8 Capítulo (Corrigido)

✨Cecília narrando ✨

Já são 01h22min, e o Leonardo ainda está terminando o contrato. Eu já não estou aguentando de sono. Fico tão preocupada com minha mãe, que está sozinha em casa, e isso só piora meu cansaço. Não gosto de sair justamente por causa disso; prefiro ficar em casa, cuidando dela. Mas hoje precisei vir para assinar o contrato, e tudo o que quero agora é que isso termine logo.

Meus pensamentos são interrompidos quando ouço aquele homem falar:

Alerrandro: Vou fazer café. Vocês querem?

Leonardo: Você sabe fazer café?

Alerrandro: Não.

Primeira vez que ouço alguém admitir que não sabe fazer café. Mas pensando bem, ele é rico. Claro que sempre tem alguém para fazer as coisas por ele. Para quê aprender, não é mesmo?

Leonardo: Então é melhor nem tentar, já que você não sabe.

Alerrandro: Mas eu preciso fazer. Estou com muito sono.

Bom saber que não sou a única com sono. Pelo menos amanhã vou poder dormir até mais tarde. Não trabalho mais na cafeteria, mas é difícil para mim entender tudo o que aconteceu ontem... Bom, agora já são mais de 01h da manhã.

Leonardo: Acho que você esqueceu que a Cecília trabalhou em uma cafeteria. Provavelmente, ela sabe fazer café.

Ele não está errado. Eu sei fazer café, e não apenas por causa da cafeteria. Sempre gostei de tudo relacionado a café. Meu pai costumava me ensinar como preparar, como escolher o grão certo e o segredo para aquele aroma perfeito. O café que meu pai fazia era o melhor de todos.

Alerrandro: Cecília, você pode fazer café para a gente?

Cecília: Posso sim.

Aceito porque, sinceramente, também quero um café. Nada melhor do que uma bebida quentinha para nos manter atentos.

Alerrandro: Me siga.

Ele me leva até a cozinha, e, meu Deus, que lugar maravilhoso! Só essa cozinha é maior do que a casa onde moro. Fico pensando como seria incrível poder dar uma cozinha assim, bem equipada, para minha mãe. Esse é um dos meus sonhos: realizar os desejos dela antes que o tempo nos separe.

...Cozinha👇🏻...

Cecília: Eu vou precisar do café.

Alerrandro: Onde fica?

Ah não, ele não sabe onde fica o café na própria casa! Pelo menos sabe onde é a cozinha? Ele acha que eu trabalho aqui para saber onde ficam as coisas?

Cecília: Como vou saber?

Alerrandro: Você trabalha em uma cafeteria, deveria saber onde fica.

Cecília: Mas eu trabalhava no caixa, não ficava adivinhando onde está o café.

Ele já está me irritando, e olha que não sou de me irritar fácil, mas esse cara está me tirando do sério. Como alguém não sabe onde ficam as coisas dentro da própria casa?

Alerrandro: Pode me ajudar a procurar?

Cecília: Não precisa, já achei.

Olhei para cima do balcão do armário e vi vários potes, inclusive o de café. Essa cozinha é tão organizada que os potes estão em ordem alfabética!

Alerrandro: Já? Onde?

Cecília: Ali, em cima do balcão.

Vou até o balcão, pego o pote de café e coloco na ilha central. Respiro fundo e falo, tentando não transparecer minha irritação.

Cecília: Vou precisar de uma panela e de uma cafeteira. Se não tiver, pode ser peneira.

Alerrandro: As panelas acho que estão no armário da ilha, e a cafeteira deve estar em algum desses armários.

Cecília: Certo. Enquanto isso, vou esquentando a água. Você procura a cafeteira.

Ele me entrega uma panela, e eu a encho até uma medida que considero boa. Coloco a panela no cooktop e ligo. Nunca imaginei que mexeria em um cooktop na minha vida.

Alerrandro: Achei!

Cecília: Ótimo. Não tem cafeteira elétrica?

Alerrandro: Não, eu só peço café na cafeteria, então nunca precisei. Até me admiro de ter cafeteira aqui.

Isso realmente me surpreendeu. Pensei que ele teria tudo da última geração, mas não. Então ele deve amar o café da cafeteria. Bem, sinceramente, é o melhor da cidade, mas nunca será melhor que o café do meu pai.

Alerrandro: Vai demorar? Estou com sono, só o café me desperta.

Cecília: Não.

Espero a água esquentar, depois despejo na cafeteira junto com o pó de café e deixo o processo seguir. Em poucos minutos, o café está pronto.

Cecília: Está pronto.

Alerrandro: Vou pegar as xícaras.

Ele traz as xícaras, e eu sirvo o café. Ele leva uma para Leonardo e depois volta para pegar a dele. Pegando minha xícara, sigo até a mesa de jantar, onde os dois já estão sentados.

Leonardo: Meu Deus, está uma delícia! E, por sinal, acabei o contrato.

