Capítulo 5

Thailor caminhava com o coração batendo forte enquanto se aproximava do escritório de Dimitrei. O espaço que o recebia ao cruzar a porta, majestoso e elegante, apenas aumentava seu nervosismo. A decoração sóbria mas imponente refletia o poder do homem que o esperava lá dentro.

Para Thailor, um funcionário que apenas começava a se destacar na empresa, uma reunião privada com Dimitrei Uvarov era uma honra, mas também um desafio monumental. Mais ainda, depois de ter apresentado para o homem que liderava um dos maiores impérios da indústria.

A ansiedade o dominava. Sua mente repassava cada palavra, cada gráfico de sua apresentação. Teria ido bem? Teria deixado passar algum erro crítico? Apesar de ter praticado até a exaustão, o nervosismo não o abandonava enquanto cruzava o umbral em direção ao escritório, onde Dimitrei já o aguardava, de pé junto a uma enorme janela, observando-o com um olhar firme e impenetrável.

Dimitrei, que passava a maior parte do tempo na Rússia, raramente visitava a sede na América. Este fato não fazia mais do que aumentar as dúvidas na mente de Thailor. Por que Dimitrei estava ali naquela ocasião? Seria para apontar alguma falha que outros haviam ignorado?

A porta se fechou atrás dele com um leve clique, e Dimitrei, sem se mover, indicou com um gesto sutil que se sentasse em um sofá próximo.

—Sente-se ali — ordenou o alfa, sua voz baixa mas autoritária.

O peso do seu olhar fazia Thailor se sentir exposto, como se cada um dos seus segredos estivesse à mostra. Engoliu em seco, tentando manter a compostura enquanto obedecia.

—Cometi algum erro na minha apresentação, senhor? — perguntou, tentando soar tranquilo, embora por dentro sentisse tudo tremer.

Era o momento que havia antecipado e temido ao mesmo tempo. Esperava algum sinal, qualquer coisa que lhe desse um indício do que Dimitrei pensava.

Dimitrei caminhou calmamente até ele e se sentou no sofá em frente a Thailor, inclinando-se para trás com aparente relaxamento. Seus olhos continuavam fixos nele.

—Você fez um bom trabalho. Diria que foi impecável — disse finalmente, seu tom tão neutro que Thailor tinha dificuldade em interpretar suas intenções. — No entanto, há algo que quero de você.

O alívio que Thailor sentiu foi quase palpável, mas a incerteza não desaparecia. O que Dimitrei poderia querer dele?

—É algo relacionado ao trabalho? Serei transferido? — perguntou com cautela, sua mente buscando possíveis explicações.

Dimitrei não respondeu de imediato. Em vez disso, ficou olhando-o por mais um instante, como se estivesse avaliando cada aspecto de Thailor antes de falar.

—Espere o meu assistente — disse por fim, com um tom que não deixava espaço para objeções. — Solicitei seu dossiê e tomarei uma decisão depois de analisá-lo.

O tempo passou lentamente. Depois de alguns minutos, Tony, o assistente de Dimitrei, entrou no escritório com uma pasta grossa na mão. Entregou-a sem dizer palavra, e Dimitrei a pegou, começando a folheá-la com atenção.

Thailor observava em silêncio, sentindo a tensão aumentar a cada segundo que Dimitrei passava revisando os documentos. O que ele estaria procurando? Sabia que havia sido contratado após um processo seletivo rigoroso, mas agora começava a duvidar se havia algo em seu histórico que pudesse ter passado despercebido.

Vinte minutos pareceram uma eternidade enquanto Dimitrei examinava cada detalhe, e Thailor começava a se perguntar se ele também estaria analisando seu passado familiar conturbado. Aquelas lembranças de seu pai, a confusão de problemas legais e as disputas pela herança eram temas que preferia esquecer.

Finalmente, Dimitrei fechou a pasta e a deixou sobre a mesa. Seus olhos voltaram a se fixar em Thailor, que sustentou o olhar, consciente de que a franqueza era algo que Dimitrei valorizava em seus interlocutores.

—Você gosta de trabalhar aqui? — perguntou Dimitrei de repente.

—Com certeza. Trabalhar aqui é um sonho para qualquer um, e eu não sou exceção — respondeu Thailor com sinceridade.

Dimitrei inclinou-se ligeiramente para a frente, e o clima na sala pareceu ficar mais pesado.

—Vou lhe oferecer um trabalho, mas será fora de suas funções habituais — começou Dimitrei, seu tom calmo mas carregado de tensão. — Pagarei muito mais por isso. Mas se não aceitar, terá que deixar a empresa.

O mundo de Thailor pareceu desabar naquele instante. Não tinha ideia de que trabalho se tratava, mas o peso do aviso de Dimitrei o atingiu em cheio.

—Quero que seja meu parceiro exclusivo por tempo indeterminado — disse Dimitrei, sem rodeios. — Vou levá-lo para a Rússia, apresentá-lo ao meu pai, e terá que cumprir esse papel até que eu decida o contrário. Não aceito um não como resposta. Se recusar, terá que deixar seu posto aqui.

As palavras caíram como um martelo sobre Thailor. O ar na sala ficou mais denso, e uma sensação de incredulidade o invadiu. Precisava daquele emprego desesperadamente. Trabalhar na empresa de Dimitrei tinha sido sua maior ambição, mas aquela oferta ia muito além de qualquer coisa que pudesse ter imaginado.

—Está bem, aceito — disse por fim, embora a rapidez com que pronunciou aquelas palavras não refletisse o turbilhão de emoções que o consumia por dentro. Dimitrei assentiu, satisfeito.

Thailor sabia que sua vida mudaria drasticamente, mas o que o esperava ao lado de Dimitrei ainda era uma completa incógnita.

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