Cap. 19

Rodrigo e Aurora, trocaram olhares e sorrisos breves, como se quisesse dizer algo que estava preso na garganta.

_Boa noite. Desejou Aurora. _Acho que você também está cansado.

_Sim, estou.Boa noite, Aurora. Até amanhã. Rodrigo se despediu indo em direção ao seu quarto enquanto Aurora entrou de volta no quarto de Malú.

Ao fechar a porta o quarto, Rodrigo se encostou contra ela, soltando um suspiro longo, como se o peso de algo estivesse o sufocando.  Ele olhou em volta de seu quarto, mas sua mente estava distante, repleta de pensamentos que não o deixavam em paz. Desde sua separação, ele havia se concentrado inteiramente em Malu, na empresa e na recuperação emocional. Nunca imaginou que, depois da decepção com Júlia, pudesse se interessar por outra pessoa, e que pudesse ser de forma repentina.

_Mas por que agora? Ele se perguntou, caminhando até a cama e sentando-se na beirada. _Por que ela? Havia algo em Aurora que o fazia se sentir diferente, mas ao mesmo tempo, ele estava inseguro. A última coisa que queria era abrir seu coração para outra desilusão. Ainda assim, os olhares que haviam trocado, os pequenos gestos e a maneira como ela cuidava de sua filha, tudo criava uma conexão que ele não conseguia ignorar.

Enquanto isso, Aurora foi para o banho, e deixava que a água quente do chuveiro caísse sobre ela, numa tentativa de relaxar. Mas, por mais que quisesse afastar os pensamentos sobre Rodrigo, sua mente insistia em voltar para ele. O jeito como ele olhava para ela, o cuidado com Malu e até mesmo os gestos simples de gentileza... Tudo isso estava mexendo com seus sentimentos de uma forma que ela não esperava.

_ Eu devo estar muito carente, vendo coisas que não existe... Isso não pode acontecer...

Aurora se repreendia, com medo de tudo que sentia. Ela fechou os olhos se lembrando da primeira vez que o viu, e do reencontro inesperado.

_ Eu estou aqui para trabalhar e cuidar de Malú. Não posso misturar as coisas...

Por mais que tentasse afastar o que sentia, Aurora sabia que já havia algo mais forte crescendo dentro dela, algo que ela não sabia como controlar.

Enquanto vestia a camisola, decidiu que precisava controlar o seu lado emocional, e agir com a razão.

_ Eu tenho que me manter focada, pensar na minha filha e no trabalho. Nada mais. Repetia para si mesma, tentando convencer-se de que poderia manter os seus sentimentos sob controle.

Pouco tempo depois, Aurora se deitou, mas a insônia a pegou de jeito. Deitada ao lado de Luna, ela observava os clarões dos relâmpagos refletirem nas cortinas da janela. O som distante dos trovões quebravam o silêncio. Aurora suspirou, não que ela tivesse medo de chuva, mas porque o sua mente continuava agitada.

Tomar um pouco de chá, sempre a ajudava a dormir quando estava sem sono,  então, depois de hesitar um pouco, Aurora decidiu se levantar e ir até a cozinha.

Enquanto isso, em seu quarto, Rodrigo também estava desperto. Seu corpo, exausto, recusava-se a ceder ao sono. Seus pensamentos iam e voltavam sempre para Aurora e para os sentimentos confusos que surgiam cada vez que ele a via.  A proximidade dela o desestabilizava, e ele não conseguia ignorar a forma como sua presença parecia lhe afetar.

Depois de virar-se na cama várias vezes, ele decidiu se levantar e caminhar um pouco pela casa, na esperança de que isso o ajudasse a relaxar e enfim dormir.

Ao descer as escadas, Rodrigo notou que a luz da cozinha estava acesa. A primeira hipótese que surgiu na sua mente, foi a de que haviam esquecido a luz acesa, por isso ele seguiu em direção a cozinha para apagar a luz. De repente, um forte trovão ecoou e tudo ficou escuro, indicando que a energia havia caído por causa da forte chuva que caía naquele momento.

Cauteloso, Rodrigo desistiu de ir para cozinha, tentando enxergar algo na penumbra, mas a falta de luz tornava isso quase impossível. Foi então que ele esbarrou em alguém que quase caiu.

 Aurora, que estava no meio do caminho, também foi pega de surpresa pela escuridão e perdeu o equilíbrio ao se chocar com ele.

Rodrigo a segurou pela cintura, impedindo a sua queda, enquanto ela se agarrou em seus braços.

_Aurora...

_Rodrigo... Aurora respondeu, sentindo o coração disparar ao escutar a voz grave e quente dele  perto do seu ouvido.

Por um breve momento, ficaram assim, parados. Aurora estava envolta pelo calor dos braços dele, e Rodrigo, sentiu o perfume suave de sua pele misturado com o cheiro do hidratante que ela havia usado após o banho.

_Desculpa, eu... tinha ido a cozinha fazer chá … Pediu Aurora tentando disfarçar o nervosismo que crescia dentro dela.

_Está tudo bem… Rodrigo não se moveu, a única que ele queria era em sentir o cheiro que vinha dela.

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