CAPÍTULO XIV

Damon observa seu companheiro enquanto esse acelera ainda mais na estrada. Ele aparenta irritação, com um misto de frustração e tristeza. Cris olha para Damon e sorri, mas Damon percebe que é o sorriso social habitual de Cris, quando esse quer fugir de alguma situação.

Damon – O que aconteceu?

Cris – Humm?!

Damon – O que houve? Você está irritado, frustrado e um pouco triste.

Cris desacelera um pouco e olha para Damon – Como?

Damon – Não vou perguntar novamente.

Cris – Nada demais. Sophia conseguiu me irritar.

Damon – Encosta o carro.

Cris – Não! Quero dirigir um pouco mais. Dizendo isso, Cris acelera novamente e volta a olhar para o parceiro, dando mais um sorriso. Damon fica em silêncio, observando seu namorado. Cris segue pela estrada, pisando fundo nos trechos que o permite acelerar. Damon percebe que a irritação foi passando, parecendo que dava lugar ao prazer de acelerar naquela estrada. Damon ri observando Cris e coloca uma coletânea de rock clássico para tocar. Cris sorri, dessa vez um sorriso de felicidade, de prazer.

Ao avistar uma cidadezinha a beira da estrada, Damon pede para Cris pegar a próxima entrada. Agora que Cris voltara a seu humor habitual, Damon queria jantar com ele e descobrir o que ocorreu. Cris acata o pedido e logo encontram uma avenida cheia de restaurantes, próximo a estrada. Damon já conhece essa região e pede para que Cris pare em um restaurante de massa, que fica próximo à entrada da cidade.

Damon – Já estive aqui antes. Esse restaurante é muito bom e podemos descansar um pouco e jantar, antes de seguirmos.

A viagem de carro leva em torno de 04 horas. Anteriormente, a equipe decidiu vir de carro, para conhecer o local e as regiões próximas do futuro projeto, já pensando na possibilidade de ampliar o acesso ao Centro Cultural. Damon já havia feito o mesmo, algumas vezes, quando estava no processo de aquisição do terreno. Agora, queria mostrar alguns pontos desse trajeto para Cris. Ao chegarem no local, após saírem do carro, Damon abraça Cris, olhando em seus olhos, observando aquele lindo homem loiro, com os cabelos bagunçados lindamente em um pequeno rabo de cavalo.

Cris – O que foi?

Damon – Eu que devo perguntar isso, mas vamos deixar para depois. Dando um breve beijo em Cris, Damon lhe dá as mãos e o conduz para um pequeno restaurante. Dentro desse, uma senhora muito cordial lhes dá as boas-vindas e os acompanha até uma mesa para dois. Damon sorri para Cris, que está observando o local, interessado no ambiente acolhedor e caloroso daquele pequeno salão. O ambiente era agradavelmente iluminado, tendo cores claras como base para as paredes e mesas. Em cada mesa havia um vaso com flores campestres, que pareciam recém colhidas. As paredes estavam enfeitadas por quadros coloridos, que apresentavam cenas cotidianas (crianças brincando, um casal realizando um piquenique). No bar, era possível ver uma área com prateleiras claras e bebidas variadas. As janelas grandes permitiam acompanhar o movimento do lado de fora e empregavam uma impressão de ampliação ao ambiente. Cris aparenta ter gostado do local escolhido, deixando Damon satisfeito.

Damon – Alguma preferência?

Cris sorri para Damon – Não, vou confiar na sua escolha.

Damon chama o garçom e solicita o prato da casa, Spaguetti à Carbonara e uma garrafa de Chardonnay. Cris sorri para a escolha de Damon, assentindo satisfeito.

Cris – Já esteve aqui antes?

Damon – Sim, algumas vezes. Passei por aqui enquanto tratava sobre as questões do terreno.

Cris – E você estava acompanhado?

Damon ri, com a expressão de Cris, que se esforçava para disfarçar o ciúmes. – Não, é a primeira vez que venho acompanhado. Cris suspira aliviado, o que faz Damon rir novamente. Ele pega a mão de Cris que está sobre a mesa e acaricia, apertando levemente. – Nunca tive interesse em mostrar meus lugares para outras pessoas. Você é a primeira pessoa que tenho vontade de compartilhar esses pequenos momentos. Cris ruboriza, mas demonstra estar aliviado e feliz, com as palavras de Damon.

Cris – Essa cantada funciona? Cris sorri para o companheiro.

Damon sorri maliciosamente e dá um breve aperto na mão de Cris. – Não sei, o que você me diz?

Nesse momento, o garçom chega com o vinho e serve duas taças. Eles brindam sorrindo e permanecem quietos por alguns instantes, saboreando a bebida. Damon observa seu namorado, que parece estar relaxado e contente. – Está melhor?

Cris – Sim, obrigado!

Damon tem vontade de levantar e beijar seu parceiro, mas controla seus impulsos. O banheiro vem a sua mente e sorri maliciosamente, mas acha melhor não, pois os dois saírem da mesa ao mesmo tempo não seria tão adequado. Damon estava com saudades de Cris e agora está com vontade dele. Cris parece ter percebido os pensamentos de Damon, ficando ruborizado e negando com a cabeça.

Cris – Aqui não!

Damon ri e pisca para o companheiro. Seu pedido chega e ambos passam a apreciar a comida e a companhia um do outro. Começaram a falar sobre a semana, entre uma garfada e outra, e Damon explicou os erros e prejuízos que ocorreram no projeto do exterior.

