O arranha-céu era um prédio de 102 andares, enorme, que a humanidade não pertencente a elite vivia, este prédio havia sido selado nos dez primeiros andares para evitar a entrada de zumbis, assim como os prédios adjacentes que continham pontes para interligar-se com o prédio principal, e todos os sobreviventes que eram encontrados ficavam em um desses prédios em quarentena. O que não foi o caso de Luna, pois ela estava sob os cuidados de um dos melhores guerreiros do arranha-céu, por isso ia ficar com ele em seu dormitório.
Capitão Levi foi ao encontro dela na enfermaria:
— Está tudo bem com a senhorita Luna? — pergunta Levi friamente, a Ale, que se encontrava na porta da enfermaria.
— Sim senhor já fizeram, os curativos e ela não apresenta mut...— diz Ale.
— Calado, não falemos sobre isto aqui. — Capitão Levi o interrompe, antes que pudesse acabar a frase.
— Me desculpe, senhor.
— Obrigado Ale, você está dispensado, a partir de agora, ela ficará sob meus cuidados.
— Obrigado senhor.
Levi entra na enfermaria, e encontra Luna, sentada na maca:
— Vamos senhorita, te levarei ao refeitório para comer algo.
— Não estou com fome, e não irei comer enquanto nenhum de vocês responder as minhas perguntas, seu soldado, não me deixou falar nada com os enfermeiros.
— Dei ordens, para que nada fosse falado fora do meu esquadrão, então ele só estava obedecendo minhas ordens, agora vamos, eu te levarei para comer…
— Já disse não vou comer enquanto nenhum de vocês responder as minhas perguntas. — diz Luna decidida.
— Está bem, então vamos a meu dormitório, lhe arrumarei algo descente para vestir, e responderei o que eu puder das suas perguntas.
Ela se levanta da maca onde estava sentada, e segue Levi até seu dormitório:
— Entre. — diz Levi friamente abrindo a porta.
Luna entra meio receosa, e se espanta, pois quando falaram em dormitório havia imaginado um quarto com uma ou duas camas, mas o que via era um apartamento modesto, com uma sala branca que continha três poltronas pretas, uma mesa de centro quadrada feita de madeira no meio das poltronas, uma cortina branca e preta, duas portas de correr, uma provavelmente era um quarto e a outra um banheiro, e uma cozinha que continha moveis industriais, era elaborada no estilo americano, interligada com a sala principal:
— Sente-se e fique à vontade, pegarei algo em meu quarto para que você possa se vestir, e já que não quis ir até o refeitório comer, prepararei algo para nós dois, e você pode fazer suas perguntas, depois que tomar um banho e colocar algo descente, pois sou um homem, e não é adequado você ficar desta forma, aqui — diz Levi friamente e sem emoção
Ele entra em seu quarto e pega um uniforme que pertenceu à moça misteriosa da foto, retira e guarda no fundo, de uma gaveta, o velcro que continha o nome e sobrenome dela, o uniforme serviria em Luna, pois as duas tinham o mesmo tipo físico, pega um coturno extra que tinha, e volta até a sala e os entrega a Luna:
— Aqui vista isto, terá de servir por enquanto, o coturno é para você usar no treinamento de amanhã, tive o cuidado de pôr um par de meias.
— Obrigado Capitão.
— Não precisa me chamar de Capitão quando estivermos sozinhos, me chame apenas de Levi.
— Sim, senhor.
— Você ainda não é um soldado, não haja como tal.
Luna abaixa a cabeça e se cala, entra na porta que ele havia indicado, toma um banho para se limpar, evitando molhar os curativos, e põe o uniforme que ele havia, lhe dado:
— Como estou?
Levi estava na cozinha fazendo algo para ambos comerem, ele a olha, mas rapidamente desvia o olhar, corando, mas tenta ficar neutro e responde friamente:
— Parecendo um soldado, exceto pelo cabelo solto.
— Agora você irá responder minhas perguntas?
— Certo, pode começar. — diz Levi, sem parar o que estava fazendo.
— Em que ano estamos? Pois não achei nada que indicasse.
— Você não sabe?
— Não sei, não lembro de muita coisa.
— Que ano você pensa que estamos?
— Em 2027.
— Você realmente não é desta era, estamos 29 anos avante, do ano que você pensa estar.
— Isso seria?
— Estamos no ano de 2056.
— Então viajei no tempo?
