Um amor impossível

A notícia da doença da minha tia pegou toda a família de jeito. A minha mãe está completamente arrasada e tenta de todas as formas se manter otimista. Acabei não indo até a fazenda e deixei por conta de funcionários a missão de levar os donativos.

📲Oi, Samuca!

📲Oi ,Jorginho! Mandei os donativos para serem distribuídos pelos colonos,mas tem umas coisas em específico para a família dos caseiros , as caixas estão identificadas com os nomes deles.

📲Pode deixar que recebo aqui e fico atento. E os documentos deles?

📲Então, preciso que você os acompanhe até o cartório da cidade para assinar e receber a documentação. Eu iria pessoalmente, mas recebemos uma notícia desagradável essa semana que desestabilizou a família.

📲É, o seu pai me contou. Mas vai dar tudo certo, a tia Catarina também teve essa doença maldita e não está aí firme e forte conosco?

📲Sim, eu estou confiante que vai dar tudo certo! Em breve eu apareço por aí,temos investidores estrangeiros interessados em nossa produção de frutas nativas.

📲Então vou mandar dar uma vistoria nas acerolas e pitangas.

📲Faça isso! Até mais!

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—Dona Penha!

—Pois não, seu Jorginho!

—Arrume seus meninos,vamos até a cidade para buscar seus documentos e fazer as identidades e carteira de trabalho. Eu vou levar vocês até lá.

—O Samuca não vem? - pergunto e minha mãe me dá um catucão

—Não,ele está dando apoio a mãe com um problema de família. Bem, vou arrumar o carro.

Assim que ele sai, mainha me olha de cara feia.

—Mas que abuso é esse!?

—O que foi mainha?

—Chamando o patrãozinho de Samuca! Não quero mais ouvir isso,Amália!

Abaixo a minha cabeça.

—E que fogo é esse, se dando o desfrute de perguntar por ele? Se o seu pai vê uma coisa dessas... que não se repita essas confianças,ouviu?

—Ouvi sim senhora! Desculpa!

—Eu vou arrumar seus irmãos, vai lá na lida dos cavalos chamar o seu pai!

Saio para chamar chamá-lo.

—Painho, a mãe está chamando! Vamos sair para fazer os documentos.

—Já vou! - ele grita - Termina isso aqui pra mim Ayrton?

—Termino sim, seu Geraldo! Oi Amália!

—Oi ,Ayrton!

—Hoje a noite vamos para o forró na casa de dona Maria do Socorro, é vizinha de ocês. Quer ir?

—Não gosto de dançar.

Meu pai me olha assustado.

—Mas como não? Gosta e muito! Oxe!

—O senhor permite que eu a leve ,seu Geraldo? Prometo a tratar com respeito e a levo cedo pra casa!

—Permito sim, mas o Fabinho vai junto e as dez horas eles tem que estar de volta!

Ele abre um enorme sorriso e eu fico de olhos arregalados.

—Como o senhor quiser! As sete eu passo para buscar você, Amália!

Saio de cara feia ao lado do meu pai.

—Por que o senhor permitiu? Eu não queria ir!

—Bobagem a sua! O Ayrton tá gostando docê, tá na cara dele! É um rapaz bom, trabalhador, de boa família e já está na hora de se arranjar. Faço muito gosto!

Vamos até a cidade, resolvemos a documentação e a primeira coisa que mainha faz é nos matricular na escola da fazenda, foi exigência da dona Suzana

A noite,meu irmão questiona porque ainda não me arrumei.

—E aonde vão? - pergunta minha mãe

—No forró na casa da Maria, aniversário de quinze anos da menina dela. O Ayrton pediu permissão pra levar a Amália e eu dei. O Fabinho acompanhará os dois.

—E porque não se arrumou ainda?

—Porque não quero ir,mainha!

—É melhor que vá!

O olhar dela para mim me fez entender tudo, me levanto, tomo banho e escolho uma das roupas que chegaram hoje lá do Rio de Janeiro que a Aninha mandou pra mim.