Alerrandro: Finalmente! Está muito bom mesmo.

De repente, o celular do Leonardo toca. O som alto me assusta, e paro de tomar meu café enquanto ele atende.

Leonardo: Preciso atender. Com licença.

Ele sai, e eu volto a tomar meu café. Estava realmente bom. Aprendi com o melhor: meu pai. Poucos minutos depois, Leonardo retorna, mas parece abatido e apressado.

Leonardo: Alerrandro, o contrato está pronto. Basta imprimir e assinar. Preciso ir embora agora.

Alerrandro: Está tudo bem? Precisa de ajuda?

Leonardo: Não, só preciso ir.

Leonardo sai apressado, deixando-me sozinha com Alerrandro. Fico apreensiva, lembrando do comportamento oscilante dele: ontem era grosseiro, hoje está mais amigável.

Alerrandro: Vou imprimir o contrato. Volto já.

Cecília: Tudo bem.

Enquanto espero, penso na minha mãe. Será que ela está bem? Envio outra mensagem avisando que estou indo para casa. Ela não responde, e isso me deixa ainda mais preocupada. Paro de pensar nisso quando vejo Alerrandro voltando com as folhas do contrato em mãos.

Leio o contrato atentamente. O valor me surpreende: 50 mil reais mensais, plano de saúde que inclui minha mãe, empregada, cozinheira, motorista, e até um apartamento mobiliado com academia, piscina e tudo mais. Parece surreal.

Alerrandro: Vai assinar?

Cecília: Sim, mas por que tudo isso?

Alerrandro: Quero garantir que você e sua mãe não precisem de nada enquanto durar esse casamento.

Reluto, mas assino. Ele pega os papéis e fala.

Alerrandro: Vou buscar as chaves do seu apartamento.

Já? Como explicarei isso para minha mãe? Ele volta rapidamente com as chaves e uma desculpa pronta.

Alerrandro: Diga que pediu demissão, receberam o que te deviam e encontrou esse apartamento hoje.

Ele parece ter lido meus pensamentos. Apenas concordo com a cabeça, embora saiba que minha mãe perceberá se algo estiver errado.

Cecília: Precisa de mais alguma coisa?

Alerrandro: Não. Vou te levar para casa.

Cecília: Não precisa, eu chamo um táxi.

Alerrandro: Já disse que vou levar. Vamos logo.

Pego minhas coisas e o sigo até a garagem, onde um carro esportivo nos espera. Entro, coloco o cinto e conecto o GPS para que ele veja o endereço.

Alerrandro: Você mora quase do outro lado da cidade.

Cecília: Se vai reclamar, pare agora mesmo que eu desço.

Alerrandro: Calma, você é muito estressada.

Fico em silêncio pelo resto do trajeto. Quando finalmente chegamos, desço do carro sem dizer nada, mas ele me segura pelo braço.

Alerrandro: Espere. Quero conhecer sua mãe. Amanhã você conhecerá minha família.

Cecília: Nunca mais puxe meu braço assim! Minha mãe não pode nem sonhar que estava com você.

Alerrandro: Tarde demais. Ela já viu.

Olho para trás e vejo minha mãe na porta, de roupão. Meu coração dispara. Caminho até ela tentando manter a calma.

Cecília: Mãe, o que está fazendo aqui fora?

Joana: Vi você com esse rapaz e vim conhecer.

Alerrandro: Desculpe a falta de educação. Sou Alerrandro, namorado da Cecília.

Ele enlouqueceu? Minha mãe olha para ele, surpresa, mas não parece desconfiar.

Joana: Namorado?

Alerrandro: Na verdade, eu queria preparar um jantar para pedir a mão dela.

Joana: Se ela está feliz, eu aprovo. Só quero a felicidade da minha filha.

Minha mãe aceitou tão rápido? Ela nunca gostou de nenhum homem perto de mim, mas parece ter acreditado nele.

Cecília: Mãe, entre. Está frio aqui fora.

Joana: Alerrandro, quer entrar?

Alerrandro: Não, obrigado. Amanhã trabalho cedo.

Joana: Então venha da próxima vez. Gostaria de conhecê-lo melhor.

Ela entra, deixando-nos sozinhos novamente. Viro para ele, irritada.

Cecília: Você está maluco? Isso não estava no combinado.

Alerrandro: Esqueci o anel. Coloque no dedo.

Ele me entrega o anel e sai rapidamente, deixando-me sozinha na porta. Entro e vejo minha mãe me esperando no sofá.

Joana: Quero saber tudo sobre ele.

Respiro fundo. Vai ser difícil mentir, mas não tenho escolha. Preciso proteger o segredo do contrato.

Cecília entra em casa e fecha a porta com cuidado, como se temesse acordar algo além do silêncio que dominava a sala. Sua mãe, Joana, a olhava com expectativa, sentada no sofá, com as mãos entrelaçadas no colo. Cecília sabia que não teria como escapar daquela conversa.

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