— Pelo jeito sim.
— Você não se surpreende?
— Porque eu me surpreenderia?
— Por quê? Horas, porque viajei para cá.
— E o que têm isso de surpreendente?
— Se a teoria do meu amigo sobre o buraco de minhoca estiver certa…
— Espera, não farei o que você está pensando.
— Por quê?
— Porque cada coisa e pessoa têm seu tempo, e não se pode interferir no que já aconteceu, você é uma anomalia no tempo.
— Você está falando como meu amigo, por um acaso conhece sobre viagem no tempo?
— Sim, conheci alguém que se interessava por esse assunto, pois havia vivenciado, e esta pessoa me explicou sobre o buraco de minhoca, e portais para mundos paralelos, mas uma regra que não se deve ser quebrada, dizia isto sempre para mim, nunca se pode alterar o passado, pois pode acabar piorando o presente, pois mesmo que eu viaje para o passado, em algum momento terei de voltar a meu lugar, pois as linhas do tempo não podem ser alteradas por muito tempo, e anomalias temporais, tem tempo certo para acabar, principalmente se já existir na linha de tempo para qual for, pois se por um acaso esbarrar comigo do passado poderei acabar causando um caos ainda pior, pois acontecerá um paradigma, no tempo espaço, pelo menos é o que ela dizia, mas também dizia que algumas coisas eram somente teorias, pois dizia existirem várias probabilidades, a primeira que a pessoa do tempo ao qual viajei se mesclaria ao viajante, a segunda é que um deixaria de existir, naquele tempo sendo substituído pelo viajante…
— Ok, ok, não falemos mais sobre isto, pois mesmo escutando de meu amigo, nunca consegui entender como funciona os paradigmas, e não é agora que conseguirei entender, só quero saber como o mundo acabou neste caos?
— Você diz sobre metade da humanidade ter virado zumbi?
— Sim.
— Ninguém sabe ao certo, a única coisa que se sabe, é que aconteceu em algum lugar da Amazônia, com um caçador de buracos de minhoca, ele foi o primeiro a se transformar, em zumbi, no meio de uma expedição e mordeu alguns de seus companheiros, fora os que ele matou, e esses zumbis que se formaram dele, morderam alguns animais, que voltaram a morder humanos, quando foi descoberto, sobre este vírus que passava por via de uma mordida, e que a pessoa perdia completamente o raciocínio, não tendo mais clareza do que fazia já era tarde. Foi encontrado um relatório de um dos pesquisadores que estavam na expedição, por isso sabemos, mas isto é conhecimento militar, e é secreto, lhe passei o que podia, agora o que ocorreu exatamente para ele se transformar, ninguém sabe.
— Qual era o nome deste pesquisador?
— Não existia nome no relatório, a única coisa que sabemos, é sobre o que, foi encontrado nas coisas da expedição, um diário escrito em um código, e uma seringa, com vestígios de algo que parece ser uma vacina, mas que não conseguimos identificar, pois a ampola se quebrou sendo contaminada com sangue zumbi, a única pessoa que entendeu o diário para começar a decodificá-lo foi morta, e este diário foi arquivado no arquivo morto do arranha-céu, mas poucas pessoas têm acesso aquele setor.
— A pessoa que podia decodificar, morreu do quê?
— Bom, vamos comer. — diz Levi friamente, tentando evitar responder, serviu dois pratos, e os levou na mesa da sala, tentando cortar a conversa.
— Você disse que responderia minhas perguntas; do que esta pessoa morreu?
— Disse que responderia o que pudesse responder, mas têm respostas que não posso lhe dar ao certo por não saber, e mesmo se soubesse, não poderia lhe dar, pois poderiam causar um dos paradigmas que falei, e talvez alterar o passado, e existem coisas que não desejo alterar, pois não me arrependo de tê-la conhecido.
— Como assim, você se refere a mim ou a essa pessoa?
— As duas, agora coma — diz Levi friamente, sem emoção.
— Você a conhecia? Me diga o nome dela, ou pelo menos o nome do pesquisador.
— Não sei dizer mais nada, além do que falei, e mesmo que saiba, já disse tudo que eu podia lhe dizer, e vou lhe prevenir que não diga nada, sobre a mordida de zumbi, sobre você ser imune, sobre ser uma viajante do tempo, ou acabará num laboratório sendo dissecada, ou drenada.
— Porque você acha isto?
