Capítulo 15

Quando recebi o convite para entrar, tudo o que escutei do Adam e do Fernando, saiam da minha cabeça. Eu dei um passo para trás, ele me olhou desconfiado.

Rain: Pode ser outro dia senhor, preciso...

Me virei na direção de uma moça, perto do bebedouro.

Rain: Onde fica o banheiro?

Moça: Fica ali, naquele final do corredor.

Rain: Obrigada!

Olhei novamente para o Gerente.

Rain: Eu volto para o meu setor em seguida, muito obrigado por me mostrar a empresa senhor Roberto.

Falei alto, e algumas pessoas ficaram olham. Dei as costas para ele e corri para o banheiro.

Rain: {Céus! O que eu vou fazer? Será que ele vai ficar bravo comigo? E se ele estiver me esperando quando eu sair? Que situação...}

Esperei mais alguns minutos, e finalmente sai, porém avistei o gerente perto do elevador.

Rain: {Ele deve estar fazendo de propósito! Como vou descer sem ser percebida!? Que situação, "esse homem bem que podia ter uma dor de barriga brava e ficar horas no banheiro!"}

No próximo instante, olhei novamente, ele não estava mais à vista.

Rain: {Que ótimo, ele saiu. Pensei que iria ficar aqui até a hora do almoço.}

Atravessei o setor, e entrei no elevador despreocupada. Entrei novamente no setor nove sozinha.

Adam: Você voltou, que bom.

Lucia: Que bom mesmo, porque estamos cheios de pedidos. Já passa um pouco para ela Adam, a menos que vocês queiram fazer hora extra!

Moisés: Como você é exagerada menina. Já passamos por excessos bem piores e com menos funcionários, esqueceu?

Rain: Pode me passar tudo o que precisar. Estou ansiosa.

Lucia: É, os novatos são assim mesmo. Vamos ver até quando essa, 'eficiência' dela vai durar né?

Trabalhei até o horário do almoço, sem perceber que o tempo passou rapidinho. No elevador, enquanto eu descia, junto do setor nove, fiquei prestando atenção na conversa deles.

Lucia: Olha o dono da empresa K, vai ficar louco se não terminarmos os pedidos dele. Não se lembram ano passado?

Moisés: Ele não deu panetones, para nos catigar.

Lucia: Isso é de menos! O humor do Roberto, ficou péssimo. Ele fez a gente vir no domingo.

Adam: Verdade. Eu me lembro.

Fernando: Vou fazer uma hora de almoço a menos, e voltar logo, para poder adiantar. Não precisam se preocupar. Daremos conta antes do fim de semana.

Moisés: Esse rapaz fala pouco, mas quando fala, é dando conta do recado. Eu não vou, porque marquei de almoçar com a minha família no shopping, eles já estão lá pessoal. Mas quando voltar, darei tudo de mim!

Lucia: Também não posso. Vou fazer as sombrancelhas. Tchauzinho!

O elevador abriu e eles foram se dispersando.

Rain: { Nada me impede de ficar aqui e ajudar eles também. Acho que seria bom, para me enturmar. Ao menos, o tio Victor diria isso.}

Mudei o meu roteiro do almoço. Decidi comer na empresa, e voltar ao trabalho, como o Fernando, disse que ia fazer.

Lembrando das informações sobre o refeitório, eu sabia que o que me aguardava, era uma comida muito melhor, do que qualquer coisa, que eu pudesse, sonhar em cozinhar. A confirmação dessa tese, veio com o cheiro maravilhoso que invadiu as minhas narinas.

Ao me aproximar das mesas, não sabia bem o que escolher, e acabei, colocando um pouco de várias coisas. Peguei a bandeja, e segui para uma mesa mais afastada, onde ainda não havia nenhuma pessoa sentada. Quando relaxei, me assustei ao ver uma bandeja de comida, sendo colocada na mesa bem na minha frente.

Fernando: Tudo bem se eu me sentar aqui?

Rain: Oi Fernando, claro que sim. Sem problemas.

Fernando: Você vai gostar de almoçar aqui na empresa. É de graça, e é como se estivessemos em um restaurante.

Rain: Sim, já estou encantada com isso.

Enquanto o silencio se fazia, porque estávamos com nossas bocas ocupadas, notei que Fernando, era muito bonito. Além de elegante. Era difícil encontrar mutias pessoas bonitas, ao meu gosto por aí. Mas, desde que me mudei, tinha visto muitas. A Angel, a irmão, o Heitor... O Adam também tinha uma beleza, peculiar. Com seus cabelos longos, e um rosto bem desenhado. Quem diria que a fase adulta seria assim?

Após o almoço, voltei para o setor ao lado de Fernando. Adam, já estava lá.

Fernando: Adam? Você trapaceou!

Adam: Na verdade, queria fazer uma surpresa. E com um agrado, vocês querem?

Ele apresentou embalagens, com biscoitos pequenos, amanteigados, e confeitados.

Fernando: São aqueles biscoitos?

Adam sorriu

Adam: Sim.

Fernando: Com certeza eu vou querer.

Rain: Qual é a historia desses biscoitos? Eu fiquei curiosa.

Fernando: São biscoitos especiais...

Rain: Verdade? Porque?

Adam: Fui eu que fiz. De vez em quando, eu gosto de bancar o confeiteiro. Faz tempo que comentei sobre isso com o Fernando, e disse que uma hora eu iria trazer alguns para ele experimentar...

Fernando: Mas ele sempre se esquecia. Eu estava quase achando, que ele era um mentiroso. Você é surpreendente Adam!

Adam: Só espero que vocês gostem. Isso me deixa mais animado para fazer novamente.

Rain: Tem algum problema comer aqui na sala?

Adam: Não. Desde que fique bem longe das impressoras.

Rain: Ok, então vou experimentar o seu biscoito agora mesmo.

Embora a simpatia do Adam fosse contagiante, ela não parecia o tipo de pessoa que faria alguma pegadinha. Pensando nisso, me apressei para morder o biscoito. Ao provar, amei o sabor, de chocolate amanteigado. E também, achei muito bonito. As decorações eram pequenas linhas coloridas. Algumas em ziguezaque, outas em curvas. Eram perfeitamente acimétricas. E as cores, fortes e vibrantes, se destacavam, no marrom do chocolate.

Rain: Isso é praticamente uma obra de arte Adam! Praticamente não. Realmente é uma obra de arte. Está de parabéns. Eu amei.

Adam: Então leva um pacotinho para casa. Eu trouxe bastante.

Rain: Obrigada.

No final do dia, conseguimos dar conta do acumulo de pedidos, mas, uma situação, ainda ameaçava o trabalho bem executado.

Lucia: Gente, falta dez minutos para irmos embora, e o Roberto ainda não veio assinar esses pedidos. Onde ele está?

Adam: Calma! O Moisés está ligando para ele, ali fora.

Lucia: Ai.. To ficando nervosa! Já pensou? Todo esse esforço a toa?

Moisés entrou no setor, segurando o celular.

Moisés: Ele passou mal e foi para casa. Pediu para eu levar os pedidos até ele, e recolher as assinaturas.

Lucia: Passou mal? Como assim? De manhã estava saltitando. O que ele teve?

Antes que Moisés pudesse responder, meus olhos se abriram mais, ao entender o que eu tinha feito.

Moisés: Ele disse que teve uma... Diarréia das fortes mesmo.