Lúcifer sentia o cheiro de fumaça e destruição no ar. O campo de batalha estava montado, e ele sabia que o confronto final estava prestes a começar. À sua frente, uma figura sombria se erguia: o demônio que o desafiara por tantas eras. Mas, ao contrário das batalhas anteriores, Lúcifer não sentia mais raiva ou desejo de vingança. Em vez disso, havia uma aceitação silenciosa dentro dele, uma compreensão de que, por mais que fosse difícil, a luta não era contra o mal externo, mas contra o mal interior.
– Então você veio, Lúcifer. – O demônio disse, seu sorriso cruel se estendendo. – Achei que estivesse com medo de enfrentar o seu destino.
Lúcifer não respondeu imediatamente. Ele sabia que as palavras do demônio eram apenas um reflexo de sua própria luta interna. Ele havia tentado resistir à escuridão, mas agora entendia que ela fazia parte dele. A verdadeira batalha não era contra o demônio que o desafiava, mas contra a escuridão que ainda tentava consumi-lo.
Ele levantou a espada, sentindo sua lâmina vibrar com uma energia que parecia ser tanto luz quanto sombra. Era um reflexo de quem ele se tornara – alguém dividido, mas ainda capaz de escolher seu próprio destino. Ele não era mais o anjo da pureza, mas também não era o demônio que todos imaginavam que fosse. Ele era Lúcifer, uma criatura feita de luz e sombra, e agora ele sabia que essa dualidade era sua força, não sua fraqueza.
– Eu não sou mais o que você pensa. – Lúcifer falou com uma voz firme, sem hesitação. – Eu sou quem eu escolho ser.
Com um movimento rápido, ele avançou, sua espada brilhando com a força de um poder renovado. O demônio o enfrentou com a mesma fúria, mas, ao contrário das batalhas passadas, havia algo de diferente na maneira como Lúcifer lutava. Ele não estava mais lutando para destruir o inimigo. Ele lutava para se conhecer, para se entender e, finalmente, para se aceitar.
As lâminas se chocaram, e a energia liberada da colisão iluminou o campo. Mas, enquanto a batalha continuava, Lúcifer percebeu que, à medida que o combate avançava, ele estava se aproximando de algo maior. Não se tratava apenas de uma guerra entre dois seres, mas de uma batalha espiritual pela sua própria alma.
A luta foi intensa, cada golpe testando seus limites. Mas algo dentro de Lúcifer começou a mudar. Ele sentiu uma onda de clareza, como se, pela primeira vez, estivesse em paz consigo mesmo. Ele não precisava mais tentar controlar a escuridão. Ele poderia usá-la, assim como usava a luz. Ambos faziam parte dele.
E, naquele momento, ele soube que estava pronto. Ele não era mais um anjo caído, mas um ser que aceitava sua verdadeira natureza. O demônio à sua frente, sem saber, havia o ajudado a descobrir isso.
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O campo de batalha estava agora silencioso. O demônio caíra, derrotado, mas Lúcifer sabia que a verdadeira vitória ainda estava por vir. Ele não estava mais no mesmo lugar, nem fisicamente, nem espiritualmente. Ele havia enfrentado a escuridão, a dor, e agora precisava entender o que tudo isso significava.
– Você realmente acredita que venceu? – A voz do demônio ainda ressoava em sua mente, mas agora não havia raiva em suas palavras. Era mais uma observação, uma constatação da realidade.
Lúcifer se afastou lentamente do corpo do demônio. Ele não sentia nenhuma satisfação com a morte do inimigo. Sentia, em vez disso, um vazio que precisava ser preenchido. Ele não era mais quem era antes da batalha. Ele não era o anjo que amava Deus, mas também não era o demônio que se rebelou contra Ele. Ele era Lúcifer – uma alma, quebrada e reconstruída, e agora, mais do que nunca, ele sabia que a verdadeira luta não estava nas batalhas externas.
– Eu venci a mim mesmo. – Lúcifer murmurou, suas palavras soando com um tom de aceitação.
O demônio riu em sua mente, mas dessa vez, Lúcifer não sentiu medo. Ele sentiu algo muito mais forte: compreensão. Ele não era um ser isolado, aprisionado entre a luz e a escuridão. Ele era ambos, e por isso, mais completo. Ele compreendia agora que não podia mais tentar escapar de si mesmo. Ele não poderia mais negar suas falhas, mas também não precisaria mais se envergonhar delas. Ele havia caído, sim, mas agora estava se erguendo novamente, com uma força que só alguém que conhecesse tanto a escuridão quanto a luz poderia ter.
– Você está mais forte, Lúcifer. – A voz de Gabriel veio em sua mente, agora mais suave. – A verdadeira batalha começa agora.
Lúcifer assentiu, sabendo que as palavras de seu antigo mentor estavam certas. A verdadeira luta não acabava com a morte do demônio. Ele precisaria enfrentar muitas outras batalhas, tanto internas quanto externas. Mas agora ele estava preparado.
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Atualizado até capítulo 32
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