capítulo 19

Me perdoem pela demora.

Ele disse algumas coisas que eu não entendi muito bem. Ele estava delirando por causa da febre e adormeceu novamente em meus braços. Eu queria ir embora porque estava muito magoada com ele, mas também senti muita saudade nesse meio tempo.

"Sorte a sua que está doente, viu Peter? Se não fosse por isso, não ficaria aqui", disse Cláudia.

"Ah, Cláudia, senta lá", retrucou a autora. Estava distraída olhando para Peter dormindo. Ele havia cuidado de mim quando estava no hospital, então não deveria deixá-lo sozinho aqui. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para minha mãe dizendo que passaria a noite ali. Coloquei o celular na mesa ao lado da cabeceira e me ajeitei melhor para poder passar a noite com ele. Acabei adormecendo.

Acordei com meu celular vibrando. Era uma notificação sem importância. Olhei no visor e eram 02:00 em ponto. Quando me dei conta, Peter estava de pé olhando pela janela.

"Peter? O que tá fazendo aí?" perguntei, indo até ele.

"O que você tá fazendo aqui, Emy?" Ele me encarou.

"Ora, sua mãe me pediu pra cuidar de você. Você me disse pra ficar, não se lembra?"

"E por quê você aceitou? Eu não mereço nem que me dê um copo de água, Amy..." abaixou a cabeça.

"Não me diga o óbvio, Kavinsky, mas isso não tem nada a ver. Vem." O puxei pelas mãos e o levei até a cama. "Deixa eu ver se ainda está com febre", disse, colocando a mão em sua testa. "Ainda tá um pouco quente, mas acho que não vai aumentar muito mais. Deita e descansa. Vou ficar até de manhã."

"Você não tá com raiva de mim?"

"Raiva não é bem a palavra."

"E qual é?"

"Chateada, indignada, magoada qualquer uma dessas serve."

"Eu não queria te magoar, Emy."

"Estranho, é exatamente o que você está fazendo."

"Eu só queria deixar você livre."

"Não entendi. Seja mais específico."

"Bom, eu não sou a pessoa mais importante pra você. Esse lugar não é meu, e eu preciso sair de onde não pertenço."

"Que? Do que tá falando, Kavinsky?"

"Emy, eu só estou dizendo que quando essa pessoa chegar eu não terei mais lugar, é isso."

"Mas não estou entendendo."

"Enfim, eu não vou te atrapalhar. Eu nem estava sendo um bom amigo mesmo. Você vai ficar bem sem mim, né?" sorriu fraco.

"Escuta aqui. Você não é ninguém pra decidir as coisas por mim. Se eu quisesse te tirar da minha vida, eu mesma teria feito isso", disse, levantando-me e indo embora assim que terminei de falar. Estava em lágrimas novamente. Quando entrei em casa, subi para o meu quarto, peguei nossa foto na gaveta e a rasguei. Tirei uma foto dela em pedaços e mandei pra ele.

"Aqui morre a nossa amizade, ou o que sobrou dela. Eu te amo muito, Kavinsky, mas não gosto mais de você. Não quero nunca mais ver ele na minha frente, coisa que vai ser impossível de acontecer, já que ele é meu vizinho e estuda comigo. Não vai cair mais nem uma lágrima por você, Kavinsky."

Passei a noite toda jogando no computador, o único jeito de me distrair. Eu é que não ia ler um romance ou ver um filme assim na TV.

O celular despertou as 07:00, e eu estava na última fase do meu jogo. Resolvi parar por ali e ir tomar um banho de dez minutos. Assim que acabei, vesti um vestido preto e coloquei meu All Star branco/sujo. Não estava afim de sair, mas já havia marcado com Matt no dia anterior. Seria rude da minha parte não ir. Como não havíamos marcado o horário, resolvi ir e esperar ele por lá. Levei um livro para me distrair enquanto ele não chegava.

Saí de casa e dei de cara com Peter ligando seu carro. Ele mal me olhou e saiu.

"Idiota", murmurei. Segui meu caminho e, assim que cheguei, me sentei debaixo da árvore que Matt me mostrou e comecei a ler. Algum tempo depois, ele chegou com seu skate.

