CAPÍTULO V

Cris acorda em um quarto completamente estranho. Olhando brevemente ao seu redor, nota que o quarto tem uma decoração masculina e minimalista. As paredes são de um tom claro, possivelmente branco. A sua frente vê uma bancada com alguns enfeites e que pode ser usada com escrivaninha. Logo acima, uma tv que deve ter 50 polegadas, desligada. Do seu lado direito, a entrada de um closet e a sua esquerda está a janela, fechada com cortinas escuras, bloqueando a entrada da luz. O edredom é preto acetinado, combinado com os lençóis, também preto. Em cada lado da cama, mesinhas dispostas, de um lado com abajur e um livro apoiado, do outro lado, alguns dispositivos eletrônicos (“uma Alexa talvez?”). Direcionando o olhar para seu lado, percebe que está abraçando um homem de compleição larga, cabelos negros e pele morena. Ao descer o olhar, nota a grande tatuagem de dragão serpenteando as costas do homem musculoso ao seu lado. Retira o braço cuidadosamente de cima do seu acompanhante, tremulando pela verdade que está a sua frente. “Estou na cama com Damon.”

Damon se move na cama, ficando de frente para Cris. Ainda de olhos fechados diz – Vai fugir agora? Tome o café da manhã antes! Abrindo os olhos, encara aquele rosto frágil e assustado a sua frente. Os olhos azuis cristalinos, brilhando com medo e antecipação, os lábios vermelhos serrados levemente. Damon se aproxima de Cris e dá um leve beijo em seus lábios. – Bom dia!

Cris fica imóvel, desesperado com a situação em que se encontra, tentando entender como chegou àquela cama com Damon. Quando Damon o beija, sente uma familiar estranha sensação, sensação de pertencimento, sensação de proximidade. – Não vou fugir! Cris percebe que Damon está completamente nu e olha rapidamente para si mesmo, percebendo que continua com suas calças, mas sem sua camisa. Flashes da noite passada tocam sua mente, enquanto tenta entender o que aconteceu.

Ele se lembra de ter ido para a balada, após a insistência de Lixxie. Estava cansado da semana tumultuada e haviam bebido em um barzinho antes. Na balada, Lixxie o levou para o camarote e beberam mais um pouco... se lembra que, em um determinado momento, Lixxie pegou seu celular dizendo que chamaria o gostosão para a festa e que conseguiu impedir que ela falasse com Damon, desligando a chamada. Depois disso, tudo fica mais nebuloso, com flashes de algumas cenas. Recorda-se de dançar abraçado com Lixxie... de ter visto um homem muito parecido com Damon se aproximar... de ter beijado alguém... “Espera! Damon foi a balada ontem?” Com esse pensamento, se vira para Damon que está o observando em silêncio, e o encara.

Damon – Está se lembrando de algo? Com um sorriso malicioso, Damon se aproxima um pouco de Cris.

Cris – Por que estamos juntos? Você foi à balada ontem? Eu te beijei?

Damon fecha a cara e encara Cris – Voce beijou alguém e não se recorda?

Cris – Eu não sei. Bebi demais ontem. Fazia muito tempo que não saia com a Lixxie, não consigo mais acompanhá-la.

Damon – E você costuma beijar qualquer um quando está bêbado?

Cris – não beijei qualquer um, beijei você. E respondendo sua pergunta, não, não saio beijando qualquer um... apesar de ser solteiro e livre para fazer o que eu quiser!

Damon agarra Cris, puxando-o para si. – Você não é livre! Dizendo isso, Damon beija Cris, encaixando um beijo lento, mas apaixonado. Cris aceita o beijo de Damon, se aconchegando no abraço apertado dele, deixando se levar. Damon percebendo a entrega de Cris, aprofunda o beijo e o puxa para cima de si.

Com o movimento, Cris monta Damon, aprofundando o beijo, permitindo que o desejo o consumisse. Movendo-se lentamente no colo de Damon, Cris passa a beijar seu queixo, mordiscando levemente a pele áspera, pela barba por fazer. Damon geme baixinho, dando o aval para Cris continuar. Esse desce beijando o pescoço de Damon, bem lentamente, saboreando cada pedacinho. Passa pelo peitoral definido, se demorando em seus mamilos. Os músculos do abdômen se contraindo sob a língua hábil de Cris. Damon com a respiração entrecortada, geme a cada movimento de Cris sobre ele.

