Caramba o que eu fiz! Eu não deveria ter beijado a Amália e por diversos motivos. Primeiro em respeito à Luiza, sou noivo! E Depois porque a Amália é uma moça inocente, sofrida, imagino o tanto de coisas que devem estar assombrando agora.
Eu nunca fui impulsivo e inconsequente, mas não sei o que aconteceu, a vontade de beijá-la foi maior do que o meu juízo. E que beijo! Que boca macia e suave,aposto que ela nunca beijou ninguém ,eu pude perceber.
Volto para a sede, e tento descansar a mente para voltar a andar pela propriedade com os alemães e a noite, teremos um churrasco bem tradicional a pedido deles.
No caminho, encontro Pedro e Daniel dando gargalhadas.
—O que vocês estão aprontando?
—Nada, andando por aí?
—Sei...fala logo,Pedro!
—Estamos nos arranjando para mais tarde.
—Umas meninas da vila, vizinhas da minha tia.-,diz Daniel
—Abram o olho, a maior parte aqui são moças de boas famílias, mas também tem as mocinhas espertas doidas para darem o bote no menino rico. De qualquer forma, respeitem sempre todas as mulheres!
—Já sacamos ,tá de boa!
Pedro vai andando com Daniel e eu respiro fundo.
—Não sou pai ainda não, hein! Tomás me colocando em apuros!
......................
Depois de me acabar de chorar, resolvo levantar, lavar o rosto e vou para a cozinha fazer uma broa de milho para comer tomando um café bem quente. Cozinhar me ajuda a ficar menos triste.
Batem na porta e eu atendo.
—Ayrton? O pai não está aqui!
—Eu sei, quero falar com ocê!
Eu saio e fico na varanda com ele.
—Melhor falar rápido, painho não vai gostar de ver você aqui sem ele em casa!
—Eu vi, Amália!
—Viu o quê?
—Você e o patrãozinho se beijando debaixo da mangueira!
Eu fico branca.
—Estava me vigiando?!
—Não, estava seguindo você a mando do seu pai, porque estava tudo muito vazio e ele ficou com medo de você andando sozinha por aí! Ele se aproveitou de você, Amália?
—De onde tirou isso? Eu beijei ele porque eu quis!
—Ocê gosta dele!?
—Isso não é da sua conta!
—Claro que é ! Se isso chega nos ouvidos do seu Jorginho ou dos patrões, é capaz de vocês serem mandados embora daqui! O seu Samuel vai casar!
—Não! Nós não podemos ir embora daqui! E ainda mais por minha culpa!
—Então se afasta dele!
—Não se preocupa, ele mesmo me disse que aquilo nunca mais iria acontecer.
—Viu? Ele só queria te beijar, se divertir com você.
Começo a dar razão à ele.
—É...acho que você está certo.
Ele se aproxima mais de mim.
—Amália, namora mais eu? Eu prometo te respeitar, te fazer feliz! Me dá essa chance?
Fico confusa, namorar com Ayrton pode ser bom, ele é um bom rapaz, gosta de mim,é do mesmo nível que eu...
—Pode vir falar com painho essa noite.
Ele abre um enorme sorriso e me dá um abraço. Mas tenho que ser sincera com ele.
—Mas quero que saiba que eu não gosto de você, gosto do Samuel. Eu estou te dando uma chance para tentar tirar essa maluquices das minhas ideias!
—Eu sei, te prometo que cê não vai se arrepender! Eu vou fazer ocê gostar de mim!
Ele sai feliz e eu entro pensativa.
—Vai ser melhor assim!
A noite teve festa na vila para os gringos que estão com o Samuca, todos os peões e colonos foram convidados, mas nós ficamos em casa. Minha mãe fez a janta,já sabendo que Ayrton vinha pedir pra namorar comigo.
—Então quer namorar minha Amália? Eu faço muito gosto disso, mas quero que saiba que aqui é no respeito ! Nada de agarramento pelos cantos da fazenda, ocês são namorados da varanda de casa pra dentro!
—Eu sei ,seu Geraldo! Eu sou um sujeito respeitoso, nunca que vou abusar da sua confiança e tratar a Amália como uma qualquer!
Após o jantar e painho explicar como ele quer que seja nosso namoro,eu vou para a varanda conversar com Ayrton.
—Eu peço que tenha paciência comigo, nada de ficar me abraçando e beijando!
—Tô sabendo, Amália! Calma!
—Com o tempo essas coisas vão acontecer, deixa só eu me acostumar.
Ele beija a minha mão e promete voltar no dia seguinte para namorar de novo,já que será domingo.
......................
Ninguém da família da Amália veio à festa,ela eu já esperava que não viesse mesmo depois do que aconteceu nos cedo.
Tudo ocorre bem, os alemães bebem muita cachaça, a mesma que o meu pai adora, e prometem que o negócio com as Indústrias Lobato está mais do que fechado,mas só voltarei a falar disso com eles sóbrios ,amanhã.
Perto de me recolher ,procuro por meu irmão.
—Primo, os meninos vão dormir na sua casa?
—Não, falaram que iriam para a sede. Em falar nisso, onde eles estão?
Jorginho e eu começamos a procurar pelos dois, mobilizamos os peões, até que eu encontro Pedro, no antigo celeiro.
—Mas não é possível! - falo baixinho enquanto o vejo transando com uma moça aparentemente um pouco mais velha do que ele.
Como não sou empata foda,espero ele acabar. Ainda bem que ele é só um adolescente e não demora muito a finalizar...
Espero do lado de fora, vejo a menina sair na frente e ele depois.
—Pedro Salomão Terra Lobato....muito bonito!
Ele dá um pulo
—Sa...Sa...Samuca! O que está fazendo aí?
—Esperando você acabar a sua corridinha de cinco minutos.