"Cheguei, desculpa a demora", disse, sentando-se ao meu lado.

"Tudo bem, e aí, como você está?"

"Bem, e você? Parece um pouco chateada."

"Não, tá tudo bem. É só minha cara cansada mesmo. Acostume-se."

"Lendo 'Cidades de Papel' de novo?"

"Eu já disse que é meu livro favorito? Não? Pois então, é ele", disse, dando um beijo na capa do livro.

"Você é tão fofa", disse, bagunçando meu cabelo.

"Aí que coisa, você me deixa com vergonha dizendo coisas assim."

"São só fatos, Emy", sorriu. "Olha, eu não sei se você sabe, mas o baile de inverno está chegando. Queria saber se você aceita ir comigo?"

"Eu não curto muito essas coisas, Matt."

"Eu sei, não faz mesmo seu estilo, mas você poderia pensar um pouquinho?" fez cara de cachorro sem dono.

"Tá, tá, mas isso não é um sim."

"Melhor que um não de cara."

Ficamos jogando conversa fora por um tempo. Por incrível que pareça, quando eu estou com Matt, não consigo pensar em Kavinsky. Não que esteja usando ele para esquecer isso, é só que, pela primeira vez, me sinto bem com alguém além daquele garoto.

Duas horas depois e eu não parei de rir com o Matt desde que ele chegou. Odeio admitir, mas não tem como não gostar de estar com ele. Parece que é o que estava faltando: um amigo novo, uma vida nova talvez.

Voltei para casa depois de me despedir de Matt. Peter estava, de novo, dando uma festa, e, quando chego na minha varanda, me deparo com Cameron e Nash vindo em minha direção.

"Aí, finalmente a gente te achou", disse Nash, me dando um abraço. "Tava com saudade, Emy."

"Tá doente, é?" o encarei.

"Claro que não. Tá é bêbado mesmo", disse Cameron.

"O que vocês querem? A festa é do outro lado."

"A gente tá cansado dos amigos idiotas do Peter", disse Cameron, botando as mãos no bolso.

"Ele também é um. O que vocês esperavam?" disse, abrindo a porta e entrando. "Entrem."

"O que tá rolando entre vocês? Vocês eram como pão e queijo", disse Nash, se jogando no sofá.

"Eu não faço a mínima ideia. Ele quis se afastar sem nenhuma explicação, então que vá", disse, pegando umas xícaras no armário e preparando a cafeteira para fazer um café.

"Ele disse que gosta", estranhou Nash.

"Aí meu Deus, Nash, você caiu no chão", disse Cameron ajudando-o a se levantar.

"Mas foi você que me empurrou", respondeu Nash.

"Ele está muito bêbado, Emy. Anda logo com esse café", advertiu Cameron.

"Já estou saindo", respondeu Emy rindo. "Aqui está", completou, entregando suas xícaras.

"Obrigado", disseram juntos.

"Onde você foi? A gente veio te procurar mais cedo", perguntou Cameron dando café na boca de Nash.

"Fui dar uma volta com o Matt"

"Emy, a gente já falou que esse cara é encrenca", alertou Cameron.

"Cameron, eu sei me cuidar, e ele é uma boa pessoa", defendeu-se Emy.

"Você sabe que as pessoas mentem, não é? Você é tão ingênua assim?", questionou Cameron.

"Olha, eu não vi nada de mais que me fizesse querer me afastar dele. Se algo acontecer, eu vou agir, mas por enquanto, parem de falar disso para mim. Vocês estão me deixando preocupada desse jeito", respondeu Emy.

"Tudo bem, mas depois não diga que não te avisamos", alertou Cameron.

"Se der merda, eu recolho seus caquinhos, Emy", disse Nash abraçando-a.

"Ele precisa dormir", disse Emy, fazendo um carinho na cabeça de Nash.

"Vou levá-lo para casa", afirmou Cameron.

Eles saíram, e Emy ficou com aquela pulga atrás da orelha. Será que Matt é um canalha, e ela não sabe?

Mais populares

Comments

loloh

loloh

mano como eu amo essa história ❤️❤️

2023-06-13

2

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!