4 - Carinho

Distraídos por alguns minutos, na biblioteca do colégio, Lincon e Inácio, procuravam por um livro.

Inácio: Li?

Lincon se aproximou do garoto.

Lin: Encontrou?

Inácio: Não.

Lincon olhou no local bem a frente do ombro de Inácio.

Lin: Ele está bem aqui! A Maldição da Lua Minguante. Como não achou ele? Com essa capa incrível, ele é muito chamativo. É maravilhoso.

Inácio: Na verdade eu acabei esquecendo o livro. Não me interesso por esse título tanto quanto você. Estava pensando... Na verdade, queria te perguntar uma coisa.

Lin: Pode perguntar o que quiser.

Inácio: Você gosta do Vinny?

Lin: Se eu gosto? Ah, não! Eu não gosto. Quero dizer sim, mas só como amigo. Nada de mais... Porque? Você... Gosta dele?

Inácio: Não.

Lin: Então... Você gosta de mim?

Inácio: Eu pensei que estava óbvio... Estou envergonhado agora.

Lin: Isso é bom. Porque eu tenho pensado em você, só que, achei que não teria uma chance... Eu não sou bem, o tipo de Alfa que normalmente procuram.

Inácio: Você é "um tipo de alfa" interessante para mim.

Inácio sorriu e puxou as mãos de Lincon ao redor de sua cintura. Os lábios se tocaram por alguns instantes, até os dois se afastarem com receio.

Lin: Espera! Isso... Foi muito rápido.

Inácio: Qual o problema? Nunca beijou ninguém?

Lin: Sim... Claro que beijei. É que isso é um pouco arriscado.

Inácio: Não dizem que essas coisas são mais excitantes? O que é escondido?

Lin: Eu acho que você tem razão, mas, mesmo assim, acho melhor nós irmos. A moça da biblioteca estava de olho.

Inácio: Caramba, você é muito certinho. Ok. Então, vamos nos encontrar depois da aula?

Lin: Não dá, meu pai vem me buscar.

Inácio: Eu adoro esse seu jeitinho de garoto do papai. Tudo bem, marcamos um encontro amanhã, pode ser?

Lin: Claro! Claro que sim. Amanhã está perfeito!

Lincon viu o garoto ir na frente, e suspirou olhando para ele.

Lin: {Eu não consigo acreditar nisso... Realmente dei o meu primeiro beijo de verdade!?}

°°°

Saltitando pelos corredores, Lin esbarrou em Ezra.

Ezra: Que bom que encontrei você. Fiquei preocupado. O Guilherme não vem por esses dias, mas, aquele amigo dele, estava no portão.

Lin: O gordinho?

Ezra: Sim. Era um grande.

Lin: Quê grande Ezra!? Grande é você. O Ricardo não tem músculos. Certeza que ele vai querer me encher o saco, só para dizer que está mantendo as coisas do jeito do Guilherme. Que se dane! Eu não ligo para ele... E nem para ninguém no momento.

Ezra: Porque está tão contente?

Lin: Ezra! Você não vai acreditar!

Ezra: Fala, o que foi?

Lin: Eu dei o meu primeiro beijo. Sabe? Beijo mesmo. De verdade! Não igual eu fazia com vocês quando eramos crianças.

Ezra: Beijo!?

Lin: Sim! Beijo.

Ezra: E quem você beijou?

Lin: O Inácio!

Ezra: Lin, o Inácio é aquele chato fez o clube de Basquete sair da sala oito.

Lin: Claro. Ele precisava de um lugar para o clube do livro.

Ezra: Ele fala muito, e conta mentiras, e além de tudo sorri de uma forma estranha.

Lin: Alguém falou para você que ele só conta mentiras?

Ezra: Não, mas eu sei ver. Eu estou feliz por você, mas, por favor tome cuidado.

Lin: Relaxa Ezra. Você está sempre suspeitando de todos, isso é bom. Mas, com o Inácio não precisa se preocupar. Ah, Olha só o que eu tenho aqui!

