Capítulo 28: O Retorno dos Antigos Inimigos
Lúcifer sentia que algo estava mudando. O mundo mortal era um palco de constantes conflitos, mas uma guerra ainda maior se aproximava, e ele sabia que não poderia ignorá-la.
Enquanto caminhava entre os humanos, começou a sentir presenças familiares ao seu redor. Primeiro, uma sensação de pureza intensa, quase sufocante. Depois, um frio cortante que arrepiava sua pele. Anjos e demônios. Ambos o procuravam.
Ele não precisou esperar muito. Em um beco escuro, duas figuras se materializaram diante dele. Uma delas vestia uma armadura dourada, brilhante como o próprio sol, com asas imaculadas estendidas em imponência. A outra, vestida em trajes sombrios, possuía chifres curvados e olhos vermelhos como brasas.
— Lúcifer. — O anjo falou primeiro, sua voz firme e carregada de autoridade. — Finalmente o encontramos.
— O jogo acabou. — O demônio completou, um sorriso cruel nos lábios. — É hora de voltar para casa.
Lúcifer riu, cruzando os braços.
— E que casa seria essa? O Céu, que me exilou? Ou o Inferno, que me vê apenas como uma peça útil?
O anjo estreitou os olhos.
— Você não pode continuar vagando entre os mundos. Sua existência desafia o equilíbrio. Ou você retorna ao Céu para ser julgado, ou aceita seu lugar como o verdadeiro rei do Inferno.
O demônio sorriu ainda mais.
— Você sempre pertenceu ao Inferno, Lúcifer. Sua força, sua ambição... todos nós sabemos que você é mais um de nós do que desses hipócritas do Céu.
Lúcifer suspirou. Ele já esperava por isso. Mas agora, diferente do passado, ele não se sentia obrigado a escolher.
— Não.
As duas figuras pareceram surpresas.
— O quê? — O anjo franziu o cenho.
— Eu disse não. — Lúcifer descruzou os braços e deu um passo à frente. — Não sou de vocês. Não sou do Céu. Não sou do Inferno. Eu escolho meu próprio caminho.
O anjo cerrou os punhos.
— Isso não é uma opção. Você se tornou uma aberração, uma entidade fora do controle divino. E isso não pode continuar.
O demônio lambeu os lábios.
— Se ele não quer escolher, então vamos forçá-lo.
Os dois atacaram ao mesmo tempo. O céu se iluminou com a lâmina celestial do anjo, enquanto as sombras do Inferno se erguiam como garras ao redor de Lúcifer. Mas ele não recuou.
Pela primeira vez, ele não sentia raiva ou ódio. Apenas aceitação.
Se eles queriam um confronto, ele os enfrentaria. Mas não como um anjo. Nem como um demônio.
Como Lúcifer.
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Lúcifer não hesitou. Com um movimento rápido, estendeu as mãos e conjurou uma onda de energia pura – nem celestial, nem demoníaca, mas algo único. O impacto fez o anjo e o demônio recuarem, surpresos.
O anjo se recuperou primeiro, investindo com sua lâmina brilhante. Lúcifer desviou no último segundo, sentindo o calor abrasador da espada cortando o ar. Antes que pudesse contra-atacar, sentiu a escuridão do demônio se aproximando por trás. Uma sombra serpenteante tentou envolvê-lo, mas Lúcifer girou no ar, escapando por um triz.
— Você está apenas adiando o inevitável! — o anjo gritou, avançando novamente.
Lúcifer conjurou uma barreira translúcida, desviando o golpe, e olhou diretamente para ele.
— Se fosse inevitável, eu já teria caído há muito tempo.
Ele então lançou um ataque contra os dois ao mesmo tempo. Feixes de energia dourada e negra saíram de suas mãos, atingindo o anjo e o demônio com força suficiente para jogá-los longe. O solo tremeu com o impacto.
Mas eles se levantaram novamente.
O anjo limpou o sangue do canto da boca e abriu suas asas com fúria.
— Você está resistindo à vontade divina. Isso é um erro, Lúcifer!
O demônio riu, os olhos brilhando.
— Não, meu caro. Isso é o que sempre fez dele tão especial. Mas a questão é: até quando ele pode continuar lutando contra todos?
Lúcifer sabia que a batalha não terminaria ali. Se esses dois foram enviados, outros viriam. O Céu e o Inferno nunca o deixariam em paz.
Mas algo dentro dele mudou. Ele não lutava apenas para se defender. Ele lutava porque queria mostrar a eles que existia um terceiro caminho.
O caminho de quem escolhia por si mesmo.
Ele respirou fundo e deixou seu poder explodir ao redor, criando uma onda de força que afastou seus oponentes mais uma vez. O anjo e o demônio se entreolharam, percebendo que não conseguiriam derrotá-lo ali.
— Isso ainda não acabou. — o anjo murmurou, recuando.
— Eu mal posso esperar pela próxima vez. — o demônio sorriu antes de desaparecer nas sombras.
Lúcifer permaneceu ali, respirando fundo.
A guerra entre Céu e Inferno continuaria, mas ele não era mais um peão nesse jogo.
Ele era uma força própria.
E isso os assustava mais do que qualquer outra coisa.
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Atualizado até capítulo 32
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