Uma Mulher Indecifrável

Lúcifer

Estou na empresa quando minha assistente, Morgan Hillers, vem correndo ao meu encontro...

— Calma, por acaso está pegando fogo em algum lugar?

— Lúcifer, quando a minha esposa fez as mudanças que você pediu nas redes sociais da Moana acabamos deixando passar algumas coisas e agora nesse momento os repórteres estão cercando todos os lados do hospital Hope onde a mãe e o avô dela estão, estão tentando falar com eles para tirar algo sobre vocês.

— Lá vem mais barulho... Essa garota está deixando minha vida muito barulhenta. Liga para a empresa que trabalha para nós cuidando da segurança e diga que eu quero um total de cinquenta seguranças prontos e em seus postos no hospital Hope, cuide dos detalhes e diga para eles que tem dez minutos.

Vou até o hospital e antes de entrar na sala escuto parte da conversa e escutar ela implorar para que sua família continue no hospital me traz um gosto amargo na boca muito desconfortável.

Então entro sem bater ou me pronunciar não quero ouvir mais uma palavra... Digo tudo o que tenho para dizer e depois que tudo se acalmou lá fora e aqui dentro converso com Moana e me despeço dela com um beijo para o caso de alguém ainda estar por aí, mas nesse beijo não sinto aquela necessidade de que seja rápido e ela não luta contra o que facilita para a realidade de um relacionamento normal, o que não é o nosso caso.

Volto para o meu escritório e dou início a minha rotina, assino contratos, encerro contratos, admito funcionários, despeço funcionários e por aí vai até que me pego pensando nela, nas últimas horas com ela. Nós dois na minha cama ontem e depois a maravilhosa noite de sono que tive em muito tempo até ela acordar e me acordar gritando, sou arrancado dos momentos intensos em minha mente por uma Moana furiosa chamando meu nome.

— Lúcifer? Você se acha o centro do universo não é mesmo? Acha que dinheiro é resposta para tudo na vida não é? Está enganado. Agora liga para o hospital e diga que não precisa de nenhuma ala hospitalar particular.

— Primeiro que, você não tem nem altura para mandar em mim. Segundo que, está ficando louca? Chegar aqui gritando desse jeito, pensei que estaria te ajudando trazendo um pouco mais de conforto para sua família.

— Essa não é a questão, Lúcifer. Tem outros pacientes naquele andar que precisam do espaço que você quer expandir só para seu ego caber lá dentro. Minha família está bem e confortável onde está e não precisa daquele espaço todo.

— Se esses pacientes precisam de espaço é só realocá-los, não vejo problema nisso, se o problema é esse posso pagar para levarem eles para outro hospital.

— Você não... — ela coloca as mãos no rosto e respira fundo — Você não entende mesmo? Só pede para que parem e coloquem tudo no lugar de novo, por favor. Não precisamos disso, Lúcifer. Somos felizes com o que temos.

— Eu não consigo entender você, outra mulher no seu lugar estaria aproveitando tudo do que posso proporcionar, colocaria a família no hospital mais caro da cidade, passaria os dias fazendo compras, indo para salão e SPA, mas você não. Qual é o seu problema?

— É simples, eu não sou outras mulheres! Sou única, gosto de singularidade... E também não consigo entender você ou qualquer que seja seu problema. Pare de tentar me decifrar pelo pouco que conhece de outras, quem sabe assim você consiga me conhecer de verdade.

Ela sai da minha sala na mesma fúria em que entrou, chamo Morgan até a minha sala e conto para ela o que aconteceu e também peço para ligar para o hospital e dizer que não precisa mais efetuar a mudança do andar.

— Está feito, Lúcifer... Ela não é como as outras, você pode cobrir ela das maiores riquezas do mundo que ainda assim ela não vai olhar para você como seu cofrinho pessoal. Mulheres assim são raras, mas existem.

— Eu não... Olha, eu só fiz isso porque iria facilitar muito para nós dois. Teria mais seguranças para cuidar da privacidade da família dela. Mas se ela não quer problema dela.

Me viro para a janela dando as costas para Morgan e como ela me conhece bem sabe que não quero mais falar sobre isso e se retira... Olho para o meu relógio e vejo que já está na hora do almoço.

Será que aquela maluca já almoçou ou pelo menos comeu alguma coisa? Não vou ligar ou mandar mensagem para ela, não quero que pense que eu me importo porque não me importo.

Minha mãe pode gostar de almoçar com ela e ganharei mais pontos com a minha mãe, envio uma mensagem para a minha mãe e faço a sugestão delas almoçarem juntas e minha mãe empolgada como sempre a convida na mesma hora que aceita. Depois da resposta da minha mãe decido pedir meu almoço e peço ao senhor Akira mesmo para entregar para que possamos conversar um pouco.

Enquanto espero meu almoço recebo uma ligação de alguém com quem não quero falar, recuso a ligação que continua insistindo até que silêncio o meu celular. Morgan bate na porta e falo para entrar.

— Lúcifer, ela está aqui. A Safira está aqui e disse que não vai embora sem falar com você.

Minha cabeça começa a latejar, será que vou conseguir terminar esse dia vivo?

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