Ezra: "A Maldição da Lua Minguante"!?

Lin: Isso!!! Só tem um na biblioteca. Consegui pegar emprestado. Vamos ler na minha casa hoje depois da aula?

Ezra: Sim, com certeza. Você vai chamar o Vinny, ele também queria conhecer a história.

Lin: Será? Eu acho que ele prefere ler sozinho. Já você... Tem dificuldade em interpretar, e adora me ouvir né?

Ezra: Sim... Eu adoro.

Lin: Uhuuuuuu! Então combinado.

•••||•••

• Residência Olid, 14:00

Ezra saiu de seu quarto todo perfumado, usando a camisa azul petróleo que Lin experimentou no dia anterior.

Gregg: Nossa filho! Vai em um encontro?

Ezra: Não. Eu vou na casa do Lin. Posso ir andando?

Gregg: Melhor não. É muito longe eu...

Louis: Ainda não consegue dirigir Gregg?

Gregg e Ezra olharam para o homem de cabelos cacheados, entrando na casa.

Ezra: Tio!

Gregg: Oi Louis... Quase me deu um susto. Entrou tão silenciosamente.

Louis: Foram vocês que me deram a chave.

Gregg: Você está bem?

Louis: Sim.

O homem sorriu

Louis: Não se preocupe comigo. Ezra, quer que eu te leve?

Ezra: Sim, mas o senhor acabou de chegar.

Louis: Não tem problema algum. Eu vim para sair um pouco de casa mesmo. Não importa para onde, eu só precisava sair.

Ezra olhou para Gregg, que assentiu com um gesto de cabeça, e um olhar triste.

Ezra: Então eu quero tio. Obrigada.

O carro saiu a destino da casa de Lincon Frizan.

Louis: Acho que eu deveria perguntar como está na escola... Tudo certo?

Ezra: Mais ou menos. Sinto falta das suas aulas. Eram as melhores para mim.

Louis: Estou voltando para o colégio amanhã.

Ezra: Sério!!? Que ótimo tio.

Louis: E o resto?

Ezra: Tudo igual. Eu ainda sou o mostro lerdo do colégio. Eles não fazem bullying comigo porque me temem. Caso contrário, eu seria uma bela piada.

Louis: E você se importa com isso?

Ezra: Só as vezes.

Louis: Sabe, eu já contei que consigo escutar tudo em grande uma distância não é?

Ezra: Sim. Parece um superpoder.

Louis: Sim. E você é muito mais poderoso do que eu. Não tem que se envergonhar disso tá bom?

Ezra sorriu orgulhoso de si mesmo.

O carro parou na frente da casa dos Frizan.

Louis: Por favor, diga os pais do Lin, que eu mandei um abraço.

Ezra: Tá bom, tio. Muito obrigado.

•••||•••

• Residência dos Frizan 14:45

No portão, Ezra foi recebido por Brayan que já estava do lado de fora, sem camisa, e com um pincel largo em sua mão.

Brayan: Oi Ezra, tudo bem?

Ezra: Tudo sim... O que o senhor está fazendo?

Brayan: Ah, eu estava passando óleo nos eixos do portão. Tirei o dia para fazer algumas manutenções na casa. Eu já terminei aqui. Ezra... Era o Louis no carro?

Ezra: Sim. Ele apareceu hoje lá em casa. Parece bem melhor. Até disse que ía voltar a dar aulas.

Brayan: Isso é uma notícia muito boa. Vem, vamos para dentro.

No interior da casa, Lara desenhava sentada no tapete da sala.

Lara: Ezraa!!!

Lara subiu no encosto do sofá, e se jogou nos braços de Ezra, demostrando total confiança de que ele iria segura-la.

Ezra: E aí Irmãzinha? Como você está hein?

Brayan: Filha, não faz isso! E se ele estivesse distraído? Poderia ter caído.

