 de Maio -ele diz empolgado

-Sério? Então, me conte sua mãe organizou tudo sozinha?

-Não meu tio ajudou, ele me deu um relógio, sabia?

-Sério que legal -eu forço entusiasmo -Obrigada Maicon, você me ajudou bastante.

-Você já vai? -ele pergunta

-Tenho que conversar um pouquinho com a sua mãe.

-Ok -ele abaixa a cabeça.

-Maicon, algum problema?

-Não.

-Sua mãe volta logo, você pode desenhar se quiser.

-Ok.

Me retiro da sala e vou para a sala de interrogatório.

-Bom dia, senhorita?

-Jennifer Marques.

-Irmã do Sergio Marques estou certa?

-Sim

-Você sabe das acusações dele, então eu não preciso repetir, preciso fazer algumas perguntas para você.

-Ok, sem problemas.

-Quando seu filho faz aniversário?

-Dia 20 de Maio.

-Alguém ajudou você a organizar a festa?

-Sim, meu Irmão.

-O que ele deu para o Maicon de presente?

-Um relógio.

-Você nunca notou algum comportamento estranho no seu irmão?

-De forma alguma, ele sempre foi atencioso comigo e com o Maicon.

-Se me permite a pergunta, o que aconteceu com o pai do Maicon.

-Ele morreu em um acidente de trabalho, ele era alpinista durante uma escalada o equipamento falhou.

-Ok Jennifer, vamos.

Ela me segue até a minha sala, para buscar o Maicon. O garoto amassa o papel que estava desenhando e joga no lixo.

-Até logo, Delegada -Jennifer fala

-Até.

Assim que eles vão embora pego o papel e fico espantada com o que vejo.

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