Damon vira Cris e o deita na cama. Segurando suas mãos acima de sua cabeça, Damon passa a provocá-lo com beijos e mordiscadas. Começando pelo pescoço e descendo pelo corpo esguio de Cris, devolvendo o prazer que acabara de receber. Damon abre as calças de Cris e arranca suas roupas em um movimento rápido. Cris sorri maliciosamente e Damon o vira, colocando-o de bruços na cama. Recomeça a beijá-lo, lentamente, percorrendo toda a espinha dorsal de Cris, que arrepia de prazer. Damon continua as carícias até chegar na bunda de Cris, que é lindamente arrebitada. Damon não se aguenta e da umas mordiscadas, o que faz Cris gemer de prazer. Damon prepara Cris e o penetra lentamente, fazendo Cris sentir cada pedacinho dele, ao mesmo tempo que busca os lábios de Cris. Damon dessa vez não tem pressa, mantendo um ritmo lento e delicado, acariciando o corpo de Cris com as mãos e os lábios. Cris, totalmente entregue àquele homem, aproveita cada onda de prazer, cada sensação nova que Damon lhe oferece...

Cris se virando o máximo para alcançar o ouvido de Damon, sussurra – quero mais! Ao comando de Cris, Damon acelera o ritmo, penetrando cada vez mais fundo. Cris acompanha o ritmo de Damon, em uma dança onde os dois se tornam um. Dessa vez, Cris alcança o ápice primeiro, soltando um gemido tão alto, que faz Damon se entregar e gozar. Ambos exaustos, se mantém naquela posição aconchegante, Com Damon abraçando forte Cris, não querendo que esse fuja.  Ambos adormecem, totalmente relaxados.

Cris acorda nos braços de Damon, que o está observando. – Bom dia! Cris diz dando um sorriso sincero.

Damon – Não saia correndo, por favor!

Cris – Não pretendo ir a lugar nenhum.

Damon dá um breve beijo em Cris e passa a observar aquele homem loiro, de olhos cristalinos que virou sua cabeça de ponta cabeça.

Cris – Desisto. Não vou mais negar o que estou sentindo... Gosto de você, gosto de estar com você... Mas precisamos conversar...

Damon – Mas não agora. Damon solta Cris e se levanta. Estende a mão para Cris o levantando também. Damon conduz Cris ao banheiro, abre a porta do box e liga o chuveiro. Beijando Cris, Damon o conduz para baixo do chuveiro, a água quente caindo sobre seus corpos. Damon continua beijando Cris intensamente, enquanto trocam carícias durante o banho. Após o banho prolongado, tomam um café preparado por Damon e sentam-se confortavelmente na sala. Cris teve que usar muita força para impedir que Damon o puxasse para seu colo, eles precisavam conversar e não seria possível, caso estivesse tão próximo dele. Cris repara na sala em que estão. Novamente a decoração é minimalista num estilo austero. Os móveis em tons escuros, com alguns enfeites estrategicamente posicionados. As paredes brancas expandiam a luminosidade natural da grande janela emoldurada pela cortina em tons escuros, que ornava elegantemente com aquele ambiente. “estranhamente reflete a personalidade de Damon.”

Cris levantando-se e olhando a paisagem pela janela, questiona – Você que decorou seu apartamento?

Damon – É sobre isso que quer conversar?

Cris – É só curiosidade. Achei interessante como a decoração reflete muito de sua personalidade... Minimalista, austero e elegante.

Damon levanta uma sobrancelha e sorri maliciosamente. – Me acha minimalista, austero e elegante?

Cris retorna ao sofá e senta-se de frente com Damon. – Te acho austero, elegante e direto demais. Parte do que me fez interessar por você. Desde nosso primeiro encontro, algo me prendeu e no decorrer dos meses que trabalhamos juntos, me apeguei a você. Não pensei de forma alguma, que teríamos alguma coisa, desejei, mas não esperava..., mas agora que aconteceu, precisamos deixar tudo as claras. Tenho algumas preocupações...

Damon – Não se preocupe. Nossa relação não afetará nosso contrato comercial. Você e sua equipe são excelentes profissionais e eu não perderia uma boa oportunidade comercial por questões pessoais.

Cris – Eu sei o quão sério você é com os negócios e acredito que você não permita que nada impacte em suas relações comerciais. Mas meu escritório ainda é pequeno e você poderia facilmente nos substituir.

Damon – Mas não farei. Mesmo que você decida agora que não teremos mais nada pessoal, isso não impactará em nossa relação comercial. Gosto do serviço que vocês estão entregando e pretendo estender nossa relação comercial.

Cris assente com a cabeça. – Ok!

Damon – Agora podemos falar sobre nossa relação pessoal?

Cris sorri com a franqueza de Damon. – Qual relação? Só aproveitamos bons momentos...