Lara: Mas ele sempre me pega Pai... Desculpa.

Brayan: É só ter mais atenção tá bom?

Brayan acariciou a os cabelos de Lara.

Brayan: Onde está o Papai?

Lara: Ele foi para o quarto deitar um pouquinho.

Brayan: Vou ver ele.

Ezra: O tio Alisson passou mal de novo?

Brayan: Espero que não. Ele estava muito bem.

Apressado, Brayan deixou a sala caminhando diretamente para o quarto do casal. Ele abriu a porta, e viu Alisson deitado na cama.

Brayan: {Ok Brayan. Não preocupe ele. Se recomponha!}

Alisson: Já terminou o portão? Que bom. Eu queria pedir um favor.

Brayan: Sim, terminei. Pode me falar o que precisa?

Brayan foi ao banheiro, lavar suas mãos.

Alisson: Minhas pernas estão doloridas. Eu tinha uma encomenda de bolo, fiquei muito tempo em pé... Queria... Uma massagem.

Brayan: Então, seu desejo é uma ordem.

Brayan começou a massagear as pernas de Alisson.

Alisson: Você é o melhor marido que alguém poderia sonhar em ter, sabia?

Brayan: Obrigada pelo elogio. Mas eu acho que poderia ser melhor. Queria tirar todas as suas preocupações.

Alisson: Você tirou. Hoje eu sei, que só preciso de você ao meu lado, e posso enfrentar tudo. E, eu não estou só elevando a sua moral, é a verdade. Você é carinhoso, paciente, amável. Cuida muito bem dos nossos filhos, e quem diria que quase não íamos conseguir ter um, e hoje temos dois filhos!?

Brayan: É verdade.

Alisson: Eu só acho, que eu não poderia ser mais feliz, sabe? As vezes me sinto frustrado, porque eles são pequenos, e não tiveram uma saúde perfeita. Mas acredito que estão cada dia mais saudáveis. Além de serem duas crianças tão bonitas não é? Eu sei que não falo isso porque somos os pais. Eu ouço muitas pessoas dizerem que eles tem uma beleza encantadora.

Brayan: É verdade. Eles são notáveis. Mas, isso porque puxaram a sua beleza.

Alisson: Não é verdade. São só os meus cabelos.

Os dois riram.

Alisson: Estou melhor agora. Vem cá!

Alisso abraçou Brayan, o deitando sobre seu colo.

Alisson: Quero cuidar de você também...

Enquanto acariciava os cabelos de Brayan, Alisson sorria.

Alisson: Nossa alimentação está boa, temos sobremesas que você gosta, consigo te ajudar nas despesas, com a confeitaria... O que mais posso fazer por você querido?

Brayan se levantou e olhou nos olhos de Alisson.

Brayan: Nunca me deixe.

Alisson: Brayan... Você está com medo não é?

Brayan se demostrou comovido.

Alisson: Eu sei... É assustador pensar nessas coisas. Mas é o destino amor. A gente não pode travar de medo. E depois, eu juro que estou bem. Esses sintomas são normais para mim.

Brayan: É que... Ele estava passando mal com frequência e...

Alisson: Eu sei. Mas também disseram que ele já tinha problemas de saúde desde a adolescência. E uma vez, dispararam contra a cabeça dele. Só naquele dia, ele sobreviveu por um milagre. Era mais velho que a gente, poucos anos, é verdade, mas...Bem, o fato é que muitas pessoas saudáveis também se vão de repente. Não tem como saber. Mas não podemos viver com medo.

Brayan sorriu

Brayan: Você tem razão. Me perdoe.

Alisson: Acha que eu também aguentaria viver sem você?

Brayan: Meu amor...

Alisson: Sofreria muito. Mas por nossos filhos, temos que prometer que quem ficar vai ser firme até o momento de nos encontramos de novo. Tá certo?

Brayan: Sim. Combinado.

O casal se beijou, aliviando a tensão da conversa.

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