7 Capítulo (Corrigido)

✨Cecília narrando ✨

Quando saio daquele escritório, não consigo deixar de me perguntar se fiz a escolha certa. Foi uma decisão difícil pedir demissão da cafeteria onde trabalhei por três anos. Meu pai sempre dizia que, às vezes, precisamos enfrentar coisas ruins para nos tornarmos mais fortes lá na frente. Essas foram as últimas palavras dele, e eu as carrego comigo todos os dias. Agora, com 27 anos, me vejo à beira de ser expulsa da casa onde vivi com minha mãe por 22 anos. Estou devendo cinco meses de aluguel. Não é que o dinheiro não dê, mas a prioridade tem sido os remédios caros da minha mãe e as despesas com o hospital, que são indispensáveis para ela. O médico deixou claro que ela precisa de acompanhamento constante para evitar que algo simples, como esse resfriado, se transforme em algo mais grave.

O dono da casa me deu quatro dias para sair, e hoje é o último dia. O aluguel de uma nova casa está fora de questão, já que meu pagamento só sai daqui a 15 dias. Apesar disso, tento me agarrar à esperança de que algo bom aconteça em breve.

Com essas preocupações na mente, volto para a cafeteria. Cada passo parece pesar mais que o anterior. Não paro de pensar se fiz a escolha certa ao aceitar ajudar aquele homem. Talvez eu consiga fazer isso funcionar e, quem sabe, evitar que Leonardo perca o emprego também. Assim que entro na cafeteria, vejo que está lotada. Sem tempo para pensar, corro para me trocar, coloco o uniforme e volto ao trabalho.

A manhã passa num piscar de olhos. Assim que a tarde chega, Ema aparece. Ela sempre traz uma energia boa ao ambiente, e nossa amizade é algo que valorizo muito. Trabalhando juntas no caixa, acabamos criando uma conexão forte.

Ema: Boa tarde, Ceci. Já almoçou?

Cecília: Boa tarde, Ema. Já sim.

Minha mãe pediu para que Ema ficasse de olho em mim, especialmente para garantir que eu estivesse me alimentando bem. Mesmo doente e à distância, ela ainda se preocupa comigo.

Ema: E aí, pensou no que eu falei?

Cecília: Pensei. E aceito, mas vai ser por pouco tempo.

Ema foi testemunha do momento em que o dono da casa me avisou que eu tinha quatro dias para sair. Desde então, ela vem insistindo para que eu e minha mãe fiquemos no apartamento dela até que as coisas se resolvam. Relutei muito em aceitar, mas, diante das circunstâncias, não tenho outra escolha. A rotina de trabalho me impede de procurar outra casa, e o dinheiro no final do mês é essencial.

Ema: Que bom que aceitou! Amanhã passo na sua casa para ajudar com as coisas de vocês.

Cecília: Tá bom. Obrigada, de verdade.

O resto do dia passa entre servir clientes e limpar mesas. Finalmente, o relógio marca 23h, e Leonardo chega. Ele caminha até o balcão com aquele ar confiante de sempre.

Leonardo: Boa noite, meninas.

Ema: Boa noite, senhor.

Cecília: Boa noite.

Sempre notei como Leonardo olha para Ema. Eles formariam um casal interessante, mas ela insiste em se afastar de qualquer possibilidade de romance. Ela acredita que, por ele ser um detetive importante e amigo de um empresário influente, jamais teria chance.

Leonardo: Vamos, Cecília. Não se preocupe, já falei com o seu chefe.

Cecília: Certo, vou só trocar de roupa.

Vou até o pequeno quarto onde guardamos nossas coisas, troco o uniforme por algo mais confortável e pego minha mochila. Antes de sair, passo pelo caixa para devolver a chave.

Leonardo: Até mais, Ema.

Ema apenas acena com a cabeça, tentando disfarçar o nervosismo. Saímos e vamos até o carro de Leonardo. É o tipo de carro que sempre sonhei em ter, mas que parece tão distante da minha realidade. Ainda assim, mantenho a fé de que, com esforço e dedicação, um dia poderei realizar esse sonho.

Enquanto ele dirige, fico observando a cidade pelas janelas do carro. As luzes, as ruas movimentadas... Tudo parece tão indiferente ao caos que é a minha vida. Tento me manter otimista, mas a cada quilômetro rodado, sinto o peso da incerteza sobre o que virá a seguir.

...Carro👇🏻...

Leonardo: Amanhã você não precisa ir trabalhar. Já resolvi tudo com seu chefe.

Cecília: Ok.

Vai ser bem difícil, porque já estou acostumada a acordar cedo para trabalhar. Agora, sem trabalho, parece que vou ter um vazio. Um dia, quero abrir minha própria cafeteria. Meu pai amava café e sempre dizia que abriria uma, mas não deu tempo. Ele faleceu cinco meses depois. Foi muito difícil, mas faço questão de realizar esse sonho quando as coisas melhorarem.

Eu estava tão imersa nos meus pensamentos que nem percebi que Leonardo já tinha parado o carro. Voltei à realidade quando ele disse:

Leonardo: Chegamos.

Saí do carro e vi que estávamos em uma garagem. Seguimos até a porta principal, que ele abriu para entrarmos. Assim que entramos, vi aquele homem sentado no sofá.