Assim que fico pronta, Ayrton chega.

—Com licença! Boa noite dona Penha!

—Boa noite meu filho,Amália já está pronta,vou chamá-la.

Minha mãe quase me arrasta do quarto até a sala.

—Cê tá muito linda ,Amália, com todo respeito!

—Obrigada...

Saímos juntos, os colonos da fazenda moram numa parte afastada da sede. Nem dá pra ver o casarão daqui, é muito légua de terra!

Todos dançam animadamente, Ayrton me puxa e danço um pouco para não fazer desfeita.

—Amália, desde a primeira vez que te vi, eu gostei de ocê! Do seu jeito, do seu sorriso...Vamos namorar? Eu falo com o sei pai, a gente namora, noiva...

—Não quero casar agora, vou voltar a estudar.

—Mas uma coisa não tem nada com outra! Você pode estudar, eu não vou te proibir de nada não!

—E que eu não gosto de você, não pra namorar!

—Mas por quê? Essas meninas ficam tudo atrás de mim, eu não quero elas não! Quero você! Eu gosto docê, Amália!

Ele tenta se aproximar lentamente para me beijar e eu me afasto.

—Está tarde! Me leva pra casa?

Ele me acompanha junto com o meu irmão,em casa,após me ajeitar, deito olhando para o teto.

—Você gosta dele, né? - me pergunta Fabinho

—Não gosto do Ayrton, não pra namorar!

—Não estou falando do Ayrton.

Eu fico em silêncio.

—As vezes a Aninha vem nos meus pensamentos,ela é tão perfumada! Os cabelos dela parecem até um pano macio...mas eu me lembro quem eu sou e tiro ela da minha cabeça. Tira o Samuca da sua cabeça também,se não você vai sofrer!

Ele se vira para ao lado e adormece,eu também viro para o lado e choro.

......................

No banho após mais um dia cansativo de trabalho e uma semana de provas na faculdade, tento relaxar na banheira. Coloco um som, canto minhas músicas favoritas, enquanto fecho os olhos. Pretendo ir para Angra com meus pais, descansar junto com eles, fazer uns mergulhos esportivos com o meu pai, ele adora esse momentos a sós conosco.

De repente,na playlist, toca a nossa música...Que raiva! Passei esses últimos tempos sem sequer lembrar do Pietro e uma música me traz ele de volta.

Eu o bloqueei de tudo, pode parecer infantil da minha parte, nas o cara terminou daquele jeito comigo,me fez chorar e depois vem me enviar mensagens para saber como estou? Ah...me poupe! Melhor assim para eu seguir em frente com mais facilidade e tem dado certo. Não estou com ninguém no momento,mas estou aberta a me relacionar com alguém que desperte o meu interesse.

Mas não posso negar, ele ainda ocupa o meu coração e está difícil tirar ele de lá...será que um dia eu consigo?

A música toca,e lembro do perfume dele, do beijo suculento, das mordidas na minha boca, daquelas mais macias e enormes segurando o meu corpo com firmeza,eu me arrepio de desejo e toco os meus seios com os mamilos enrrijecidos ao lembrar da língua quente dele brincando em cada parte minha. Meus dedos tocam a minha intimidade, e imagino nós dois nos amando, solto um gemido de prazer e fico ofegante enquanto massageio em círculos o meu clitóris, imagino Pietro me penetrando novamente ,rebolando suavemente dentro de mim,eu acelero meus movimentos e chego ao orgasmo derrubando a água da banheira.

Após me recompor, saio ,me seco e visto um blusão, deito na cama e pego o meu telefone, bateu saudades, penso em ligar.

—Qual é Ana Carolina, saudade de ex? Que derrota!

Olho para o teto com o telefone no peito, quero ligar...mas não posso ligar, eu tenho que esquecer o Pietro ! Mas a questão é, eu vou conseguir?

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