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P O V YASMIN BITENCOURT

SEXTA FEIRA

03:23 PM

RIO DE JANEIRO 📍

deitada na minha cama após uma longa semana de quimioterapia, apesar de estar no começo do tratamento eu me sentia fraca, eu conseguia me movimentar e tudo porém eu me cansava rápido de mais.

Ainda não havia falado com os meus amigos, mais isso não iria passar de hoje já que eles a qualquer momento iria chegar aqui em casa, eu estava lembrando do meu passado.

A época de escola, eu era a nerd da sala, totalmente fora do padrão o que me causou muitas brincadeiras sem graças, os únicos que sabia disso era a Carol e o Weverton eu não dava tanta importância ao ponto de contar pro papai.

Mais Claro, doía na alma as brincadeiras sem graças, os apelidos sem noção, porém eu sabia que quando mais atenção eu datia aquilo mais os comentários continuaria.

O Bullying na época não existia, pelo menos não com esse nome. Eu via outras meninas e olhava nelas o que faltava em mim. Talvez uma roupa bonita, ou uma maquiagem bem feita. Mas isso aos 11 anos era uma coisa desnecessária para mim. Meu cabelo bagunça fácil pois não é totalmente liso e na época era totalmente virgem, o que fazia dele algo muito rebelde. Perto da testa havia alguns pequenos fios que levantavam se não estivessem embebidos em creme ou lisos com ajuda de chapinha. Mas isso era uma questão que dizia respeito a mim e não a ninguém. Pena que ninguém achava isso.

Eu sempre fui gordinha na adolescência. Talvez uma má alimentação combinada com os hormônios em desenvolvimento. O caso é que isso não me afetava, mas sim o fato de ser massacrada por esse fato.

Depilar as pernas? para que? Eu quase nem tinha pelos nas pernas ou nas axilas, fui ter depois de um tempo. Mas também era motivo de piada. Muitas meninas da minha idade até com mais pelos que eu e que não raspavam as pernas, não sofriam coisa alguma, porque logo eu?

O fato cabelo era o pior. Hoje em dia eu posso dizer que como aprendi a lidar com ele, até pela internet mesmo, eu finalmente consegui um bom resultado e pretendo deixá-lo natural uma vez que fora pintado várias vezes.

Meus cachos era a minha paixão, gastava muito dinheiro com cremes para manter eles bem hidratados, hoje eu era totalmente focada em cuidar de mim e do meu corpo, eu pequena não ligava pra isso, queria mais era brincar com as minhas bonecas e aproveitar a minha infância.

E não me arrependo de nada, conforme eu fui crescendo que eu fui começando a me cuidar a ter mais vaidade, acho que tudo tinha seu tempo e o meu foi no tempo certo.

Hoje você ver as crianças querendo ser adulta antes da hora, você já não vê mais as crianças brincando na rua como antigamente, hoje você ver uma menina de 13/14 anos esperando um filho, aqui no alemão e o que você mais vê quando não e isso e elas atrás de bandido.

Ana: eles chegaram, você quer descer ou quer ficar aqui mesmo? - sai dos meus pensamentos com a Ana entrando no quarto e avisando que eles havia chegado

Eu queria muito levar e andar um pouco, porém eu estava cansada de mais, hoje o dia havia sido cansativo, a quimioterapia e a radioterapia então eu já havia feito esforço de mais.

Eu: manda subir, eu estou muito cansada- falei com a voz baixa e suspirando morrendo de vergonha da forma que eu estava.

Mesmo sabendo que eu não deveria ter vergonha nenhuma, eu tinha, eu mal conseguia me olhar no espelho sem contar o fato que meus cabelos estavam caindo e aquilo me dava um desespero fora do normal.

Eu não queria ver meus cabelos do jeito que eu venho observando desde que eu comecei o tratamento, o meu pescoço tinha o acesso pra ficar mais fácil quando eu fosse tomar soro, já que eles custam a achar uma veia minha.

Eu me sentia acabada, me sentia feia, mesmo meu pai negando, mesmo meu cunhada e a minha irmã falando que eu ainda estava linda e sempre estarei linda.

Porém eu não me via dessa forma, eu não me via desse jeito, me encolhi na cama quando escutei a voz deles bastante animadas, provavelmente falando de  alguma fofoca.

Logo a porta foi aberta e eles me olharam com um sorriso no rosto, eles vieram na minha direção e me abraçaram apertado me fazendo gemer baixinho pela dor.

Caral: desculpa amiga, não queria te machucar porém faz quase uma semana que não nos vemos - ela falou com um sorriso no rosto

Dei um sorriso tímido e logo Weverton começou a falar...

Weverton: se você ignorar a gente dnv eu meto a mão na sua cara- falou beijando meu rosto e logo as lágrimas começaram a descer- o que foi amiga?- perguntou preocupado e eu tentei respeitar fundo e falar logo de uma vez

O meu maior medo era falar e eles me virarem as costas, eu não suportaria isso, não vindo deles já que estamos juntos a tantos anos!

Eu:  eu tenho uma coisa pra falar pra vocês - falei baixo- lembra que a uma semana atrás eu fui no hospital com dores?- perguntei e eles concordaram

Carol: lembro, você mesmo disse que em dois ou três dias os exames iria sair porém não falou mais nada sobre o assunto, o que aconteceu?- perguntou agora parecendo preocupada

E acho que só agora eles reaparam no esparadrapo preso no meu pescoço cobrindo o acesso.

Eu: dois dias depois a gente foi no hospital pegar o resultado, eu tava tranquila achando que não tinha nada de mais, poren fui pega de surpresa quando o médico soltou que eu estava com câncer - falei baixo agora deixando as lágrimas rolar

Eu desviei o olhar deles e me encarei pelo espelho do meu guarda roupa que mostrava o quanto eu estava pálida.

Eu: foi difícil pra mim aquele diagnóstico, assim como está sendo, não tô sabendo ligar direito com isso, fiquei com medo aliás eu ainda estou, tem uma semana que comecei a quimioterapia, tá sendo difícil eu chego cansada, passando mal e as vezes nem consigo ficar em pé - dei uma risada baixa enquanto as lágrimas caia pelo meu rosto.

O quarto só se ouvia os soluços deles e isso me lembrava quando eu descobri a doença, meu coração se apertou e a sensação ruim de novamente ter feito as pessoas chorar e ter pena de mim.

.......

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