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✨Alerrandro narrando✨

Já eram 23h48 quando vi a porta se abrir e Leonardo entrar com Cecília. Estava esperando por eles para resolver tudo logo.

Alerrandro: Vamos fazer esse contrato?

Cecília: Quanto mais rápido, melhor.

Alerrandro: Vamos para a mesa.

Saí na frente, e eles vieram atrás.

Alerrandro: Vocês querem jantar antes de começar?

Leonardo: Eu aceito.

Cecília: Pode ser.

Fui até a cozinha e trouxe a lasanha que Joséfa fez. Sinceramente, é a melhor lasanha que já comi. Depois de comermos, limpei a mesa, já que Joséfa foi embora e só estou eu em casa, além dos seguranças lá fora.

Alerrandro: Leonardo, entregue o contrato de confidencialidade para ela.

Leonardo fez o que pedi. Cecília leu o documento com calma, mas eu já estava impaciente. Parecia que ela estava fazendo de propósito, demorando para assinar. Quando eu ia reclamar, vi que ela assinou. O contrato era simples: dizia que ela não poderia contar para ninguém sobre ele. Caso descumprisse, teria que me pagar meio milhão.

Alerrandro: Agora, Leonardo, anote as cláusulas do contrato principal.

Leonardo pegou o tablet.

Alerrandro: Primeira cláusula: nunca devemos nos apaixonar um pelo outro. Segunda: você terá que morar comigo depois que nos casarmos.

Cecília: Primeiro, quem disse que eu me apaixonaria por você? Segundo, quem disse que eu quero morar com você?

Alerrandro: Ah, sei... Você já está apaixonada. Além disso, já viu casal recém-casado morando em casas separadas?

Eu percebi que Cecília ainda não tinha entendido completamente que iríamos nos casar.

Alerrandro: Terceira cláusula: você nunca deve ter outro tipo de relacionamento estando casada comigo.

Cecília: Quarta: você nunca deve encostar um dedo em mim. Quinta: você nunca deve me dizer o que fazer.

Alerrandro: Sexta: na frente das pessoas, nada de me chamar pelo meu nome. Apenas apelidos carinhosos.

Já percebi que passaríamos a noite toda criando esse contrato. Era cansativo, mas necessário.

Cecília: Sétima: mesmo casada, não quero dividir o quarto com você. Oitava: você terá que pedir minha mão em casamento para minha mãe.

Embora eu achasse antiquado, concordei, já que estava no contrato.

Alerrandro: Nona: você terá que trabalhar na minha empresa.

Cecília: Décima: você nunca poderá invadir minha privacidade. Décima primeira: você nunca poderá chegar perto de mim sem permissão.

Ela parecia ter medo de mim. Não sei o motivo, mas também prefiro que ela fique longe.

Alerrandro: Décima segunda: você nunca pode tentar fugir do casamento ou de mim.

Cecília: Décima terceira: você nunca deve interferir na minha vida.

Alerrandro: Décima quarta: você nunca pode mudar nada na minha casa ou empresa sem minha autorização.

Era necessário incluir cada detalhe para evitar problemas futuros.

Alerrandro: Décima quinta: na frente das pessoas, seremos um casal apaixonado.

Cecília: Décima sexta: eu serei livre para sair para onde quiser, com quem quiser e na hora que quiser.

Alerrandro: Concordo, desde que não seja com outro homem. Só poderei permitir isso se eu estiver junto.

Cecília: Então, você também não poderá sair com mulheres, a não ser que eu esteja presente.

Leonardo: Coloco isso no contrato?

Alerrandro: Pode colocar.

Quando olhei o relógio, já eram 00h57. Eu estava exausto, mas precisava terminar logo.

Cecília: Décima sétima: eu não quero que você me dê nada. Eu mesma posso comprar minhas coisas.

Alerrandro: Décima oitava: vamos nos beijar em público, como um casal normal.

Cecília pareceu sem palavras dessa vez. Acho que começou a entender a realidade.

Alerrandro: Décima nona: iremos para a lua de mel como um casal feliz.

Alerrandro: Vigésima: nada de amigos seus na minha casa sem minha autorização.

Leonardo: Mais alguma coisa?

Eu estava tão cansado que não conseguia pensar em mais nada.

Cecília: Acho que não.

Alerrandro: Também não.

Leonardo começou a organizar o contrato enquanto eu fui até a cozinha pegar um copo de água. Quando voltei, Cecília mexia no celular, provavelmente falando com alguém.

Alerrandro: Amanhã meu motorista te levará a uma estilista para te arrumar para o jantar.

Cecília: Não preciso de ninguém para me arrumar. Sei fazer isso sozinha.

Alerrandro: Não estou perguntando se você precisa. Estou dizendo que vai.

Ela me olhou furiosa, mas não respondeu. Sabia que tinha que aceitar.

Alerrandro: Amanhã você também se mudará para um apartamento próximo daqui. Será no seu nome.

Cecília: Eu não quero nada vindo de você.

Alerrandro: Aceitando ou não, já está decidido.

Leonardo: Tudo anotado.

Estava tudo pronto. E, com isso, sabíamos que a partir de agora nossas vidas mudariam completamente.

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