Júlia estava sentada na sala de estar, o som da televisão ao fundo ecoava pela casa, mas ela não estava prestando atenção. Seus pensamentos giravam em torno dos últimos acontecimentos. A conversa com Miguel a deixou atordoada. Não era só a confusão entre eles, mas também a sensação de que algo maior estava acontecendo. Desde que Luísa chegara ao colégio, tudo parecia fora do lugar.
Ela suspirou, afundando no sofá, quando sua mãe entrou na sala, secando as mãos no avental.
— Júlia, está tudo bem? — A mãe perguntou, notando o olhar distante da filha.
— Não sei, mãe. — Júlia respondeu, hesitante. — Eu e o Miguel... as coisas estão complicadas.
A mãe sentou-se ao lado dela, com um olhar compreensivo. — Relacionamentos na sua idade podem ser difíceis. As emoções estão à flor da pele, e às vezes a gente não consegue entender o que está sentindo.
Júlia olhou para o lado, tentando segurar as lágrimas. — Eu só... sinto que ele está se afastando. Tem muita coisa acontecendo. As fofocas, a Luísa... Eu não sei o que fazer.
— Você ama o Miguel? — A mãe perguntou, sua voz suave, mas direta.
Júlia mordeu o lábio, pensativa. — Eu acho que sim. Mas é difícil saber com tudo isso acontecendo. Às vezes parece que estamos nos afastando, e eu não sei se consigo segurar isso sozinha.
— Amar alguém não significa que tudo será sempre fácil. — A mãe colocou a mão no ombro dela. — Vocês são jovens, têm muito o que aprender. Mas se ele é importante para você, talvez precise confiar um pouco mais no que vocês têm juntos, e menos no que os outros dizem.
As palavras da mãe de Júlia a acalmaram um pouco, mas ainda havia um peso em seu peito que não conseguia ignorar. Ela sabia que uma parte do que estava acontecendo não dependia só dela.
— Obrigada, mãe. — Júlia sorriu, um sorriso pequeno, mas sincero.
— De nada, filha. Agora vai descansar um pouco, você está sobrecarregada com tudo isso.
Júlia assentiu, mas em vez de ir para o quarto, decidiu dar uma volta pela casa. O ar fresco do lado de fora parecia promissor, talvez clareasse um pouco a mente. No caminho para a escola, ela sentia o peso das incertezas crescendo, principalmente em relação a Miguel.
Na escola, o clima parecia o mesmo: tenso. Luísa estava em todos os lugares e os cochichos sobre Miguel e ela só aumentavam. Júlia não queria ouvir, mas era impossível ignorar.
Durante o intervalo, Júlia estava sozinha perto das quadras quando Lucas, um colega de classe, se aproximou. Ele era um garoto quieto, mas sempre gentil com ela. Algo no olhar dele naquele dia parecia diferente, como se ele soubesse o que estava acontecendo.
— Oi, Júlia, tudo bem? — Ele perguntou, com um sorriso que parecia esconder algo a mais.
— Oi, Lucas. — Ela respondeu, surpresa com a abordagem.
Lucas coçou a nuca, meio nervoso. — Eu sei que você está passando por uma situação complicada com o Miguel... e... bom, eu queria te dizer que se precisar conversar, eu estou aqui.
Júlia olhou para ele, tentando entender. Ele parecia genuíno, mas algo na oferta soava estranho.
— Obrigada, Lucas. — Ela respondeu, hesitante. — Mas eu não sei se conversar vai resolver tudo isso.
Lucas deu um passo mais perto, e o olhar dele se intensificou. — Às vezes, você só precisa de alguém que realmente esteja do seu lado, sem complicações, sabe? Alguém que te valorize como você merece.
Júlia ficou surpresa com o tom dele, e de repente, uma luz vermelha acendeu em sua mente. Ela sabia que Lucas tinha uma boa reputação no colégio, mas nunca tinha imaginado que ele estivesse tão atento a sua situação com Miguel. De certa forma, aquilo a incomodava.
— Lucas, eu aprecio sua preocupação, de verdade. — Ela respondeu, tentando ser educada, mas firme. — Mas o que eu e o Miguel estamos passando... é complicado, sim. Mas não sei se essa é a solução.
Lucas deu um meio sorriso, percebendo que seu plano não estava funcionando exatamente como queria.
— Só pense no que eu disse. Você não precisa ficar presa em uma situação que te faz mal.
Com isso, ele se afastou, deixando Júlia ainda mais confusa. Agora, além das fofocas sobre Miguel e Luísa, ela sentia que estava sendo pressionada de outra direção.
Enquanto o dia seguia, Júlia não conseguia parar de pensar naquela conversa. Estaria Lucas realmente tentando ajudar, ou havia algo mais? E, mais importante, como ela poderia lidar com tudo isso sem perder o controle?
Quando voltou para casa naquela tarde, sua mente estava uma bagunça. A conversa com Lucas a deixara em um estado de alerta, mas as palavras de sua mãe ainda ecoavam em sua mente. Ela sabia que teria que ter uma nova conversa séria com Miguel, mas agora com mais clareza sobre o que queria para si mesma.
Júlia decidindo que precisa confrontar não apenas as fofocas, mas seus próprios sentimentos, tanto sobre Miguel quanto sobre as novas forças externas que estavam tentando interferir. Ela sabia que uma grande decisão estava se formando no horizonte, e isso traria ainda mais conflitos no relacionamento deles.
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Atualizado até capítulo 55
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