Capítulo 16

Quando Sabrina saiu da borda da piscina, Lucas não perdeu tempo em chamá-la. Ele a conduziu para um local mais reservado entre as espreguiçadeiras, onde, para sua surpresa, havia preparado algo especial. A área estava decorada de maneira simples, mas charmosa: luzes discretas iluminavam o espaço, e uma mesinha com petiscos e bebidas estava pronta. Era evidente que ele tinha colocado esforço nisso, embora fosse algo bem sigiloso para evitar chamar atenção.

Sabrina olhou ao redor, arqueando levemente as sobrancelhas, mas sem fazer nenhum comentário direto sobre o clima que Lucas tinha criado. Ela se sentou com a elegância de sempre, enquanto ele se ajeitava ao lado dela, parecendo um pouco ansioso.

Lucas: Espero que não ache isso exagerado. Só pensei que seria bom um momento mais tranquilo, longe da bagunça da piscina.

Sabrina: (com um sorriso de canto) Não, tá tudo ótimo. Até demais, pra ser honesta.

Enquanto conversavam, Hugo, ainda na piscina, percebeu que Sabrina estava fora do campo de visão do restante do grupo. Ele nadou até a borda, de onde podia observar discretamente o pequeno “encontro”. Por um momento, franziu o cenho, mas não disse nada. Apenas continuou prestando atenção, sem que ninguém notasse.

Sabrina e Lucas começaram a conversar sobre gostos musicais. Ele perguntou o que ela gostava de ouvir, e ela respondeu com uma leveza inesperada:

Sabrina: Sempre preferi algo mais acústico e pop. Gosto de músicas que têm alma, sabe? Letras que dizem algo.

Lucas: Eu também gosto de algo mais tranquilo às vezes, mas confesso que sou mais fã de músicas eletrônicas. Dá aquela energia, principalmente antes de um jogo.

Sabrina sorriu, brincando suavemente:

Sabrina: Faz sentido. Você parece precisar de algo que te mantenha sempre em movimento.

Lucas riu, e a conversa fluiu de forma natural enquanto comiam alguns petiscos e brindavam com as bebidas que ele havia providenciado. Mas, em um momento de pausa, Sabrina inclinou a cabeça levemente, observando Lucas com um olhar analítico.

Sabrina: Sabe, parece que tem um certo... romance no ar ultimamente.

Lucas, que estava bebendo um pouco de suco, quase engasgou. Ele tossiu discretamente, tentando recuperar a compostura enquanto Sabrina o observava com um sorriso divertido.

Lucas: (nervoso) Romance? Bom, não sei. Quer dizer, eu não percebi nada assim... tão evidente.

Sabrina: (ainda sorrindo) Relaxa, Lucas. Eu só estou comentando. Mas é interessante como algumas pessoas ficam desconcertadas só de ouvir a palavra.

Lucas soltou uma risada nervosa, tentando parecer mais descontraído, mas era evidente que estava se esforçando para manter a conversa sob controle.

Lucas: Talvez você esteja lendo demais nas coisas, Sabrina. Nem tudo precisa ter um significado oculto, sabe?

Sabrina: (arqueando uma sobrancelha) Talvez. Mas também é engraçado como algumas pessoas tentam fugir de algo tão simples.

Hugo, que continuava observando de longe, viu a interação com um misto de curiosidade e algo que ele não conseguia definir completamente. Não era ciúme, mas também não era indiferença. Ele desviou o olhar, voltando a interagir com os outros, mas sua mente claramente estava dividida.

Lucas, por outro lado, tentava mudar o rumo da conversa.

Lucas: E sobre as músicas? Tem alguma específica que você gosta mais?

Sabrina percebeu a tentativa, mas decidiu deixá-lo escapar dessa vez, mudando o tom para algo mais leve enquanto continuavam conversando, a atmosfera ainda carregada de algo indefinível.

Jenna, na borda da piscina, chamou Sabrina com um aceno animado. Sabrina, que ainda estava conversando com Lucas, suspirou e levantou-se, andando com passos lentos e elegantes em direção à amiga. Quando chegou perto, abaixou-se um pouco para ouvir o que Jenna queria.

Sabrina: O que foi agora, Jenna?

Jenna: Preciso de um favor, mas não vou te pedir daqui. Acha que dá pra me ajudar com...

Antes que pudesse terminar, Sabrina sentiu uma presença atrás dela. Antes que pudesse reagir, Hugo a pegou no colo com rapidez e um sorriso travesso no rosto.

Sabrina: Professor, não! Não faz isso, eu tô falando sério!

Hugo: Relaxa, Sabrina, é só uma brincadeira!

Mesmo com os protestos dela, Hugo saltou para a piscina com Sabrina nos braços. O impacto da água fria a envolveu completamente. Sabrina tentou falar, mas as palavras se transformaram em bolhas enquanto ela afundava. Hugo emergiu rapidamente, rindo e ajeitando o cabelo molhado enquanto esperava por Sabrina.

Quando ele percebeu que ela estava demorando a subir, algo dentro dele disparou. Ele olhou ao redor, procurando por Sabrina, mas ela não aparecia. Sem pensar duas vezes, ele mergulhou novamente, abrindo os olhos debaixo d'água. Sabrina estava ali, lutando para se manter estável, claramente sem saber nadar.

Hugo se aproximou com rapidez, segurando-a firme e trazendo-a de volta à superfície.

Hugo: (preocupado) Sabrina! Fica calma, eu tô aqui.

Sabrina começou a tossir enquanto Hugo a levava para a borda da piscina. Ele a ajudou a se apoiar, o rosto cheio de arrependimento.

Hugo: Eu não sabia que você não sabia nadar. Me desculpa, de verdade.

Sabrina não respondeu. Em vez disso, olhou ao redor e viu todos os olhares voltados para ela. Algumas pessoas cochichavam, outras riam baixinho. Sentindo o rosto queimar de vergonha e raiva, ela respirou fundo, levantou-se e saiu da piscina sem dizer nada.

Lucas, vendo a cena, correu atrás dela, tentando alcançá-la antes que ela desaparecesse.

Lucas: Sabrina, espera! Você tá bem?

Sabrina: (fria) Me deixa em paz, Lucas.

Sem esperar resposta, ela seguiu para o hotel, subindo as escadas com passos rápidos. Chegando ao quarto, trancou a porta, encostou-se nela e soltou o ar, tentando controlar a mistura de emoções que a dominavam.

Decidida a se acalmar, Sabrina pegou alguns sais de banho e ervas aromáticas que havia trazido. Ela encheu a banheira com água quente, deixando o vapor preencher o ambiente. Entrou lentamente, fechando os olhos enquanto sentia o calor relaxar seus músculos.

Depois de algum tempo, saiu da banheira, enrolando-se em um roupão macio. Pegou uma toalha para secar os cabelos enquanto caminhava pelo quarto. Acendeu uma vela e um incenso, ajustou as cortinas para criar uma penumbra e colocou uma música calma para tocar.

Sabrina sentou-se no tapete do quarto, cruzando as pernas em posição de meditação. Fechou os olhos e respirou fundo, tentando afastar os pensamentos sobre o que havia acontecido.

Embora ainda sentisse uma leve irritação, aos poucos o aroma do incenso e a música suave a ajudaram a encontrar um pouco de tranquilidade. Sabrina, mais uma vez, encontrou forças na sua própria calma, decidida a não deixar ninguém roubar sua paz novamente.

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