6 - Carona e Alerta

Após encerrarem a tarde de leitura, logo quando anoitecia, Lin acompanhou Ezra e Vinny até o portão da casa.

Lin: Nos vemos no colégio amanhã, e... Nossa! Esquecemos de contar para ele Vinny.

Vinny: De contar o quê?

Lin: Sobre o acampamento.

Vinny: Ah, sim. É verdade. Ezra, no final de semana que vem. Nossa turma vai passar o final de semana, em um camping de eventos. Não podemos esquecer de pegar a autorização com os nossos pais, e é claro que, tem que me obedecer ok? Eu vou ser um dos líderes.

Ezra: Sem problemas. Acho que vai ser divertido. Eu tenho uma barraca legal, que meu pai comprou. Usamos duas vezes apenas.

Vinny: É ótimo. Temos que arrumar boas barracas. Eu vou pedir ao meu pai para comprar uma.

Lin: É... A gente pode ficar junto? Nós três?

Ambos olharam para a expressão angustiada de Lin.

Vinny: Acho que vai ser apertado para os três.

Ezra: Tem espaço o suficiente na minha barraca. Você pode dormir comigo.

Lin sorriu.

Lin: Obrigada. Eu acho que não vou consegui dormir direito. E se eu ficar sem vocês, aí é que não durmo mesmo. Já pensou se o Guilherme também for?

Vinny: O Guilherme e da outra turma Lin. Ele não vai estar com a gente.

Lin: E o Ricardo? E o Karlo... Sei lá. Por isso, Ezra, não me deixa sozinho tá? Tchau gente, Boa noite!

Ezra: Pode deixar.

Lin sorriu e fechou a porta.

Vinny: Você está fazendo muito mal para ele sabia?

Os garotos foram caminhando pela calçada.

Ezra: Mal? Porque?

Vinny: Ele está ficando dependente de você. Assim ele não vai ter coragem de enfrentar as coisas sozinho.

Ezra: Não tem problema nenhum. Posso proteger ele para sempre.

Vinny: Não Ezra, não pode! Pensa; e quando entrarmos para faculdade ham? Acha que você vai acompanhar ele com as suas notas? Ele vai ter um futuro diferente do seu. Não vai dar para acompanhar ele para sempre.

Ezra: Você só está falando isso porque está com ciúmes. Acertei? Disse que gosta do Lin.

Vinny: Gosto. Eu... me interesso por ele romanticamente. Começou desde o começo desse ano. Eu vi ele de forma diferente... Eu tento fazer ele notar, mas... É difícil.

Ezra: Romanticamente...

Vinny: Sim. Se eu pudesse, namoraria ele.

Ezra: Eu também.

Vinny: Você... Já disse o que sente para ele?

Ezra: Não... Não. Eu não disse nada.

Vinny: Eu também não.

Os dois fizeram alguns segundos de silêncio.

Vinny: {Se ele não falou, com certeza vai dar um jeito de falar. Eu preciso ser mais rápido.}

De repente, uma buzina chamou a atenção dos jovens.

Vinny: A Polícia!?

Ezra: É o Tio do Lin.

Nando: Perdidos meninos?

Vinny: Ah, Oi! Não, estamos voltando para casa.

Ezra: Estávamos com o Lin.

Nando: Eu dou uma carona para vocês, entrem!

Os garotos sorriram e aceitaram, animados por estarem em uma carro oficial.

Vinny: Deve ser muito irado ser Oficial não é senhor Nando?

Nando: Ai, que horror! Não me chama de senhor não. Só Nando, vocês são amigos, ok?

Vinny: Está bem. Então, fala como é Nando.

Nando: Tem coisas muito iradas, mas também tem coisas muito ruins. Tem que ter muita vontade de manter os cidadãos seguros. Isso sim.

Ezra: Parece legal sim. Eu gostaria muito de ajudar as pessoas.

Nando: Sabia que quando eu comecei, eu era pouca coisa mais velho que vocês.

Vinny: Bem jovem então.

Ezra: Eu quero ser oficial também.

Nando: Ezra, acho que você se dará muito bem. O porte você já tem.

...

Nando: Você mora aqui, certo Vinny?

Vinny: Sim. Obrigada pela carona.

Vinny saiu do carro.

Nando: Espera!

Vinny: Sim?

Nando: Por favor, não ande sozinho ok? Façam como hoje, sempre de dois, ou com seus pais.

Vinny: Beleza, entendi.

Vinny entrou na casa.

Ezra: Porque deu esse recado? A gente anda sozinho muitas vezes.

Nando: Justamente por isso. Não andem. A cidade está perigosa. Não parece, mas está. Tomar certos cuidados, e melhor do que arriscar.

Ezra: Entendi.

Nando deixou Ezra em casa, e continuou dirigindo. Meia hora depois, seu carro entrou em uma garagem de condomínio. Ele pegou o casaco, e saiu.

• Edifício Alado - Apartamento 38.

Após tres andares de elevador, ele usou sua chave para abrir a porta.

Logo na entrada, sapatos espalhados, o incomodaram. Nando pegou os sapatos, e guardou no móvel bem ao lado.

Nando: BE?

Caminhando até perto da sacada, ele escutou o chuveiro ligado.

Nando: Está no banho...

Nando olhou ao redor, e havia muitas coisas fora do lugar. Na cozinha, uma pilha de louça. Nando ergueu as mangas, e começou a lavar. Quando já tinha organizado a cozinha, Bernardo Frizan entrou.

Bernardo: Boa noite miudinho.

Nando: Você podia ter lavado a louça não é?

Bernardo: Eu cheguei tão cansado, que só pensei em um banho.

Nando: E àquelas roupas? Não tem lugar certo para elas?

Bernardo: Tem. Vou levar agora.

Nando: Você... Você devia me ajudar um pouco mais.

Bernardo: Desculpa!

Nando: No começo eu até entendo... Você tinha empregados para o servir o tempo todo. Mas, isso já tem anos. Se não vai ajudar no serviço da casa, teremos que contratar uma empregada. Vai ser um gasto a mais, e com isso, vai demorar mais para nossa casa ficar pronta.

Bernardo: É eu sei. Eu já pedi desculpas.

Nando: Só que desculpas não ajuda! Quantas desculpas você já me deu? Quando a gente vai pensar juntos? Você não tem ideia de quanto eu penso em você e... É porque eu amo você. Só que coisas acontecem, e parece que querem me dizer que fiz a escolha errada.

Bernardo: Eita! Do que você está falando? Está estressado de novo? Eu errei. Estou admitindo, vou melhorar.

Bernardo abraçou Nando, pelas costas, e beijou sua nuca.

Nando: Be... Isso não vai ser o suficiente para mim hoje.

Bernardo: Ok, vou deixar você em paz. Vou dormir agora. Amanhã vamos para mais uma busca ao criminoso tarado.

Nando: Você também está nesse grupo? Que bom.

Bernardo: Sim... Tivemos uma pista dele.

Nando: Sério? Onde?

Bernardo: Viram ele na padaria em frente ao colégio Kane.

Nando: Bernardo, Isso é sério?

Bernardo: Sim.

Nando: Temos que alertar o colégio! Os jovens, avisar para ninguém sair sozinho... Caramba! O Lin, os meninos todos estudam no Kane.

Bernardo: Eu disse que deveríamos avisar o colégio, mas é impossível argumentar com o Derek. Ele quer pegar o cara custe o que custar.

Nando: É... Isso é bom. Desde que não coloque ninguém em risco.

Bernardo: Então vai lá falar para ele. Pelo que vemos, ele só escuta você. Saudades da Leona Karen.

Nando: Eu também... Muita.

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