Damon fecha a cara, mantendo um olhar intenso sobre Cris, que percebe que o assunto é sério. – Eu também me interessei por você desde nosso primeiro contato. Eu nunca havia dado atenção a nenhum projeto antes tão de perto. Eu ainda não consigo entender meus sentimentos e essa necessidade de estar sempre perto de você. Quando você fugiu, eu quase enlouqueci, por que foi difícil nos aproximarmos e quando aconteceu, achei que minhas ações teriam afastado você ainda mais. Não estou pedindo que defina o que somos, mas sim, estou deixando claro que quero continuar te vendo.

Cris – Podemos tentar. Como eu disse, não vou fugir. Mas para mim é crucial que isso não impacte em nossa relação comercial, sendo assim, vamos manter as coisas separadas.

Damon – Concordo. Damon puxa Cris para seu colo e o beija demoradamente. Cris se afasta lentamente de Damon, descendo mais uma vez de seu colo.

Damon – O que foi?

Cris ri. – Nada, mas vamos com calma. Agora eu quero que você me ajude a entender como eu vim parar no seu apartamento. Damon dá uma gargalhada gostosa, que lhe confere um ar mais jovial, fazendo Cris perceber que aquele homem a sua frente tem muito mais camadas que havia acreditado. “Damon relaxado é completamente diferente do Damon modo profissional.”

Damon – Do que você se lembra?

Cris – De não deixar a Lixxie falar com você e de estar dançando com ela. Por falar nisso, preciso saber como ela está. Cris se levanta e busca o celular em suas calças. Ao olhar a tela, verifica que há várias chamadas de sua amiga, além de mensagens. Cris pede um instante a Damon e liga para Lixxie, mas a ligação cai direto na caixa postal. Cris manda mensagem, mas não recebe confirmação de recebimento.

Cris – Está dando caixa postal e ela não está recebendo minhas mensagens.

Damon – Agora você sabe como me senti quando você me ignorou... e riu.

Cris fuzila Damon com olhar e olha para seu celular que está acabando a bateria. – Posso carregar meu celular?

Damon – Claro! Usa o meu carregador, está na mesa do quarto. Cris se retira rapidamente para o quarto e retorna em seguida. Senta-se em frente a Damon, observando aquele homem que conhece a tão pouco tempo, mas que se sente tão à vontade... “Esse estranho conhecido, por que parece que eu o conheço a tanto tempo? Por que me sinto tão à vontade com ele?”

Cris – Me conta o que aconteceu?

Damon conta que retornou a ligação até que Lixxie atendeu e disse que haviam bebido. Explica que Lixxie mandou a localização e que foi até a balada onde encontrou os dois dançando. Após se despedir, Lixxie se retirou e não a viu mais.  – Foi quando você disse que estava sonhando e já que estava sonhando ia aproveitar e me beijou. Damon ri divertido, relembrando a situação. – Você cambaleou e não estava mais em condições de continuar. Por isso, resolvi sair da balada, mas como não encontrei mais sua amiga e você não estava em condições de me responder qualquer coisa, resolvi te trazer para meu apartamento, não sabia onde era sua casa e achei que seria muito desconfortável te levar para um hotel. Você dormiu todo o caminho e quando chegamos, desmaiou em minha cama. Eu tirei sua camisa e limpei seu suor, para que você dormisse mais confortável. Foi isso.

Cris – A Lixxie não tem jeito! Obrigado por ir me buscar. Se aproxima de Damon e dá um breve beijo em seus lábios. – Estou preocupado com ela. Ela não tem freios e fazia muito tempo que não saíamos. Ela ainda não retornou minha ligação e eu não sei onde ela possa estar.

Damon – É provável que o telefone tenha descarregado, como aconteceu com você. E que ela esteja em casa. Pelo menos, é o primeiro lugar que você deve procurá-la. Quer que eu te leve?

Cris – Não quero te atrapalhar...

Damon – Não atrapalha. Se eu não pudesse, não ofereceria. Você sabe que sou direto né?! E peço que seja comigo. Qualquer coisa que não goste, me fale. Não fuja e não deixe passar.

Cris – Eu sei o quão direto e incisivo você é. E eu já disse que não vou fugir... E aceito sua carona.

Damon – Ok. Vamos nos trocar e eu te levo para casa. Damon agarra mais uma vez Cris e o puxa para o colo, beijando-o demoradamente. Após um tempo, Damon solta Cris, se levanta e estende as mãos, puxando Cris para se levantar. Ambos retornam ao quarto e se trocam, Cris verificando o celular mais uma vez, sem notícias de Lixxie.

Cris entra no carro esportivo de Damon, observando como aquele carro também complementa a personalidade desse homem, que apesar de austero, gostava de se arriscar. Assim, passa seu endereço para Damon e seguem para sua casa.