Ele bufa
—Não conta nada pra mamãe, por favor!
—Usou camisinha?
—Usei, olha aqui!
Ele mostra a camisinha usada
—Ah merda! Joga isso fora logo garoto!
Vamos andando até a sede e ele me conta que aquela foi a primeira vez dele, que a moça era da vila, que família não trabalha para nós e fico mais aliviado.
No dia seguinte, os alemães acordam de ressaca, mas finalizamos negócio, iremos exportar nossas frutas cítricas para a Alemanha tanto em polpa,como em suco e in natura.
No carro, indo para o campo no ponto de pegarmos o helicóptero, vejo Amália voltando da missa com a família e acompanhada de um dos peões da fazenda,os dois estavam de mãos dadas.
—Mas...não estou entendendo nada! - falo virando para trás.
—O que foi?
—Nada, Pedro!
Meu irmão se vira e vê a mesma cena e se volta para mim.
—Samuca, você...
—Então que dizer que você teve sua primeira vez em um celeiro velho? Dona Suzana não vai gostar de saber disso! - desconverso
—Ah qual é! Conta para o papai, ele sempre me apoia!
—Porque é que nem ele!
Chegamos no Rio na hora do almoço,aproveito para levar minha noiva para almoçar fora junto com o meu irmão e depois pegamos um cinema. Retornei disposto a seguir adiante com a Luiza, é assim que deve ser.
Voltamos à noite, meus pais já estavam em casa,entro no escritório do meu pai e conto como foi com os alemães.
—Perfeito,meu filho! Você é melhor do que eu, seu avô Salomão teria muito orgulho de te ver agora.
—Uma pena eu ter convivido pouco com ele, me lembro vagamente dele me ensinando xadrez.
—É...meu velho se foi cedo, nem conheceu a Aninha e o Pedro.
Meu pai olha para o alto com os olhos marejados, sempre no misto de culpa e saudades.
—Pai, preciso te contar uma coisa que aconteceu lá.
—Problemas com a fazenda?
—Não, eu flagrei o Pedro transando com uma mocinha da vila , lá dentro do celeiro antigo.
—Que danadinho! Puxou a mim, mesmo! - ele dá uma gargalhada - Sua mãe e eu já transamos lá, no meio do feno...
—Me poupe disso,pelo amor de Deus! - abaixo a cabeça
—Sabe se ele usou camisinha?
—Usou, até me mostrou...Arhg!
—Vou conversar com ele amanhã com calma. - ele me olha nos olhos - Estou te achando estranho,o que está acontecendo?
—Nada...é só cansaço...
—Hum...você está trabalhando muito, filho! Comigo, com o Sérgio...suas férias estão atrasadas,né?
—Eram para ter sido no mês passado.
—Pois amanhã mesmo você sairá de férias.
—Não é assim pai! Tenho que organizar tudo,passar os trabalhos para o meu assistente...
—Eu ainda dou conta , Samuel! Você irá ajeitar o que der amanhã e na terça feira não quero ver a sua cara na empresa, ouviu? Viaje com a sua noiva, ela é um desocupada mesmo...ops!
Ele põe mão na boca e eu finjo não ter escutado.
—Acho que vou para a Flórida, o que o senhor acha?
—Acho perfeito! Descanse para voltar cem por cento!
......................
Entro no quarto e encontro Suzana vendo TV de camisola.
—Vem amor, vai começar o filme!
Deito do lado dela e a agarro.
—Obriguei o Samuca a tirar férias. Ele vai para a Flórida com a Luiza.
—Ele está muito estressado, é um rapaz muito responsável,mas tem que viver também.
—Foi o quê eu disse a ele.
Respiro fundo para contar novidades sobre Pedro,Suzana não é careta, mas ela sempre disse que a adolescência não é a fase da vida para se perder a virgindade.
—O Samuca me contou que pegou o Pedro transando com um a menina lá na fazenda.
—É o quê?! Essa menino não tem juízo! Quem era a moça? Ele se protegeu? Fala Tomás!
—Calma, amor! A moça era da vila, mais velha que ele e ele usou camisinha.
Ela passa a mão no rosto.
—É muito cedo, o Samuca também perdeu virgindade adolescente...
—É assim mesmo, amanhã eu converso melhor com ele.
—Só a Aninha esperou mais tempo e...
Ela para de falar e eu sinto um pontada no peito.
—Aninha o quê Suzana?!
—Ai...falei demais...
—A minha bonequinha....ela já...já?!
—Já.
—Foi com aquele projeto de médico, não foi?!
—Foi com o Pietro sim, semanas antes dele viajar para o Canadá.
Sinto minha cabeça rodar, a minha menina,agora é mulher! Eu troquei as fraldas, dei banho, dava mamadeira, ninava no meu colo...e agora um homem toca nela de outra forma!
—Suzana, ele se aproveitou dela, não foi?- digo quase chorando
—Claro que não, ela quem quis! Se há consentimento,não há problemas!
—Mas isso é um absurdo! Amanhã eu vou ligar para o Ítalo e falar umas poucas e boas sobre o filho dele!
—Não vai falar nada com ninguém! Abaixa sua bola! Estava aí, rindo à toa porque o Pedro perdeu a virgindade e agora está fazendo drama porque soube que a Aninha não é mais virgem! Direitos iguais, amor! Direitos iguais!
Tomo uma dose do meu remédio para hipertensão e deito nos braços da minha mulher, caladinho. Afinal, ela tem razão! Ai...ai...direitos iguais!
......................
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Atualizado até capítulo 80
Comments
Vera Lucia Xavier
kkkkkkk
2025-03-30
0
Rita do Socorro Caldas Silva
kkkkkkkk
2025-03-27
0
Jaciara Barbosa
kkkkkkk
2025-03-14
0