O último aviso de Morvana

O silêncio no esconderijo parecia sufocar os três. Apenas a respiração pesada de Sophia, Aria e Kael preenchia o espaço apertado enquanto eles tentavam recuperar o fôlego após a batalha com as sombras.

O ar ainda estava carregado de magia, e Sofia podia sentir a presença de Morvana ao seu redor. Ela ainda estava lá.

Então, a lâmpada quebrada no teto piscou uma última vez antes que a voz dela ecoasse pelo ambiente.

Baixa. Sinuosa. Cheia de veneno.

"Vocês acham que venceram?"

O coração de Sophia parou por um instante.

Ela ainda conseguia se comunicar com eles.

Ela não tinha ido embora.

Um calafrio percorreu a espinha de Ária. Ela olhou ao redor, os sentidos aguçados captando a energia distorcida no ar.

Kael empunhou sua espada. "Mostre-se, bruxa!"

A risada de Morvana ressoou como um eco maligno.

"Se vocês não voltarem ao outro mundo... eu vou destruir tudo aqui. Tudo o que vocês amam."

Sofia sentiu o desespero crescer dentro dela.

Ela sabia que Morvana não fazia ameaças vazias.

Se ela conseguia se comunicar, significava que sua influência já estava se espalhando.

"Não é possível..." Sophia murmurou. "O portal foi rasgado, ela não pode atravessar."

"Não completamente," Kael corrigiu, o olhar tenso. "Mas ela pode corromper o que restou dele."

E então veio a pior parte.

A voz de Morvana assumiu um tom mais suave, mas ainda carregado de perversidade.

"A não ser que um de vocês venha comigo..."

O ar ficou denso, como se o próprio mundo prendesse a respiração.

"Não é, Ária?"

Sofia congelou.

Kael girou a espada, colocando-se entre Aria e o vazio invisível ao redor.

Ária… não reagiu.

Por um instante, seus olhos castanhos brilharam com algo que Sophia não conseguiu decifrar.

"Ária…" Sophia segurou o pulso dela, sentindo os dedos frios. "Não escute!"

A risada de Morvana voltou, cruel.

"Você quer tanto protegê-la, não quer?"

Os olhos de Ária se arregalaram.

"Quer tanto que Sophia fique segura?"

Ária engoliu seco.

Cada músculo do corpo dela estava tenso.

"Então venha comigo. Voluntariamente."

A mente de Sophia entrou em colapso.

Não.

Morvana não podia levá-la.

Mas o olhar de Aria estava distante. Perdido.

Ela estava considerando isso.

Kael socou a parede. "Você não pode acreditar nela, Ária!"

Morvana riu.

"Se você não vier… eu vou arrancar esse mundo pedaço por pedaço."

As lâmpadas começaram a piscar freneticamente.

Algo estava errado.

Morvana não estava apenas falando.

Ela estava fazendo algo.

Sofia sentiu uma dor lancinante no peito.

Sua magia negra se agitou violentamente.

As sombras ao redor se contorceram, respondendo à presença de Morvana.

Ária olhou para Sophia com pavor.

A conexão delas estava sendo usada contra elas.

Sofia ofegou.

"Ela está… tentando me controlar."

A risada de Morvana se intensificou.

"Ah, Sofia… você realmente achou que poderia carregar essa magia sem consequências?"

Sofia caiu de joelhos, o coração disparado.

Morvana estava puxando algo de dentro dela.

E Ária… não conseguia se mover.

Era como se a voz de Morvana a tivesse aprisionado em um transe.

Kael cerrou os dentes, avançando contra o espaço vazio onde sentia a presença da bruxa.

"Chega!" Ele golpeou o ar com sua espada, liberando uma rajada de energia mágica.

O impacto rasgou o ambiente, e por um instante, a risada de Morvana cessou.

A energia ao redor enfraqueceu.

Ária sentiu o corpo voltar ao normal.

Sofia respirou fundo, tentando conter a magia que ainda pulsava dentro dela.

A voz de Morvana voltou, mas dessa vez mais baixa, mais irritada.

"Isso ainda não acabou."

Então, o ar voltou ao normal.

As sombras desapareceram.

A cidade silenciou de novo.

Mas o peso da ameaça dela permanecia.

Sofia segurou a mão de Ária.

Ela não deixaria Morvana levá-la.

Ária fechou os olhos, respirando fundo.

Ela não deixaria Morvana vencer.

Kael guardou a espada, ainda tenso.

"Precisamos agir logo. Ela está tentando romper o portal."

Sofia olhou para o céu.

O portal rasgado ainda pulsava, instável.

Se Morvana conseguisse manipulá-lo o suficiente… ela poderia entrar completamente nesse mundo.

E se isso acontecesse…

Ninguém estaria seguro.

Sofia apertou o punho.

"Vamos acabar com isso. Agora."

Continua…

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