Capítulo 5

   Hoje faz quase um mês que estou desempregada e ainda não consegui emprego. Não que não tenha surgido nada, mas tinha que começar muito cedo, e já não posso por que preciso levar os meninos para a escola. Ou o horário era até tarde e também não posso devido à faculdade, ou trabalhar nos feriados e finais de semana que eu também não posso por que sou mãe solteira! E os de meio período pagam uma mixaria, no momento estou a fazer algumas diárias para não ficar totalmente sem dinheiro. Devem estar se perguntando, mas o pai dos meninos, depois que saiu da prisão ele sumiu no mundo, graças a Deus! Sim, isso mesmo, eu sofri muito quando namorei ele, tentei várias vezes terminar, mas ele ameaçava-me e eu tinha medo de contar aos meus pais, ao meu pai principalmente, tinha medo de que meu pai fizesse uma besteira para me proteger, então eu engravidei, e assim fui obrigada a casar pq minha mãe me colocou para fora de casa, vivi um verdadeiro inferno nas mãos dele, ele era abusivo e agredia-me por qualquer coisa, os meus filhos foram um milagre. Quando eu já não aguentava mais eu pedi socorro ao Igor, e foi ele quem me ajudou a livrar-me daquele maldito. Depois de uns meses fiquei a saber que foi preso sei lá por que, não me interessei em saber, depois ele sumiu no mundo e eu sou grata a isso, pois não o quero perto dos meus filhos.

E os meus pais, por mais que me ajudem e eu sou grata a eles, não posso voltar a morar junto. Minha mãe e controladora, ela quer controlar a minha vida, quando morei com ela eu não podia nem sair com os meus filhos para passear com amigos por que ela não gostava de fulano ou pelo simples fato dela não conhecer, por que era de noite, ou por que estava a chover, ou muito sol, ou só porque não. Qualquer motivo que ela resolvesse inventar, aí começava as brigas.

                 —* Lembrança on **

 — Mãe, para de tentar controlar minha vida, eu estou indo assistir a um filme com os meus filhos e as minhas amigas! Qual o problema?

— O problema é que essa casa está uma bagunça e eu não vou arrumar tudo sozinha! Hoje é o único dia que eu estou em casa e vai ficar e ajudar-me a arrumar tudo!

— Não tem nada de bagunça, eu arrumei tudo, e nós marcamos esse filme faz dias já pelo amor de Deus.

 — Você não vai sair, se sair você pode pegar as suas coisas e ir embora da minha casa!

 ** Lembrança off **

 Parece algo tão bobo, mas ela precisava mostrar que quem mandava era ela. Essa foi uma das muitas discussões que tivemos, sem contar que ela tirava totalmente a minha autoridade com os meus filhos. Então sem hipótese de voltar a morar com ela. Estava tão distraída que nem percebi Ana falando comigo.

 - Meu Deus amiga, você está em que mundo hoje ? - Ela fala indignada

— Desculpa Ana, estava pensando só.

— Está preocupada né, por ainda estar desempregada! — Mesmo não sendo uma pergunta eu respondo — Sim, vai vencer a mensalidade da faculdade já e eu vou ter que escolher se pago o aluguel, a Luz e a água ou a mensalidade.

 — Sabe o meu irmão está a precisar de uma vendedora na loja, posso ver com ele um dia para você ir lá conversar. — Ela diz, tentando achar uma solução também.

— Sério? Nossa seria ótimo!

— Claro, vou falar com ele e mando-te mensagem avisando.

   No intervalo passo em frente a uma sala de aula e vejo Igor guardando os materiais dele e o chamo — Oi Igor. — Aceno sorrindo

— Oi Kath, tudo bem minha linda? -— Ele fala a sorrir e vejo as meninas que ainda estão na sala olhar-me curiosas.

— Estou bem e você?

— Bem! Escuta quero falar com você no final da aula tá, então me espera. — Fala rápido por que estamos a descer e ele vai para outra direção.

— Ok, eu espero, até mais!

Sigo para o refeitório para me sentar e comer o meu lanche que trouxe de casa. Quando estou sentada sinto alguém puxar os meus cabelos, nem preciso olhar para ver de quem se trata.

- Oi moça das folhas - Diz sentando ao meu lado

— Você nunca vai parar de me chamar assim? - pergunto sem olhar

— Não! — Ele diz alegremente.

— Então não responderei mais quando falar comigo. — Ele apenas ri e volta a puxar os meus cabelos.

- E aí, já conseguiu arrumar alguma coisa ? - Pergunta me do nada.

- Tipo? Que coisa? - Pergunto confusa

— Emprego, não estava a procurar emprego?

— Ah sim, não! — Respondo, então percebo que ficou confusa a minha resposta e falo novamente- Sim, estou a procurar, mas não, não consegui nada ainda.

— Entendi - a sua fala é cortada pelo som do seu celular tocando. — Licença vou atender.

