A respiração de Sofia ainda estava entrecortada quando o último dos servos de Morvana se dissolveu no ar.
A escuridão se dissipou, mas o templo continuava envolto em uma sensação de inquietação. Como se algo ainda estivesse ali... esperando.
Kael se abaixou ao lado de um dos corpos antes que ele desaparecesse completamente. Tocou o chão onde a criatura havia caído e fechou o punho.
"Isso não faz sentido," murmurou.
Sofia limpou o suor da testa e tentou recuperar o fôlego. "O que quer dizer?"
Kael se levantou e encarou os dois.
"Eles não deveriam estar aqui."
Ária estreitou os olhos. "Porque o Véu ainda está instável?"
Kael assentiu. "E porque Morvana não mandaria criaturas tão fracas se quisesse nos eliminar. Isso foi um teste."
Sofia sentiu um calafrio percorrer sua espinha. "Ela está nos observando."
Ninguém precisou confirmar. Eles sabiam.
O silêncio pesado foi quebrado por um estalo seco vindo de dentro do templo.
Os três se viraram ao mesmo tempo.
A parede do fundo, onde os símbolos mágicos estavam entalhados, começou a brilhar com um brilho sombrio.
A energia do Véu do Coração pulsava ali, viva.
"Está abrindo de novo," Aria sussurrou.
Sofia deu um passo à frente, sentindo a magia familiar vibrar sob sua pele. A energia negra dentro dela parecia se agitar, como se fosse puxada para aquele portal.
Kael franziu a testa. "Se for um portal... para onde ele está nos levando?"
Sofia apertou os punhos. "Só há uma maneira de descobrir."
Ela olhou para os dois.
"Estão prontos?"
Ária hesitou por um segundo, então pegou na mão de Sophia.
Kael segurou firme sua espada.
Eles deram o passo final.
E foram engolidos pela escuridão.
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Um Mundo Familiar e Estranho
O ar estava pesado quando Sofia abriu os olhos.
O chão sob seu corpo era áspero, frio. O cheiro... não era do outro mundo.
Ela sentiu o coração acelerar.
Com um esforço, ergueu a cabeça e viu Kael e Ária próximos, tentando se recuperar da transição.
E então, ela viu ao redor.
Arranha-céus.
Luzes artificiais.
Pessoas... carros...
O barulho caótico de uma cidade que nunca dorme.
Sofia sentiu um choque de adrenalina.
Eles estavam no Brasil.
"Não pode ser..." sussurrou.
Kael se colocou de pé, olhando ao redor com desconfiança. "Onde estamos?"
Sofia sentiu a garganta seca.
"São Paulo."
Aria arregalou os olhos. "Seu mundo..."
A ficha caiu como uma avalanche.
Eles estavam de volta.
Mas algo estava errado.
Muito errado.
As luzes pareciam... diferentes. O céu estava mais escuro do que o normal, mesmo sendo de noite.
E as pessoas...
Sofia franziu a testa.
Elas estavam andando... rápido demais. Não olhavam para os lados. Não falavam umas com as outras.
Era como se estivessem presas em um transe.
Kael percebeu também. "Algo está errado com elas."
Sophia se virou para Aria. "Você sente algo?"
Aria fechou os olhos por um segundo. Quando os abriu novamente, seu corpo se enrijeceu.
"Tem... uma presença aqui. Fria. Observando."
Kael colocou a mão no cabo da espada. "Morvana?"
Sofia sentiu um arrepio.
Era possível.
Se o Véu do Coração realmente havia sido rasgado, então Morvana poderia ter encontrado uma maneira de estender sua influência para este mundo.
E se isso fosse verdade...
Eles estavam em perigo.
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A Verdadeira Ameaça
Eles precisavam de um refúgio.
Sofia levou os dois para um lugar seguro: um prédio abandonado onde costumava ir quando queria fugir de tudo.
A cidade ao redor parecia ainda mais errada conforme se moviam.
O clima estava mais frio do que deveria.
O silêncio das pessoas era inquietante.
Quando finalmente entraram no prédio escuro, trancaram as portas e respiraram aliviados por um instante.
Mas o alívio não durou.
Kael se virou para Sophia. "Você sabe o que isso significa, não sabe?"
Sophia olhou para as próprias mãos, sentindo a energia negra ainda pulsando nelas.
"Morvana está aqui."
O silêncio foi esmagador.
Ária se aproximou dela. "Como vamos lutar contra algo que nem sabemos onde está?"
Sophia sentiu um nó na garganta.
Ela não sabia.
Mas precisava descobrir.
Antes que fosse tarde demais.
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O Chamado de Morvana
A resposta veio antes do esperado.
Um sussurro cortou o silêncio da noite.
Um som quase humano, mas distorcido.
Sofia sentiu a pele arrepiar.
O som vinha de dentro do prédio.
Kael sacou a espada. Aria ficou ao lado de Sofia, os olhos brilhando na escuridão.
Então, eles a viram.
No canto da sala, uma figura feminina emergiu das sombras.
Alta. Magra demais. A pele pálida contrastava com os olhos completamente negros.
A boca se abriu num sorriso impossivelmente largo.
Morvana.
Ou... uma projeção dela.
"Bem-vindos ao seu novo lar," a voz dela ecoou, distorcida.
Sophia sentiu um frio na espinha.
Kael avançou, erguendo a lâmina. "Seu jogo acabou."
Morvana apenas sorriu. "Oh, guerreiro ingênuo... o jogo apenas começou."
O chão tremeu.
A cidade inteira tremeu.
Sofia olhou para fora e viu algo horrível.
O céu estava se partindo.
O Véu do Coração estava se rompendo completamente.
Se isso acontecesse...
Os dois mundos colidiriam.
E nada restaria.
Morvana riu.
"Agora," ela sussurrou, "vamos ver quem sobrevive ao colapso."
Então, a escuridão os engoliu.
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Continua...
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Atualizado até capítulo 61
Comments
juliana Sereno
Está maliguina sempre.a.frente
2025-03-07
3