O silêncio era esmagador. O vento carregava consigo os resquícios de uma batalha que havia transformado Lumina para sempre. Aiden sentia o peso das decisões que havia tomado, e o eco da explosão do artefato ainda vibrava em seus ossos.
Veris estava ao seu lado, seus olhos refletindo a luz vacilante que ainda restava no céu. O equilíbrio fora rompido, e agora o mundo oscilava à beira do colapso. O que antes era um conflito entre luz e trevas se tornara algo muito maior—algo que Aiden sequer compreendia completamente.
“Você sente isso?” Veris perguntou, a voz baixa e cautelosa.
Aiden fechou os olhos por um momento e tentou se concentrar. O que ele sentia era mais do que apenas o peso das sombras em seu corpo—era um chamado. Uma pulsação profunda, algo que vinha do próprio tecido da realidade. Ele nunca sentira nada igual.
“Sim,” ele respondeu, abrindo os olhos. “Algo está nos esperando.”
Veris assentiu, seu olhar fixo na linha do horizonte. “O artefato não apenas destruiu a Ordem da Luz. Ele libertou forças que estavam seladas há séculos. Forças que nem mesmo os guardiões do equilíbrio conheciam.”
Aiden apertou os punhos. Ele sabia que não havia mais volta. A verdadeira luta não havia sido vencida. Talvez nem sequer tivesse começado.
A Ruína e o Chamado
O caminho à frente deles estava coberto de ruínas. A cidade de Lumina, outrora um símbolo de esperança, agora era um cemitério de estruturas destruídas e sombras errantes. A luz do sol mal conseguia atravessar as nuvens escuras que pairavam sobre a terra.
Os passos de Aiden e Veris ecoavam pelo chão de pedra quebrada enquanto avançavam para o centro da destruição. Eles estavam em busca de respostas, mas algo os detinha a cada esquina—sussurros, sombras que se moviam sem um corpo, sensações de que algo os observava.
“Isso não é normal,” Veris disse, parando de repente. “O que quer que tenha sido libertado pelo artefato… está se manifestando de maneiras que não compreendemos.”
Aiden olhou ao redor, tentando encontrar qualquer sinal do que poderia estar os observando. Mas tudo o que viu foram as ruínas de um mundo que ele havia ajudado a quebrar.
Então veio o som.
No começo, era apenas um murmúrio distante, como se vozes ecoassem pelo vento. Mas, conforme eles avançavam, as vozes se tornaram mais claras—e mais angustiadas. Gritos, lamentos, palavras em línguas que Aiden não compreendia.
E então, uma sombra se formou à frente deles.
O Guardião das Sombras
A figura era alta, envolta em um manto negro que parecia se fundir com o próprio ar. Seus olhos eram duas fendas brilhantes, como se estivessem queimando com um fogo invisível.
“Aiden,” a sombra disse, sua voz ecoando como se viesse de todas as direções ao mesmo tempo. “Você trouxe a ruína sobre o mundo.”
Aiden engoliu em seco. Ele sentiu o poder que emanava da entidade. Era algo ancestral, algo que estava ali muito antes dele nascer.
“Quem é você?” Aiden perguntou, sua voz firme, mas carregada de cautela.
A sombra inclinou a cabeça levemente. “Eu sou aquele que sempre observou. Aquele que existia antes da luz e das trevas se separarem. E agora… eu despertei.”
Veris deu um passo à frente, sua mão no cabo de sua lâmina. “Se você sempre existiu, então por que só agora está se revelando?”
A sombra riu, um som frio e vazio. “Porque o selo foi quebrado. O equilíbrio foi perdido. E agora, tudo o que resta é a destruição.”
Aiden sentiu algo dentro dele reagir às palavras da entidade. As sombras em seu corpo pareciam vibrar, como se respondessem à presença do ser.
“Eu não vou deixar isso acontecer,” Aiden declarou. “Eu sei que cometi erros, mas ainda posso restaurar o equilíbrio.”
A entidade riu novamente. “Restaurar o equilíbrio? Você ainda não entendeu, garoto. O equilíbrio nunca foi sobre luz e trevas. Foi sobre controle. E agora, esse controle não existe mais.”
A sombra levantou uma mão, e o ar ao redor de Aiden e Veris ficou pesado. O chão começou a rachar sob seus pés, e uma força invisível os puxou para baixo.
“Luz e trevas são apenas ferramentas. O verdadeiro poder vem daqueles que sabem como usá-las.”
A Escolha
Aiden lutou contra a força que o puxava, seu coração acelerado. Ele sabia que aquela entidade era mais do que apenas uma manifestação das sombras. Era algo que existia além dos conceitos de bem e mal.
Ele olhou para Veris, que também estava lutando para se manter de pé.
Então, dentro dele, algo despertou.
Ele sentiu o fluxo de energia—não apenas as sombras que agora faziam parte dele, mas também a luz que ainda existia em algum lugar dentro de sua alma.
E foi nesse momento que ele entendeu.
Ele não precisava escolher entre luz e trevas. Ele precisava dominar ambas.
Aiden fechou os olhos e se concentrou. Ele sentiu a escuridão ao seu redor, mas também a luz que ainda queimava em seu coração. E então, pela primeira vez, ele deixou ambas fluírem ao mesmo tempo.
Uma explosão de energia o envolveu, empurrando a força da entidade para trás. A pressão no ar se dissipou, e Aiden abriu os olhos—seus íris agora brilhando em dois tons diferentes, um dourado e um negro.
A entidade parou, observando-o com curiosidade.
“Interessante…” ela murmurou. “Talvez você seja diferente dos outros.”
Aiden deu um passo à frente, sentindo seu novo poder pulsar através dele. “Eu não sou apenas luz ou trevas. Eu sou o equilíbrio.”
A entidade ficou em silêncio por um momento e então se dissolveu, desaparecendo no vento.
Veris olhou para Aiden, surpresa e impressionada. “O que foi isso?”
Aiden respirou fundo. Ele sabia que essa era apenas a primeira de muitas batalhas. Mas, pela primeira vez, ele sentia que estava no caminho certo.
“Isso,” ele disse, olhando para o horizonte. “Foi apenas o começo.”
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Atualizado até capítulo 32
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