Cap. 4

Rodrigo tirou licença do trabalho, e como estava à frente os negócios da família, o pai propôs voltar a trabalhar até que ele se sentisse seguro para retornar as atividades. Ciente de que os primeiros dias de vida de Malú seriam cruciais e exigiriam toda a sua dedicação, Rodrigo estava determinado a ser o pai presente e amoroso que sua filha precisava, mesmo que isso significasse enfrentar desafios que nunca havia imaginado.

A rotina logo se mostrou mais difícil do que ele esperava. As noites sem dormir eram longas, entrecortadas por choros, trocas de fraldas e as mamadas que pareciam intermináveis. Rodrigo se via constantemente entre a cozinha, onde preparava a fórmula para recém-nascidos, e o quarto de Malu, onde a embalava com cuidado. Ele se esforçava para seguir as instruções que havia aprendido na maternidade, com a enfermeira que cuidadva da filha, e lia tudo que encontrava sobre cuidados com recém-nascidos, mas nada parecia suficiente para aplacar suas inseguranças.

A alimentação, em particular, era uma fonte constante de preocupação. Rodrigo alternava entre o leite materno que recebia do banco de leite da maternidade e fórmula para recém nascidos. Ele sabia que o leite materno era o melhor para Malu, mas a quantidade fornecida, na maioria das vezes, era suficiente. Isso o deixava angustiado, temendo que Malu não estivesse recebendo todos os nutrientes de que precisava. Cada mamada era um momento de tensão, seguido de um alívio temporário quando via a filha satisfeita.

Apesar de todo o cansaço, havia momentos que faziam tudo valer a pena. Quando Malu adormecia em seus braços, Rodrigo sentia paz, um sentimento de que, de alguma forma, estava conseguindo dar o que ela precisava. Esses pequenos momentos de conexão, em meio ao caos das noites mal dormidas e dos dias sem fim, eram o que o mantinham firme.

Ângela, sua mãe, era seu porto seguro durante esse período. Desde que ele havia chegado da maternidade com a filha, ela estava presente, ajudando com as tarefas, dando conselhos e, principalmente, oferecendo apoio emocional. Ela observava Rodrigo com admiração, sabendo o quão difícil era para ele assumir sozinho todas aquelas responsabilidades. A cada vez que via o filho embalando Malu, ou tentando acalmá-la com palavras doces, seu coração se enchia de orgulho do homem que havia criado.

_Rodrigo, você está fazendo um trabalho maravilhoso. Elogiou Ângela olhando para Malú dormindo em seus braços.

Rodrigo olhou para ela, exausto, mas com um pequeno sorriso nos lábios.

_Eu só quero que ela esteja bem, mãe. Às vezes, acho que estou errando em tudo.

Ângela se aproximou, colocando uma mão no ombro do filho.

_Todos os pais sentem isso, principalmente no começo. Mas o amor que você tem por Malu, o cuidado que está dedicando a ela, é o que realmente importa. E você não está sozinho, como eu disse.  E por falar nisso, seus irmãos e cunhados estão loucos para conhecer a Malú.

_ Vou marcar com eles, para que não venham no mesmo dia.

_ Você está certíssimo. Malu ainda está em fase de adaptação, não é bom receber todos em um só dia.

A cada dia passava, Rodrigo ficava um pouco mais confiante. Ele começou a perceber os pequenos sinais de progresso.  Malu dormindo um pouco mais, sorrindo quando ouvia sua voz, se alimentando com mais facilidade. E a cada conquista, por menor que fosse, Rodrigo sentia uma nova onda de esperança e amor crescendo dentro de si.

Ele sabia que o caminho ainda seria longo, mas faria tudo para que sua filha tivesse o melhor começo de vida possível, cercada de todo o amor e cuidado que ele e a família, que era a sua rede de apoio, pudessem oferecer.

E o tempo foi passando...

Rodrigo começou a se sentir mais à vontade com a paternidade. Malú estava se desenvolvendo bem, saudável e cheia de energia. No entanto, uma situação começou a se destacar e a causar certa preocupação. Malú não gostava do colo de ninguém além do pai, e da família.

Apesar dos esforços de Rodrigo em contratar babás e enfermeiras para ajudar nos cuidados diários de Malu, sempre que uma dessas profissionais tentava segurá-la, a menina imediatamente começava a chorar. O berreiro era tão intenso que fazia o coração de Rodrigo se partir toda vez que ele ouvia aquele choro desesperado. Malu só se acalmava quando voltava para os braços de Rodrigo, ou às vezes para os braços de Ângela.

Malu parecia ter desenvolvido um vínculo muito forte com ele, e nada a tranquilizava como a sensação de estar segura nos braços de seu pai.

_ Acho que ela só confia em você, Filho. Comentou Ângela, observando a situação com um sorriso compreensivo. _É natural. Você é quem está com ela a maior parte do tempo, quem a alimenta, quem a embala para dormir. Para ela, você é o porto seguro.

Rodrigo suspirou, aliviado por conseguir acalmar Malú, mas também preocupado com a dependência que a filha parecia ter dele.

_Mas e se eu precisar me ausentar? Logo eu terei que voltar ao trabalho, como ela vai reagir? Não quero que ela sofra, mãe.

Ângela acariciou os cabelos do filho, compreendendo sua preocupação.

_Vamos com calma. Malu é ainda muito pequena, e esse apego é uma prova do quanto ela confia em você. Com o tempo, ela vai se acostumar a outras pessoas também. Vamos continuar tentando, com paciência. E se precisar, estarei aqui para ajudar, como sempre.

Rodrigo concordou, ainda preocupado, mas ciente de que o tempo e a paciência seriam essenciais para ajudar Malu a se adaptar. Enquanto isso, ele continuava a dedicar cada segundo possível à filha, proporcionando-lhe o máximo de conforto e segurança. Malú era sua prioridade, e enquanto estivesse nos braços dele, Rodrigo sabia que ela estaria segura e amada.

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