Estou sentada num banco em frente a faculdade, mas do outro lado da rua, apenas pensando que eu estou muito ferrada. Fui demitida da escola justo agora que o meu contrato da prefeitura encerrou. Estou sem emprego nenhum agora, o meu Deus, como vou fazer para pagar o aluguel? e a faculdade? E os meus filhos? Ontem foi um dia triste para mim, de manhã fui demitida, e de tarde foi a minha despedida na escola em que trabalho.
* Lembrança On *
Chego a sala dos professores e fico confusa pois além de encontrar todos os professores ao mesmo tempo, a mesa está enfeitada e tem salgadinhos, doces, bolo e suco, vejo a Eunice Diretora da escola vindo na minha direção.
- Surpresa! Nós queríamos fazer uma despedida já que hoje é seu último dia! - Ela fala e posso ver que está sendo sincera.
- Obrigada Eunice, vou sentir muita saudade de vocês todos - Falo chorando já e nem consigo terminar a frase. Nesse momento todos me abraçam e desejam tudo bom para mim, e eu me sinto bem e apesar de triste, também fico feliz porque sei que estão sendo sinceros.
* Lembrança off *
São seis e cinquenta já, então levanto do banco e vou em direção a entrada da faculdade, quando um carro passa por mim e buzina, tento ver quem é mas não reconheço o carro. Hoje estou chegando no horário, pelo simples motivo que não tenho mais emprego para me atrasar. Quando estou passando pelo estacionamento vejo o carro que buzinou para mim, e o dono olhando para minha direção e tenho a impressão que já o vi em algum lugar.
- Olá, moça das folhas! Vejo que hoje não estamos atrasados - Ele fala sorrindo, então me lembro de onde o conheço.
- Ah, você! Foi você que me jogou no chão naquele dia - Falo enquanto continuo caminhando em direção a entrada da faculdade.
- Eu não joguei você no chão, foi apenas um acidente, ao qual eu me desculpei - Diz ele bem atrás de mim. Olho assustada porque ele estava longe, como chegou tão rápido?
- Sei, depois de rir da minha cara - Falo e o vejo sorrir.
- Muito prazer, sou Jensen! - ele estende a mão para apertar a minha.
- Katherine. - Respondo apertando sua mão - Preciso ir para a aula
- Claro, eu também, nos vemos por aí então- Ele diz sorrindo e continua seu caminho, e eu começo a subir as escadas já que minha sala é no segundo andar.
Chegando na sala encontro o Igor na porta e ele me cumprimenta:
— Oi Kath, tudo bem?
— Oi Igor, mais ou menos, estou numa maré de azar que você nem imagina.
— Sério? Depois da aula eu te levo para casa, daí você me conta o que está acontecendo, ok?
— Está bem. - Falo e vou me sentar enquanto ele vai para a mesa dele deixar os matérias e começar a aula.
— Boa noite pessoal, hoje vamos dar início ao projeto em conjunto com o segundo ano, vamos todos para o salão de palestra.- Saindo da sala encontro a Ana chegando.
— Oi Kath, onde vocês vão? - Pergunta ela sem saber por que todos estão saindo da sala.
— Oi amiga, estamos indo para o salão de palestra, vão explicar sobre o estágio que faremos com o segundo ano - respondo e aproveito para perguntar — Aliais, por que faltou ontem amiga?
— História muito longa, depois eu conto tudo. - responde enquanto nos sentamos nas cadeiras da frente do salão.
Estão quatro professores na sala, dois são meus professores e os outros dois eu não conheço. Eles começam a explicar como vai funcionar o estágio, e quais são as escolas e eu vou anotando tudo, por último eles começam a separar por grupos.
Eu sei, devem ter notado que eu chamo o professor Igor, de Igor apenas, é força do hábito. Bom, vou começar dizendo que não! Ele não é meu namorado, Igor e eu nos conhecemos quando ele e os pais se mudaram para a casa ao lado da minha, Igor tinha 10 anos e eu apenas 5 mas isso não impediu de nos tornarmos grandes amigos, e claro que ele foi minha primeira paixão, era meu melhor amigo e meu "amor eterno", quando somos crianças achamos que vamos amar uma pessoa para sempre, mas aos meus 12 anos eu conheci outro garoto que mexeu com meu coração então troquei o Igor por outro. Sinto vontade de rir quando lembro disso, na época ele ficou indignado quando lhe contei que estava gostando do Matt. Ele estudou, fez faculdade, passou no concurso e esse é o primeiro ano dele dando aulas na faculdade, e por acaso é meu professor também.
As aulas acabaram e eu nem vi o tempo passar, acredito que por eu estar tão angustiada pela minha situação não tive cabeça para nada hoje. Ana tentou puxar assunto, mas eu não queria conversar com ninguém, por fim ela desistiu. Agora estou no estacionamento esperando Igor que iria me levar para casa.
— Oi de novo moça das folhas! — Ouço o apelido sem noção e me viro para olhar
— Moça das folhas? — Pergunto a fazer careta — tenho impressão que já lhe disse o meu nome.
— Katherine- Ele fala a dar risada — Mas eu gosto de pensar em você como moça das folhas.
— Ah, imagino que sim — Respondo sem entusiasmo nenhum. Então percebi o que ele disse — Pensar em mim? Por que pensaria em mim?
— achei muito interessante quando começou a xingar-me no meio de várias pessoas por que eu estava a rir de você — Ele fala simplesmente — Foi, divertido! - Termina de falar ainda rindo
— Você é maluco. — Falo realmente achando maluquice, quem gosta de ser xingado?
— Está indo embora já? Percebi que vem de ônibus, mora muito longe?
— Moro longe e sim estou a ir embora. — Respondo e o vejo olhar no relógio, provavelmente constatando o mesmo que eu, está tarde.
— Já é tarde, você vai de ônibus? Posso oferecer-lhe uma carona?
— Eu tenho carona já, mas obrigada— Terminando de falar vejo Igor chegando, Jensen também vê
— Hum, Igor é sua carona então? — Pergunta com uma cara estranha.
— Sim, você o conhece?
— Conheço, e sei que ele é professor aqui. Ele é seu professor ou seu namorado?
— Apenas o meu professor! — Falo seria, percebendo a insinuação na frase
— Que bacana! Professor dando carona para aluna, muito interessante. Dizendo isso, entra no carro e vai embora sem se quer esperar uma resposta. Como eu pensei no início, ele só pode ser maluco.
*****
— Obrigada Igor! Não só pela carona, mas por emprestar-me os ouvidos também para minhas reclamações — Agradeço novamente assim que chegamos em frente a casa dos meus pais.
— Kath, estou aqui para o que você precisar! Pode-me pedir o que quiser, sabe disso — Ele diz a olhar nos meus olhos e eu sorrio porque sei que ele realmente me ajudaria com o que fosse preciso, como ele já fez uma vez. Então ele fica muito sério e diz — Qualquer coisa Kath, mesmo que mate alguém, eu ajudo a esconder o corpo! — Caímos os dois na risada por que ele falou tão sério como se fossemos capazes de algo assim.
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Atualizado até capítulo 32
Comments
Concilia Martins
adorando autora
2024-07-23
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