Na manhã seguinte,Taro acordou se sentindo estranho.
Sua pele estava pálida e fria, e ele sentia uma fome insaciável.
Quando se olhou no espelho, viu que seus olhos estavam vermelhos e brilhantes, como os da sombra que encontrara na noite anterior.
Ele tentou esconder sua condição dos pais, mas logo percebeu que isso seria impossível.
Sua pele continuava a ficar mais cinzenta a cada dia, e a fome por... algo que ele não conseguia definir crescia dentro dele.
Ele sabia que precisava de ajuda, mas para quem poderia recorrer? Os samurais certamente o matariam se descobrissem o que ele havia se tornado, e os monges provavelmente tentariam exorcizá-lo.
Foi então que Taro se lembrou do amuleto que sua mãe lhe dera.
Ele o examinou cuidadosamente, notando inscrições antigas que pareciam combinar símbolos samurais e budistas.
Talvez o amuleto fosse a chave para entender sua nova condição.
Decidido a encontrar respostas, Taro partiu em uma jornada para o Monte Kurai, um lugar que seu pai sempre dizia ser habitado por espíritos e feiticeiros.
Ele sabia que a viagem seria perigosa, mas não tinha escolha.
Se quisesse entender o que estava acontecendo com ele, precisaria enfrentar seus medos e descobrir a verdade por trás do amuleto.
A Partida
Taro preparou-se em silêncio, reunindo alguns suprimentos: um pouco de arroz, uma garrafa de água e uma capa para se proteger do frio.
Ele olhou para o amuleto, que agora pendia de um cordão em seu pescoço, e sentiu uma estranha energia pulsando em seu peito.
Antes de partir, ele deixou uma carta para seus pais, explicando que precisava fazer uma jornada para "encontrar a si mesmo".
Ele sabia que era uma explicação vaga, mas era o melhor que podia fazer sem revelar sua condição.
Ao sair de casa, Taro foi surpreendido por Riku e Yumi, que o esperavam do lado de fora.
"Onde você pensa que vai?" perguntou Riku, cruzando os braços.
"Você não pode simplesmente desaparecer assim," acrescentou Yumi, com um olhar de preocupação.
Taro hesitou, mas sabia que não podia mentir para seus amigos.
Ele contou-lhes sobre a sombra, sobre a transformação que estava ocorrendo em seu corpo e sobre o amuleto.
Riku e Yumi ficaram em silêncio por um momento, mas então Riku deu um passo à frente.
"Nós vamos com você," disse ele, determinado.
"Você não pode enfrentar isso sozinho," concordou Yumi.
Taro sentiu um peso ser tirado de seus ombros. Ele sabia que a jornada seria perigosa, mas ter seus amigos ao seu lado o encheu de esperança.
A Floresta Assombrada
O caminho para o Monte Kurai levava-os através de uma densa floresta, conhecida como Mori no Yami (A Floresta das Sombras).
Diziam que a floresta era habitada por espíritos malignos e criaturas sobrenaturais.
Taro e seus amigos avançavam com cuidado, seguindo o mapa que estava gravado no amuleto.
À medida que penetravam mais fundo na floresta, o ambiente ficava cada vez mais sombrio.
As árvores pareciam se inclinar sobre eles, e o ar estava carregado de uma energia pesada.
De repente, ouviram um som estranho: um gemido baixo e prolongado, como se algo estivesse sofrendo.
"O que foi isso?" sussurrou Riku, seus olhos arregalados de medo.
"Fiquem juntos," disse Taro, segurando sua espada de madeira com firmeza.
E então, eles viram.
Das sombras, surgiram figuras esguias e desfiguradas, com olhos brilhantes e bocas distorcidas em gritos silenciosos.
Eram espíritos perdidos, almas atormentadas que vagavam pela floresta em busca de paz.
"O que fazemos?" perguntou Yumi, sua voz tremendo.
Taro olhou para o amuleto, que agora brilhava suavemente.
Ele sentiu uma estranha conexão com os espíritos, como se pudesse sentir sua dor e sua angústia.
Inspirou fundo e fechou os olhos, concentrando-se nas lições de meditação que sua mãe lhe ensinara.
"Eu entendo vocês," disse ele, em voz baixa. "Eu sei que estão sofrendo. Mas vocês não precisam mais vagar por aqui."
Os espíritos pararam, olhando para Taro com uma mistura de surpresa e esperança.
Ele continuou a falar, sua voz cheia de compaixão, até que, um por um, os espíritos começaram a se dissipar, transformando-se em luzes brilhantes que subiam em direção ao céu.
Riku e Yumi olharam para Taro, impressionados.
"Como você fez isso?" perguntou Yumi.
Taro olhou para o amuleto, que agora brilhava mais intensamente.
"Eu acho que o amuleto me deu essa habilidade," disse ele.
"Mas também foi a compaixão que aprendi com minha mãe."
O Encontro com o Feiticeiro
Após atravessar a floresta, Taro e seus amigos finalmente chegaram ao pé do Monte Kurai.
No topo da montanha, havia uma caverna escura e sinistra, onde, segundo as lendas, vivia um poderoso feiticeiro.
Ao entrarem na caverna, foram recebidos por uma voz ecoante.
"Quem ousa perturbar meu descanso?"
Taro avançou, segurando o amuleto.
"Eu sou Taro, filho de Kurokawa Haruto e Aiko. Fui amaldiçoado por uma sombra e preciso de sua ajuda para entender essa maldição."
Das sombras, emergiu uma figura alta e magra, vestida com robes negros e segurando um cajado adornado com símbolos antigos.
Era o feiticeiro, Kurotsuki, conhecido por seu conhecimento das artes das trevas.
"Ah, o amuleto de Aiko," disse Kurotsuki, seus olhos brilhando com interesse.
"Ela sempre foi uma mulher sábia. Mas você sabe o que essa maldição significa?"
Taro hesitou, mas então olhou para seus amigos e sentiu uma determinação renovada.
"Eu sei que ela me deu um poder, mas também uma fome que não consigo entender.
Eu quero saber como usá-lo para o bem."
Kurotsuki sorriu, revelando dentes afiados.
Muito bem!
Mas esteja avisado: o caminho à frente será cheio de desafios.
A sombra que te amaldiçoou não é uma entidade comum.
Ela é um fragmento de um ser muito mais antigo e poderoso. Para controlar esse poder, você precisará enfrentar sua própria escuridão interior.
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Atualizado até capítulo 34
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