7 - Conselhos de Pai

• Residência dos Berges 7:00

Vinny estava sentando à mesa, na cozinha de sua casa, colocando leite na tigela de cereal. O jovem parecia perdido em pensamentos, quando Sávio Berges, se sentou ao seu lado.

Sávio: Está pensando no quê, filho?

Vinny: Bom dia Pai... Estou pensando no Lin.

Sávio: Você já conseguiu se declarar para ele?

Vinny: Não. Eu sempre perco a coragem. E o pior, é que o Ezra me disse que também gosta do Lin.

Sávio: Não é para menos. Os dois são muito mais grudados do que você e ele. Eu imaginava isso.

Vinny: É. Tanto que entram em confusão juntos. Acredita que o Lin pediu ao Ezra para quebrar o braço de um garoto no colégio?

Sávio: Que extremo. O garoto machucou o Lin?

Vinny: Sim. Mas já tinha parado, e mesmo assim o Lin mandou o Ezra fazer isso. O Ezra parece um cachorro. Tudo o que o Lin faz ele obedece sem questionar. Chega a ser assustador. Bem... Ao mesmo tempo, para mim, muito difícil de quebrar esse elo. Não sei quando eles ficaram assim... Tão próximos.

Sávio: Isso já vem de muito cedo meu filho. E quer saber, é um elo realmente forte. Quando o Lin tinha seis anos, o Ezra salvou a vida dele.

Vinny: É sério? Mas... O Ezra teria o quê? Sete, Oito anos? Como ele o salvou?

Sávio: O Lin tem um outro tio, que provavelmente você não se lembra. O nome dele é Beltran. Um piloto de avião que tinha perdido o emprego e vivia bêbado em jogado em casa. Quando a vó do Lin o levava para dormir com ela. Esse tio ficava muito contente. Ele gostava do menino. Mas uma vez, A senhora pediu que o tio ficasse de olho no Lin, enquanto ela tomava um banho. E o homem que já havia bebido um pouco, de distraiu e perdeu o Lin de vista.

Vinny: Sério Pai? O que aconteceu?

Sávio: Por sorte, ou destino; Brayan havia pego uma carona com o Eder, para voltar para casa. O pequeno Ezra, estava banco de trás do carro. Assim que o carro parou, Ezra começou a gritar. Os dois olharam para ele sem entender. Ele não falava direito. De repente, Eder sentiu que tinha que tirar ele do carro, porque ele puxava e mordia o cinto de segurança, tentando se soltar. Quando o colocaram no chão, o desespero de Ezra não diminuiu. Ele começou a correr para dentro da casa, com o rosto vermelho. Ele começou a tossir e gritar o nome do Lin, enquanto o Brayan e o Eder corriam atrás dele, para tentar o ajudar. Ezra parou ao lado da piscina, e quase pulou para dentro. O Lin estava quase no fundo, e não se movia mais. Brayan em desespero, tirou o menino da água, e fez de tudo para o reanimar. Por muito pouco, ele não morreu. Ficou internado no hospital por uma semana.

Vinny: Não acredito nisso... Como o Ezra sabia?

Sávio: Ninguém entendeu. Mas o Ezra literalmente sentiu o Lin se afogando. Tanto, que tossia, como se ar também faltasse para ele.

Vinny: Uma ligação assim... Isso é possível? Eu já escutei histórias de ligações por marca. Situações que uniram um casal de uma forma tão forte, que até quando um morreu, o outro também acabou morrendo.

Sávio: Onde escutou isso?

Vinny: No colégio. Dizem que foi assim com a antiga diretora. Quando o marido dela faleceu, ela se foi no dia seguinte.

Sávio: É... Pode ser verdade, ou pode até ser coincidência, mas o fato é que uma marca, é sim forte o suficientemente para criar elos como esses. Um outro dia, conto a você, o que uma marca fez com a minha vida. E se não fosse quebrado esse elo, eu nunca teria você em minha vida.

Vinny: Pai!? Conta agora.

Sávio: Não posso. É uma história longa, e preciso que você esteja mais preparado para ver um lado terrível meu.

Vinny: Não consigo imaginar algo assim vindo do senhor. Sempre briga pelo que é certo.

Sávio: Sim, mas eu quase me perdi no passado. Bem, esqueça por agora, está bem?

Vinny: Está bem. Sabe... Só depois de uma certa idade, conseguem indentificar se somos Alfas, Betas ou Ômegas... E só depois disso, conseguimos desenvolver o extinto de "Marcar" certo?

Sávio: Certo.

Vinny: Então o Ezra e o Lin não poderiam ter feito algo assim quando crianças. O que até poderiam ter acontecido, porque o Lin, estava sempre beijando e abraçando a gente. A Marca se faz à uma extrema necessidade de demostrar afeto.

Sávio: Sim, e quase noventa e oito por cento das vezes, no meio de uma relação sexual.

Vinny: Certo. Nesse caso, a menos que o Lin tivesse um poder assim, mesmo pequeno... Porque essa ligação? E só dos dois. Eu também seria ligado a ele.

Sávio: As vezes, existem coisas que são um grande mistério.

Vinny: Só que eu não posso só aceitar esse mistério. Eu preciso quebrar esse elo Pai. Eu me apaixonei pelo Lin. E quero ficar com ele. Vou lutar! E mesmo que eu fosse alguém de fora dessa história, também escolheria deixar o Lin comigo. O Ezra é uma pessoa maravilhosa, eu reconheço. É um bom amigo, e tem um coração enorme. Só que ele não combina com o Lin. E não vai saber o ajudar da forma correta. O Lin é inteligente, organizado, idealista, firme. Ele é sociável, diferente do Ezra. Mas o Lin está ficando cada vez mais medroso. Ele tem medo dos meninos, medo de doenças... Daqui a pouco pai, ele não vai mais sair de casa. Eu sim, entendo o que é melhor para o Lin. Preciso conquistar ele.

Sávio: Entendo. Nesse caso, se declare ao Lin primeiro que o Ezra. E depois, faça o possível para descobrir tudo o que ele gosta, os planos que tem. Os pequenos desejos. Realize todos que puder. Dessa forma, ele vai considerar, ter você por perto, muito mais que o Ezra. E continue com esse pensamento. Você tem mesmo que o ajudar a vencer essas dificuldades. Não se esconder delas. Tenho muito orgulho de você Vinny.

Vinny sorriu. E a abraçou o Pai.

Vinny: Obrigada Pai.

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