Capítulo 26: A Redenção
O céu acima de Lúcifer estava limpo agora, livre das nuvens escuras que o haviam acompanhado por tanto tempo. As estrelas brilhavam como testemunhas silenciosas de sua jornada. O silêncio ao seu redor não era apenas físico, mas também interno. Pela primeira vez em eras, sua mente não estava atormentada pela culpa ou pela dúvida. Ele havia derrotado o demônio que o perseguira por séculos, mas sabia que a verdadeira vitória não estava naquele confronto – estava dentro dele.
Ele caminhava lentamente pelo campo de batalha, sentindo a terra sob seus pés como se estivesse pisando nela pela primeira vez. O peso que carregava nos ombros parecia menor, mas ainda presente. A escuridão ainda fazia parte dele, mas agora ele entendia que isso não significava fraqueza. Muito pelo contrário. Ele era tanto luz quanto sombra, e essa dualidade não era um fardo – era um presente.
– Então, esse é o fim? – A voz ecoou atrás dele.
Lúcifer se virou e viu Gabriel. O arcanjo o observava com uma expressão calma, sem qualquer julgamento no olhar. Durante toda a sua jornada, Gabriel havia sido tanto um guia quanto um obstáculo. Sempre tentando trazê-lo de volta, sempre insistindo que havia redenção para ele, mesmo quando Lúcifer não acreditava.
– O fim? – Lúcifer repetiu, refletindo sobre a pergunta. – Não. Apenas o começo.
Gabriel assentiu.
– Você compreende agora? A redenção nunca foi sobre voltar ao que você era. Foi sobre aceitar quem você é.
Lúcifer desviou o olhar para o horizonte. Ele entendia isso agora. Durante séculos, buscara respostas nos lugares errados, acreditando que a única forma de ser perdoado era apagando seu passado. Mas o passado não podia ser apagado. Ele fazia parte dele. A verdadeira redenção não estava em esquecer, mas em aprender.
– Eu passei muito tempo fugindo da minha própria sombra. – Lúcifer disse. – Tentando provar que ainda era digno. Mas a verdade é que a dignidade não vem da aprovação dos outros. Vem da aceitação de si mesmo.
Gabriel sorriu levemente.
– Então, o que fará agora?
Era uma boa pergunta. Durante tanto tempo, ele buscara um objetivo, um propósito, um lugar para onde pudesse retornar. Mas agora percebia que não precisava de um destino fixo. Ele era livre para escolher seu próprio caminho.
– Vou continuar caminhando. – Lúcifer respondeu. – Não há um trono para mim no céu, nem um reino para mim no inferno. Mas há um mundo que precisa de alguém como eu. Alguém que entende tanto a luz quanto a escuridão.
Gabriel o observou por um longo momento antes de assentir.
– Então vá. Mas lembre-se: a redenção não é um ponto de chegada, e sim uma jornada.
Lúcifer assentiu. Ele sabia disso agora. Ele não era mais um anjo caído que buscava perdão, nem um demônio que buscava vingança. Ele era apenas ele mesmo. E, pela primeira vez, isso era suficiente.
O vento soprou suavemente, carregando as cinzas do passado para longe. O caminho à frente era incerto, mas, desta vez, Lúcifer não sentia medo. Ele estava pronto.
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Atualizado até capítulo 32
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