— Já falei tudo que precisa saber, agora fique quieta, pois gosto de comer em silêncio, você precisa estar forte para que Judy, possa vir colher algumas amostras de sangue para estudar, e ver se descobre um antidoto, para esses vírus zumbi.
— Posso ajudar também, sou geneticista.
— Não, você não irá se meter com isso, pois se colocará em risco, Judy, tem seu laboratório, escondido, e ninguém repara nela, agora você é nova aqui, e está sob minha proteção, todos os olhos estão voltados para você, e se souberem que é geneticista será morta, pois só aceitam aqui os geneticistas pertencentes a elite. Não se preocupe, Judy fará todo o possível para descobrir o porquê de ser imune, e tentará aproveitar essa informação para criar algo, que ajude a humanidade, e por favor coma em silêncio.
Luna fica chateada, de não poder ajudar com sua profissão, então come em silêncio como o capitão lhe havia ordenado, ao terminar se levanta e se dirige a pia para lavar sua louça, Levi se levanta pouco tempo depois, e coloca a louça na pia, aproveitando para abraçar Luna por trás:
— O que você está fazendo? — diz ela surpreendida, tentando se virar para ele.
— Fique quieta, e não se mova, me deixe ficar um pouco assim, não lhe farei nada de mal, me deixe sentir seu perfume um pouco, em silêncio. — diz Levi em seu ouvido calidamente, segurando-a para evitar que se virasse para ele, e visse o rosto dele.
Luna fica imóvel e tensa com aquela situação, sentindo o corpo forte daquele homem abraçado ao seu, e sentindo a respiração dele em seus cabelos, pouco tempo depois Levi volta a frieza de sempre e diz:
— Não se preocupe em lavar a louça, ou fazer qualquer trabalho doméstico, tenho soldados que fazem isso por mim, você irá treinar comigo a partir de amanhã, pois o General Lamier não aceitará, ninguém que não seja útil de alguma forma aqui.
— Capitão Levi o que foi isso de agora pouco?
— Não foi nada. — diz Levi evitando olhar Luna nos olhos — e já lhe disse para me chamar apenas pelo meu nome. — responde Levi sem demonstrar emoção — se prepare, pois daqui a pouco Judy virá aqui coletar algumas amostras de sangue.
— Levi, o que ocorreu agora não, foi qualquer coisa, você me abraçou de forma tão cálida, como se me conhecesse, como se estivesse com saudades.
— Já disse que não foi nada. Agora é problema seu acreditar ou não. — diz Levi rispidamente, e um pouco nervoso.
— Levi, vou ficar aonde? Pois ouvi que terei de ficar em um... — diz Luna, vendo que não adiantaria perguntar, sobre o ocorrido, mas também havia sentido algo, como se esperasse por aquele abraço há muito tempo.
— Você ficará comigo, não irá a lugar nenhum sem mim, pois eu não a perderei desta vez. — diz Levi interrompendo Luna.
— Como assim, não me perderá desta vez?
Neste momento, alguém bate na porta, interrompendo a conversa. Levi atende a porta calmamente:
— Entre Judy.
— Então capitão, a nossa amiga ainda não apresentou nenhuma alteração? — diz Judy empolgada.
— Não, e pelo jeito, não irá se transformar. — diz Levi friamente.
— Ótimo, estou super empolgada, estamos a um passo de achar algo, para imunizar a humanidade.
— Capitão não pense que escapará de me responder — diz Luna, curiosa, e nervosa ao mesmo, tempo, indo atrás de Levi, pois estava evitando, responder sua última pergunta.
— Judy, fique com ela, enquanto verificarei a listagem de mantimentos. — diz Levi ignorando Luna friamente.
— Não se preocupe capitão você a está deixando em boas mãos. — diz Judy, e depois se dirige a Luna. Venha, comecemos a colher algumas amostras.
Levi sai, para resolver seus assuntos, mas, na verdade, estava tentando evitar Luna, não podia se envolver emocionalmente, pois sabia que uma hora teria de voltar a seu tempo, e que se envolvesse seria difícil para ambos na hora da despedida, preferia que fosse difícil somente para ele, estava mantendo distância para o próprio bem dela.
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Atualizado até capítulo 25
Comments
Joao Victor
ansioso pro que virá
2022-12-17
0
Eugênia Ferreira
nossa ele abraçou ela do nada
2022-11-05
0