20 Capítulo (Corrigido)

✨Alerrandro narrando ✨

Quando entro na minha sala com a Cecília, vejo meu pai sentado em uma das cadeiras à frente da mesa. Que surpresa! Não é comum ele vir até a empresa. Logo, falo com surpresa:

Alerrandro: Pai? O senhor aqui?

Ricardo: Sim, como está a minha nora querida?

Fiquei chocado. Como assim, "nora querida"? Meu pai não fala assim, normalmente. Ele sempre foi um homem duro e reservado. Agora, está falando com tanta calma e gentileza com a Cecília. Ela, por sua vez, responde educada.

Cecília: Estou bem! E o senhor?

Ricardo: Estou ótimo.

Alerrandro: Mas o que aconteceu para o senhor vir aqui?

Alguma coisa deve ter acontecido para ele aparecer de surpresa na minha sala, sem que a Verônica me avisasse. Ele está aqui e eu nem sabia. Fico preocupado, pensando no que pode estar acontecendo. Preciso resolver uma série de coisas, como encontrar uma secretária para a Cecília, agendar exames médicos para ela... E o Leonardo, será que está tudo bem com ele? Ele sempre aparece na minha sala. Estranho.

Cecília: Eu vou deixar vocês trabalharem.

Alerrandro: Eu te acompanho até o elevador.

Cecília: Tchau, senhor Ricardo.

Ele dá um tchauzinho com a mão. Seguro a cintura de Cecília e a acompanho até o elevador. Ela parece um pouco desconfortável, mas tento passar a imagem de que estou cuidando dela, afinal, meu pai está ali, e eu preciso mostrar a ele como trato minha noiva. No elevador, fico de frente para ela e falo:

Alerrandro: Vá até a minha casa às 19h, estarei te esperando.

Cecília: Tá.

Alerrandro: Sem atrasos.

Ela levanta uma sobrancelha e sai sem dizer mais nada. Volto para a minha sala e me sento na cadeira. Meu pai continua concentrado no celular. Vou direto ao computador para ver minha agenda. Hoje, tenho várias reuniões. Com o pessoal do marketing, com os acionistas e com o diretor financeiro, que é meu irmão.

Meu pai colocou meu irmão como diretor financeiro porque ele é muito bom com números e sempre encontra formas de aumentar a lucratividade. Eu, por outro lado, não confio tanto nele, mas como meu pai confia, acabo deixando as coisas rolarem. A questão financeira não é muito a minha praia, então fico com as responsabilidades mais relacionadas à empresa e aos projetos. Tenho três reuniões e alguns papéis para assinar. Como meu pai vai fazer a reunião comigo e o Guilherme, já vou logo em seguida fazer a minha. Depois, faço a reunião com os acionistas pela tarde. Como as modelos para o desfile já estão definidas, não preciso me preocupar com isso agora. Preciso também decidir quem será a modelo para o novo catálogo, mas isso posso deixar para depois. Tenho que pensar também na festa de 50 anos da empresa. Falta menos de dois meses, mas como já temos o local e as empresas parceiras, não preciso me preocupar muito com isso. Quero que esse evento seja diferente de tudo que já fizemos.

Ricardo: Alerrandro, sua prima vai começar a trabalhar aqui na empresa.

Eu entendi direito? Minha prima vai trabalhar aqui? Mas ela nunca demonstrou interesse em trabalhar. Seu pai tem uma empresa também, por que ela não vai trabalhar lá? Só pode ser alguma brincadeira. Ela sempre teve tudo de bom, então o que a fez querer trabalhar aqui? Isso não entra na minha cabeça. E agora que a Cecília vai trabalhar aqui, acho que ela está querendo alguma coisa, uma oportunidade para me conquistar. Mas isso está fora de questão. Eu vejo minha prima como prima, e só.

Alerrandro: A Tatiana? Kkkkkk.

Tatiana: Por que está rindo, Alerrandro?

(Ela aparece do nada, interrompendo nossa conversa. Eu a odeio fazendo isso. Ninguém gosta de quem se intromete onde não foi chamado. Eu só falei o nome dela, e ela ouviu tudo.)

Alerrandro: Só achei engraçado você querer trabalhar aqui na empresa, sendo que seu pai tem uma empresa também.

Tatiana: Ele tem uma, mas é de cosméticos, e isso não me interessa. Eu quero trabalhar aqui como secretária executiva.