Damon – Estamos com alguns projetos de Shoppings no exterior e o primeiro projeto correu bem na primeira fase, com a entrega no prazo e dentro das expectativas. No entanto, a equipe responsável está com dificuldade em manter-se dentro das projeções, o que as vezes ocorre, mas os cálculos ficaram muito abaixo do que está previsto atualmente. Os investidores não estão satisfeitos com os custos adicionais e ainda estamos na fase estrutural desse projeto. É provável que precisarei viajar mais algumas vezes, para acompanhar o andamento de perto.

Cris – A equipe responsável não realizou as atualizações no projeto? Não é possível adaptar alguns aspectos, para que possa amenizar as perdas?

Damon – Foi isso que fui resolver. É a primeira vez que trabalho com essa equipe, e minha intenção era que assumissem os demais projetos, mas vou precisar rever a situação, pois os investidores estão pressionando. Por eles, encerraríamos o contrato agora mesmo e colocaríamos outra equipe, mas ainda não é momento. Acredito que eles possam finalizar esse projeto, sem muito ônus.

Cris – A equipe é daqui?

Damon – Sim. Os contratos priorizam que os projetos sejam realizados por equipes de nosso país. Geralmente são realizadas três ou quatro viagens para o local da obra durante a fase inicial e a equipe passa a acompanhar o projeto na fase estrutural.

Cris – Entendo. Cris está pensativo, com os olhos brilhando. Damon sorriu, entendendo a expressão do parceiro.

Damon – Você se interessou por esses projetos!

Cris – Não vou negar. Riu olhando para Damon. – Seus projetos são cada vez mais interessantes. Já estou muito animado com o Centro Cultural, mas não vou negar que eu gostaria de realizar um projeto no exterior.

Damon ri – Quem sabe?! Cris o olha, com expectativa. – Não posso dizer que não passou pela minha cabeça te entregar um desses projetos. Mas antes precisamos realizar o Centro Cultural. Além disso, não quero passar tanto tempo longe de você.

Cris – Eu mexo nas projeções, assim você vai até mim. Diz isso e ri, fazendo Damon rir também. Eles seguem conversando sobre o projeto do Shopping atual, com Cris pontuando, de vez em quando, algumas sugestões.

Damon pede um suflê de chocolate com calda de frutas vermelhas, para que eles possam dividir e Cris mais uma vez sorri para o pedido do namorado. Enquanto esperam a sobremesa, Damon pergunta mais uma vez o que aconteceu para que Cris tenha ficado chateado. Cris encara Damon, que mantém o olhar.

Damon – Sophia colocou algum empecilho durante a reunião?

Cris – Não. Na verdade, ela até se entusiasmou com a ideia do espaço de exposição externo. Mas após a reunião encerrar, ela me pediu para conversamos a sós e eu aceitei. Damon fecha a cara, ficando irritado com a ousadia de Sophia.

Damon – O que ela te disse, para te deixar tão irritado, a ponto de precisar acelerar a mais de 200 km por hora para desestressar?

Cris riu com a observação de Damon – Ela me disse para terminar com você.

Damon – Não acredito que ela ultrapassou os limites assim.

Cris – Não se preocupe. Damon vislumbrou um ponta de irritação no olhar de Cris, que dissipou rapidamente. Cris passou a descrever a conversa com Sophia. Após ouvir o relato, Damon sorriu para o namorado, assentindo a como ele tratou com Sophia.

Damon – Você me encanta cada vez mais, sabia? Damon segura novamente a mão de Cris, levando-a aos lábios. – Me desculpe por você ter que passar por isso.

Cris – Não tem por que você pedir desculpas. Não é você.

Damon – Mas é por minha causa.

Cris – Não. Se trata de Sophia. Hoje eu pude compreender o que você e Mike disseram sobre ela. Ela realimente é uma excelente profissional. Todos os trâmites que tratei com ela discorreram sem problema algum. Mas ela colocou na cabeça que ficará com você de qualquer forma, e a forma como ela lida com isso, a transforma em outra pessoa. Não sei o que ela sente realmente, mas ela não vai desistir tão facilmente e, nesse caso, as decisões não cabem a mim, e sim a vocês.

Damon – Não tem o que decidir. Já deixei claro que, mesmo que terminemos, não ficarei com ela. Acho que o tempo a fará entender. Sua sugestão de colocar o Dom a frente desses contratos foi assertiva. Pelo menos para mim. Além disso, você não precisa se preocupar mais, seu contato com ela será reduzido a partir de agora também, pois ela não acompanha os projetos de perto, a não ser que apresente algum problema com o orçamento ou com as projeções.

Cris – Não estou preocupado. Hoje eu entendi como lidar com ela.

Damon sorri para o companheiro enquanto aceita a sobremesa que chegou. A noite cai lá fora e eles seguem aproveitando o doce e a companhia um do outro.

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Comments

Clesiane Paulino

Clesiane Paulino

fica esperto Cris... cobras como Sophia são traiçoeira 😡

2025-02-22

0

Fátima Alfiery

Fátima Alfiery

ti há que ter aberto a sociedade com essa cobra

2025-03-06

1

Simone Guimarães

Simone Guimarães

acho que ela e ,e aquele assistente dele ainda vão aprontar para separar o casal

2025-02-04

3

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