Ele distancia-se para atender, e fico o olhando de longe, ele é alto, ombros largos, cabelos loiros, olhos azuis, realmente é um homem lindo. Continuo o olhando quando percebo ele colocar a mão no rosto, parece que está a brigar no telefone, ele desliga e vem até onde estou.

— Eu preciso ir, nos falamos outro dia- Pega as suas coisas que estavam na mesa e vai embora. Fico curiosa para saber o que houve, deve ter acontecido algo para fazer com que saísse dessa forma.

                                 *******

 — John para de correr um pouco, descansa filho! — Grito o chamando, já que o mesmo não para de correr. — Ryan Sai do Sol, eu já falei! — Grito para o outro menino que também está a correr, mas este no sol que está muito quente no momento.

Estamos John, Ryan e Eu na chácara da família do Igor, era sobre isso que ele queria falar comigo outro dia na faculdade. chamou-me para almoçar e passar o dia com os meninos no final de semana e claro que fomos. Os pais deles são pessoas maravilhosas, muito queridos e eles tratam a mim e aos meninos com muito amor.

No final do dia tinha dois menininhos exaustos e uma mãe descabelada de tanto correr atrás cuidando deles, John tem 3 anos e Ryan 4 anos, esses dois adoram bagunçar e deixar a mamãe louca.

— Foi muito divertido, obrigada eu estava precisando disso —Falo assim que desço do carro de Igor.

— Estava mesmo viu, agora se anima para começar a semana com tudo! Logo você da volta por cima Kath, vai ver vai dar tudo certo! — Ele fala enquanto me abraça, então deposita um beijo no meu rosto e vai embora.

                                ********

Estamos no meio da semana e eu fui ontem conversar com o irmão de Ana, mas infelizmente ele precisa de alguém para o turno da noite, falei que iria pensar e daria retorno. Estou a pensar realmente, pois o salário é bom, iria trabalhar das 18h às 23h e o salário é maior que quando trabalhava nas duas escolas. Mas teria que trancar a faculdade, pois não tem o curso em outro horário além da noite, e pegar transferência também não daria por eu sou bolsista aqui. Chegando no refeitório vejo Jensen sentado quieto olhando para o nada.

— Oi Jensen, como você está? — Pergunto assim que me sento ao seu lado.

— Oi Kath, tudo bem e você? — Ele responde com um sorriso triste no rosto

- Eu estou bem, mas você tem certeza que está bem? não me parece bem Jensen, aconteceu algo? - Pergunto sinceramente preocupada, notei que desde o dia do telefonema Jensen anda estranho

 — Eu — Ele começa a falar então para, respira e volta a dizer- Não estou muito bem na verdade, mas não quero falar sobre isso.

— Tudo bem, mas se quiser conversar eu estou aqui. — Jensen sorri e ficamos em silêncio por alguns minutos.

— Então, o que me conta de bom? Alguma novidade? — Jensen pergunta de repente e sei que está a tentar mudar de assunto, decido contar sobre o emprego com o irmão da Ana, e explico que teria que trancar a faculdade, ele fica pensativo e nada fala. Estamos a levantar para ir para a próximo aula quando Jensen me segura pelo braço

— Me espera no final da aula, vou te dar carona.

— Não precisa Jensen, eu vou de ônibus, não se incomode.

— Não é incomodo, e quero conversar mais com você, me espera ok? — Ele fala e já saí sem me dar a oportunidade de dizer nada.

...                            ********...

    Estamos no carro de Jensen em direção a minha casa, ele estava me contando sobre a avó dele, como ele e os irmãos são apegados a ela, e eu estava tirando sarro da cara dele, em certo momento comecei a contar sobre a minha paixão pela dança. Foi nesse momento que vi Jensen com um olhar diferente no rosto.

– Não sabia que era dançarina - Jensen fala pensativo.

– Sim, tive muitas aulas de balé e jazz, já dei aulas também então tenho experiência.

  Vejo os olhos de Jensen brilhar e um sorriso surgir em seu rosto. — Eu poderia te ajudar com isso Kath. Tenho muitos contatos, uma ligação minha e você poderia facilmente trabalhar na melhor escola de dança e não precisaria trancar a faculdade!

 – Está falando sério Jensen? - Pergunto desconfiada, por que nunca consegui nada fácil na vida, deve ter alguma pegadinha aí.

 — Muito sério, eu te ajudo com isso, gostaria?

— Eu ficaria muito agradecida de coração! — Falo sincera porque só eu sei o quanto preciso de um emprego bom. Mas não sou boba a ponto de pensa que será de graça essa ajuda — Mas posso perguntar o porquê de você querer-me ajudar?

 — Que bom que perguntou, é simples, eu também preciso da sua ajuda, então eu te ajudo e você me ajuda, o que me diz?- Ele fala com um sorriso no rosto, mas não aquele costumeiro sorriso sacana, esse é um sorriso diferente, não sei explicar. — Eu preciso que você seja minha namorada pelos próximos meses. — Completa a frase como se não fosse nada de mais o que acabou de dizer.

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