Chegando em casa, ao abrir a porta, Cris se depara com uma bagunça de roupas e garrafas vazias, parecendo que a festa teve continuidade.  Começa a recolher as coisas do chão, enquanto convida Damon a entrar. Amaldiçoando Lixxie, direciona Damon para a sala de estar, onde encontra sua amiga deitada no sofá, somente de lingerie, agarrada a um ursinho de pelúcia.

Damon – Parece que a noite dela foi mais interessante que a sua.

Cobrindo a amiga com uma colcha, Cris resmunga – Ela não toma jeito.

Lixxie – Está quente aqui!!! Diz retirando a colcha que Cris acabou de cobri-la. Abrindo os olhos e se sentando no sofá, Lixxie olha para o casal a sua frente, com o amigo fechando a cara e o moreno rindo divertidamente. – Ahh, bom dia querido! Está acompanhado? Olá gostosão! Aproveitou a noite?

Damon – Na verdade aproveitei a manhã.

Lixxie gargalha debochadamente, enquanto Cris repreende Damon pelo comentário. – Desculpe meus trajes, mas estava com muito calor. Já volto. Fique à vontade, a casa é nossa! Dizendo isso, Lixxie se levante e retira-se para seu quarto. Cris ajeita a sala e recolhe o resto das garrafas e taça que estavam na sala. Damon ri do comportamento rígido de Cris e senta-se no sofá a sua frente.

Cris oferece um copo de água a Damon, sentando-se ao lado desse. Damon acaricia o ombro de Cris e pergunta se esse está mais calmo.

Cris – Eu amo a Lixxie, mas ela é tão difícil.

Lixxie – Quando eu fui difícil querido? Lixxie retorna para a sala vestida com um camisão e cabelos presos em um coque. Estende a mão para Damon e se apresenta formalmente – Prazer, Alexandra. Mas pode me chamar de Lixxie ou Lix. Damon se levanta e toma a mão de Lixxie aceitando seu cumprimento. – Apesar de gostar de ser chamado de gostosão, me chamo Damon. Lixxie ri descontraidamente e vira-se para Cris – Amei esse cara. Algema ele!

Cris ruboriza imediatamente e Damon ri. – Acho que serei eu que terei que algemá-lo, dada a mania de fugir que ele tem. Diz Damon rindo. Lixxie gargalha e Cris puxa Damon para sentar-se ao seu lado, fuzilando-o com o olhar. A conversa flui, com Lixxie contando o que aconteceu após ter deixado o casal a sós na balada e explicou que o celular descarregou e só percebeu a pouco, quando foi se vestir.

O telefone de Damon toca e pedindo licença, se afasta para atendê-lo. Anne informa que um dos investidores solicitou uma reunião de emergência sobre o projeto no exterior que apresentou algumas dificuldades.  Damon agenda a reunião para daqui uma hora, informando que no momento não consegue atender. Anne assente e desliga. Damon retorna à sala, onde Cris e Lixxie o recebem com olhares curiosos.

Damon – Peço desculpas, mas preciso ir. Tenho uma reunião com um dos investidores e preciso me preparar.

Cris se levanta e se aproxima de Damon. – Eu te acompanho até a saída.

Damon se volta para Lixxie – Foi um prazer te conhecer formalmente Lixxie. Vamos marcar para continuarmos a conversa.

Lixxie – O prazer é todo meu, ainda mais quando se trata de um gostosão. Bom, nesse caso na verdade o prazer é todo do meu querido! Não deixando de brincar com Cris, Lixxie sorri maliciosamente e dessa vez quem gargalha é Damon.

Damon – Pode deixar que garantirei o prazer do seu querido.

Cris ruboriza mais uma vez e da um tapa de leve nas costas de Damon. Esse ri mais uma vez e se despede de Lixxie, que está jogada no sofá. Cris acompanha Damon até a porta e o beija, se despedindo. – Me avisa quando chegar em casa. Damon responde com um ok e puxa Cris para si, beijando-o intensamente. – Até mais tarde.

Cris retorna para a sala, onde Lixxie o está esperando. – Vocês estão juntos?

Cris – Sim. Estamos saindo, sem rótulos.

Lixxie – Ele é legal. Fala sinceramente e Cris encara a amiga. – Faz tanto tempo que não te vejo feliz assim, parece que ele te faz bem.

Cris – eu mal o conheço, não sei explicar. Quando estou com ele, parece que nos conhecemos a muito tempo. É estranhamente familiar.

Lixxie sorri e oferece o colo para Cris. Esse se deita ao lado da amiga, colocando a cabeça em seu colo. Outro lugar familiar...

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