Alerrandro: Kkkkk, vocês estão brincando comigo, né?

Não vou dar esse cargo para ela, de jeito nenhum. Eu já sei o que ela quer. Ela quer sempre estar nas minhas reuniões, de alguma forma se aproximando de mim, mas eu não vou deixar isso acontecer. Eu já tenho o Leonardo como meu assistente, e ele faz um excelente trabalho. Eu confio muito nele. Não vou tirar o Leonardo de cargo para colocar a Tatiana.

Alerrandro: O Leonardo é o secretário executivo daqui, e não vou tirar ele para colocar você, Tatiana.

Ricardo: Está extremamente certo, Alerrandro. O Leonardo é muito bom no que faz. Nunca tive reclamações dele.

Finalmente, meu pai concorda comigo em algo. Eu não quero minha prima aqui. Isso só vai trazer problemas. Ela fez faculdade de moda, e como pode trabalhar como secretária executiva sem experiência? Não faz sentido. E eu não vou arriscar a empresa só para agradá-la.

Alerrandro: Tenho uma ótima proposta para você, Tatiana. Estamos precisando de uma copeira.

Meu pai coloca a mão na boca para não dar risada, e eu fico segurando para não rir também. Se a Tatiana soubesse o que é uma copeira de verdade, ela pensaria duas vezes antes de fazer essa proposta. Já bebi o café dela uma vez... E nunca mais! Quero o café dela bem longe de mim.

Tatiana: Você só pode estar brincando!

Alerrandro: Claro que não. Se você não quiser, não temos mais cargos disponíveis para você aqui, Tatiana.

Tatiana: Então eu vou ser a produtora de moda!

Ela está completamente fora de si. Nunca vou deixar ela ser a responsável por um desfile, um verdadeiro desastre. Ela pode até ter organizado festas de aniversário, mas desfile é outra história. Já temos uma produtora de moda excelente, e eu não vou arriscar deixar ela entrar nessa área.

Alerrandro: Nem pensar, Tatiana. Já disse que não tem cargo para você aqui na empresa. Se quiser ser copeira, tem vaga.

Tatiana: Nem pensar que vou ser copeira!

Ricardo: Você vai ficar responsável pela organização das festas de 50 anos da empresa e a festa de final de ano.

Ela sorri, mas eu só fico com uma cara fechada. Eu realmente não queria que ela estivesse aqui. Não tenho paciência para ela. Já tenho um dia bem corrido, e com ela aqui vai ser impossível me concentrar. Pelo menos ela vai ter algo para fazer fora da minha sala. Ela conhece as melhores empresas para festas, então, pelo menos nesse aspecto, ela é boa.

Tatiana: Eu queria ter uma sala aqui no andar de cima.

Ricardo: Não será possível, todas as salas já estão ocupadas.

Tatiana: Tem uma sala vazia aqui em cima, tio.

Eu respiro fundo. Não vou deixar isso acontecer. Nem pensar. Eu teria que me mudar para o andar de baixo só para não ter que ver minha prima o tempo todo.

Ricardo: Como a noiva do Alerrandro vai trabalhar aqui, nada mais justo do que a sala ser dela.

Tatiana: Mas tio, eu sou sua sobrinha, e você prefere colocar aquela...

(Eu interrompo antes dela terminar.)

Alerrandro: Não tente falar nada para insultar minha noiva, se não eu mesmo faço você não entrar mais aqui nessa empresa.

Falei bem. Assim meu pai percebe o quanto defendo a Cecília, mesmo que seja uma noiva de mentira. A Tatiana não gosta da Cecília, isso é óbvio, e eu sei que ela queria estar no lugar dela.

Ricardo: Tatiana, sua sala é no penúltimo andar, assunto encerrado.

Tatiana: Mas tio...

(E meu pai interrompe, mais uma vez.)

Ricardo: Mas nada, Alerrandro, vamos logo, seu irmão já deve estar esperando.

Agora sim, eu só queria cair na risada. Pelo menos a Tatiana não vai estar perto da minha sala. Ela vai ter que passar pela Verônica, e vou fazer questão de instruir a Verônica a não deixá-la entrar. Pelo menos assim vou ter paz no meu dia. E, pensando bem, ela vai ter muitas coisas para organizar nas festas. Pelo menos isso vai mantê-la ocupada.

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