A Consumação

Muria preparou um banho com ervas e flores para a noite de núpcias da Senhora e amiga.

A jovem criada sabia que era importante que Lady Leana causasse a melhor impressão possível. Infelizmente sua boa amiga já tinha que enfrentar limitações e preconceitos suficientes, então era essencial que ela tivesse a proteção e a preferência do marido.

Remexendo no baú deixado por Nessie, Muria achou duas camisolas de dormir. Escolheu vesti-lá com a mais simples delas. Um modelo comprido e branco, com babados no decote.

Lady Leana deitou-se na cama de barriga para baixo, já que sua amiga havia lhe explicado como os coelhos faziam aquilo.

Muria deixou o ambiente o mais quente e aconchegante que conseguiu e saiu.

---- Assim que a cerimônia de consumação for realizada, eu voltarei para vê-la, não se preocupe! ---- disse Muria antes de deixá-la.

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Extremamente temerosa, Leana escutou quando Laird MacAllister abriu a pesada porta de madeira do quarto. Ele havia demorado muito no jantar e a cada minuto que passava ela ficava mais ansiosa.

Mesmo cega, Leana fechou os olhos com força e esperou.

Nada.

Decidiu por continuar quieta e parada. Muria lhe disse que era assim que sua irmã ficava quando se deitava no feno.

De repente ouviu uma movimentação no quarto, havia o som de uma lâmina... talvez uma faca, ou adaga...

---- O que está fazendo, milord? ---- perguntou ela virando o rosto para ele, sem sequer abrir os olhos.

---- Eu que deveria lhe perguntar... ---- disse ele confuso ---- ...achei que estivesse dormindo.

---- Bom, eu... eu estava esperando pelo Senhor! ---- Ian havia demorado propositadamente durante o jantar de casamento. Havia ficado bêbado como um condenado e esperava que sua agora esposa estivesse em sono profundo.

---- Hummm...entendo... ---- disse ele exalando o cheiro de álcool.

---- O que está fazendo com uma adaga nas mãos? ---- disse ela finalmente abrindo os olhos.

---- Como sabe que peguei uma adaga? ---- perguntou ele espantado.

---- Bom, eu ouvi o barulho da lâmina quando a pegou... e... bem, assim que entrei no quarto tateei tudo para não me confundir. Vi que havia uma adaga em cima de sua mesa.

---- O que você acha que estou fazendo? ---- disse ele sem paciência ---- Os homens estão lá fora, eles esperam pelo lençol manchado de sangue e...

---- Você vai me cortar? ---- perguntou ela dando um pulo de desespero.

---- Não, milady... eu pretendo me cortar para dar logo o que eles querem!

Lady Leana o olhou com seus círculos azuis e pareceu confusa:

---- Espere... isso não parece certo... eu não entendo!

---- Eu não pretendo realizar a consumação essa noite, Lady Leana! Como lhe disse sou um homem grande e bruto, não quero machucá-la. Pretendo fazer um talho pequeno no braço e acabar logo com isso!

---- NÃÃOOO... ---- Leana gritou e ouviu os ruídos que vinham da porta. Os homens esperavam do lado de fora ---- Isso não é certo, milord. Se não consumarmos o casamento... bom, se não consumarmos... A terra Norvell ainda corre perigo!!!

---- O que diz, milady... deseja realmente fazer isso? ---- Ian não esperava por aquilo. Ele achou que sua noiva rezaria para não ter que encará-lo naquela noite. No entanto, agora podia perceber que ela havia ficado ali, esperando por ele.

---- Não desejo que minha terra e meu povo voltem a ser governados por meu pai... ou pior, por Peter Douglas! É o mínimo que posso fazer! Lorna me disse que se eu gerar um herdeiro, então estaremos salvos definitivamente do controle de meu pai!

Não seria tão fácil, mas sim, um herdeiro certamente garantiria a Ian o controle inegociável sobre as terras Norvell. Ian nem sequer havia pensado nisso. A ideia de ter um filho jamais lhe ocorreu.

Porém, como seria isso... seu filho teria uma mãe cega e frágil? Será que Lady Leana seria capaz de suportar um parto? Sua própria mãe havia morrido durante o seu nascimento, Ian jamais iria se perdoar se fizesse uma outra mulher passar por aquilo.

Colocou a adaga novamente sobre a mesa.

De qualquer forma aquilo teria que acontecer, de um jeito ou outro.

Era um bastardo imundo, certamente, mas seu dever era com a Coroa Escocesa. O casamento precisava ser consumado para ser validado.

---- Acredite, eu serei rápido! ---- Há meses Ian não dormia com uma mulher. Durante sua vida, sempre preferiu meretrizes, mulheres pagas para satisfazer e que não exigiam complicações. Dado o seu status, sabia que se apaixonar livremente só traria dores de cabeça. Seu casamento era um negócio político, portanto deveria manter-se neutro em relação às mulheres. Agora, no entanto, era diferente. Estava realmente casado e sua esposa estava deitada na cama esperando pela consumação.

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O fogo na lareira crepitava iluminado o quarto com tons avermelhados e deixando o cabelo de sua esposa espetacularmente bonito.

Seu cabelo muito ruivo contrastava com a camisola branca simples que vestia.

Ele então retirou seu tartan e seu kilt com as cores verdes da família MacAllister. Depois de estar completamente despido, ele deitou-se sobre ela.

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