Dias Dolorosos

Moana

Já faz vinte dias que não vejo ou falo com o Lúcifer, mas por mim tudo bem... Me ajudou muito esse tempo longe dele, coloquei meus sentimentos no lugar e para mim foi bom.

A Mel vem me ver todos os dias e até que eu me sinto bem com ela, gosto da sua essência é incrível, eu levei ela para conhecer minha mãe e meu avô e se deram muito bem, mesmo para essa relação falsa tenho que fingir que é real.

Já faz trinta e seis dias que não vejo e nem falo com o Lúcifer e isso já passou do limite pra mim. Tomo um banho e decido ir até o escritório dele até que dou de cara com ele no elevador do nosso prédio.

— Isso é sério? Você voltou e não falou nada.

— E por que eu deveria? Não confunda as coisas só porque dormimos juntos, Moana.

Depois do que ele fala eu acerto um tapa na cara dele. Eu não consigo me segurar... Ele disse mesmo aquilo para mim? Sinto meu peito doer é uma dor que a muito tempo não sentia, a última vez foi quando meu bebê morreu.

Meu telefone toca e é do hospital me dizendo que preciso ir para lá agora e eu vou para lá rapidamente... Chegando lá o doutor Hamir já está a minha espera.

— Desculpa... As notícias não são boas, seu avô, eu não sei como, mas ele contraiu uma bactéria no pulmão e ela se alastrou rápido demais, nós estamos fazendo o nosso melhor para salvá-lo.

— Salvá-lo? Eu não posso perder meu avô. Salve ele agora.

Ele me olha apreensivo pois estou ficando pálida a tontura vem mais forte que o normal e eu apago... Acordo com Lúcifer ao meu lado enquanto estou deitada com uma bolsa de soro.

— Você poderia, por favor, se alimentar melhor para não ficar desmaiando por aí? Eu tive que largar uma reunião porque alguém esqueceu que precisa de açúcar no sangue.

— Lúcifer, vai embora. — ele me olha confuso... Eu acabo gritando com ele — Vai embora agora. — ele sai sem olhar para trás e a enfermeira Bernice entra preocupada.

— Desculpa menina, mas foi eu que pediu para chamarem ele já que são namorados... Eu não sabia que estavam brigados.

— Está tudo bem... Casais brigam, não é?

Ela dá um sorriso condescendente e dá uma olhada no meu soro, percebo que apaguei por três horas já que são quase quatro horas da tarde... O doutor Hamir entra enquanto estou conversando com a Bernice.

— Moana... Moana, eu sinto muito, eu realmente sinto muito.

— Não fale assim comigo, te proíbo de falar assim comigo. Não faz isso não, por favor... Por favor.

Meu mundo se partiu e o lado esquerdo se desprendeu do direito, se despedaçou virando poeira ao vento e sumindo diante de mim... Foi assim a morte do único pai que tive na minha vida, meu avô.

A dor é enorme e abriu um buraco em meu peito... Enquanto fiquei ali catatônica o hospital se encarregou pela cremação e eles levaram para mim no quarto em que eu estava a urna com as cinzas... Abracei ela e pedi perdão por não conseguir salvar ele.

No outro dia de manhã eu fui até o quarto em que minha mãe estava, mas não tive coragem de contar sobre meu avô, fui para casa.

Chegando na porta do elevador, quando ela se abre vejo Lúcifer sair abraçado com uma mulher alta, ruiva e linda, ele me encara enquanto a mulher está pendurada no braço dele eu os ignoro e entro no elevador enquanto eles saem, não sou mesmo a namorada de verdade... Meu celular apita e chega uma mensagem dele.

— Vou para Paris e volto na próxima semana ou não.

Não respondo, vou para o apartamento me tranco no quarto e fico olhando para a urna em que meu avô está, durmo olhando para ele.

Três dias depois perdi minha mãe do mesmo jeito e agora tenho duas urnas me olhando em minha cama, meu mundo virou poeira e não sobrou mais nada... Alguém bate na porta do meu quarto e entra e vejo que é Morgan.

— Oi Moana... — ela me vê abatida e com os olhos inchados até que seus olhos batem nas duas urnas na cama — Meu Deus, Moana, eu sinto muito. Lúcifer, sabe disso?

— De que adianta ele saber? Só se importa com ele mesmo. — meu celular apita e vejo que é o app do banco e quando olho — Morgan o que isso significa? Por que tem esse valor absurdo na minha conta? Isso são dois bilhões de dólares.

— Você está liberada do seu compromisso com o Lúcifer, Moana. Está aqui os contratos assinados tudo direitinho... Eu só não queria ter feito isso agora já que você está de luto... Quer que eu te ajude em alguma coisa?

— Na verdade sim! Pode esperar um pouco, por favor?

Ela diz que sim, eu vou até o closet pego a minha mochila a mesma que eu usei para vir para cá, pego meus documentos e volto para o quarto coloco as duas urnas na mochila com cuidado e pego apenas alguns itens pessoais coloco na mochila.

Pego o documento do apartamento coloco na cama e o cartão chave reserva, caminhamos até o elevador e eu passo uma última vez o cartão para descer enquanto ela fica dentro do apartamento eu seguro o elevador e falo:

— A única coisa que eu quero que você fale para ele é que ele pode enfiar esse apartamento no... Adeus, Morgan, foi muito bom te conhecer.

— Mas, Moana, ele me disse que iria conversar com você quando voltasse. Acho melhor ficar.

— Não, tudo entre nós acabou. Não esqueça de dizer que eu mandei ele enfiar esse apartamento no rabo.

As portas se fecham enquanto escuto a risada da Morgan pelo o que eu disse do apartamento.

Vou até a casa que era da minha mãe, pego uma pequena mala e coloco algumas roupas. Tenho um primo em Nova York, é o único que mantenho contato, aviso para ele que estou indo para lá e ele fica feliz. Coloco a casa a venda pela imobiliária para não precisar voltar aqui.

Já no avião me despeço de tudo e levo comigo apenas quem eu amo.

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