—Vocês deveriam ter mais prudência,não poderiam montar à cavalo sem um capataz por perto!
—A Aninha está acostumada,amor!
—Mas a Liz não, Tomás!
—Mas deu tudo certo, a mocinha,filha dos novos caseiros, conseguiu segurar o cavalo. Eu vou tomar um banho para almoçar.
Tomás me dá um beijo e se retira, permaneço na sala de visitar da fazenda.
Eu sempre amei vir para cá ,ainda mais que na época em que o Tomás conheceu a família materna ,nós dois passávamos por muitas turbulências no casamento e na empresa, aqui era o nosso refúgio.
Ele a comprou de presente pra mim, mandou reformar, mas não alterou a parte externa, com os anos mandei deixá-la mais confortável por dentro,trazendo um pouco mais de modernidade mas sem perder essência rústica do campo.
Começamos a comprar os hectares em volta e hoje, além de ser uma área de lazer e descanso com direito a um haras, iniciamos certas produções agrícolas orgânicas para uso nas indústrias e agora estamos investindo em criação de galinhas livres,esse tipo de produção está em alta e é muito rentável.
Tomás e eu pretendemos nos aposentar em breve,estamos esperando a Aninha se formar e assumir a presidência da empresa junto com o Samuca para nos mudarmos pra cá.
Durante o farto almoço, Liz conta empolgada dos planos para o seu casamento.
—Tia, vamos montar as estruturas próximo ao haras,o que acha?
—Será perfeito! É uma área recém construída, está linda e vai render fotos maravilhosas!
—Ainda estamos na dúvida quanto a estadia dos convidados.
—As famílias de vocês irão se hospedar conosco aqui sede, para os familiares temos casas de hóspedes...
—E podem ficar com a nossa família também! A antiga casa da vó está lá fechada. - diz Jorginho - Eu moro sozinho, o Daniel só vem nos finais de semana, seus tios podem ficar comigo, Suzana.
—É claro que podem, né? Principalmente a filha deles,a Bárbara ! Há uns dezesseis anos vocês vivem nesse chove não molha! Até filho juntos tem! - Tomás se revolta - Encosta essa mulher na parede, primo!
—Eu tento, mas ela é arisca!
—Aqui tem muitas pousadas por perto, Jorginho?
—Tem sim, se a Liz quiser, podemos ver isso essa tarde.
Enquanto vamos conversarmos, Penha e a filha Amália nos observam de pé. A moça é tão bonita, delicada e estava de cabeça baixa o tempo todo. Peguei uns olhares disfarçados do Samuca pra ela e meu radar ligou. Não é porque ele é meu filho,mas ele tem um caráter impecável, é um filho,irmão,neto,amigo e empresário maravilhoso! Meu peito explode de orgulho dele,jamais ele trairia a noiva ou se aproveitaria de qualquer moça. Por isso estou intrigada com essa atitude dele.
—Penha, esse frango assado está divino! Aliás tudo está maravilhoso,parabéns! Você cozinha muito bem!
—Obrigada, dona Suzana! Minha menina me ajudou. Estava com medo de vocês não gostarem,é tudo muito simples.
—Eu disse a vocês que meus primos não tem frescura! - diz Jorginho
—Não mesmo,gostamos de comida simples e boa, como essa! - diz Tomás
—Vocês não irão ficar aí paradas nos olhando comer, né?
—Se precisarem de alguma coisa...
—Não estamos precisandode nada, podem ir almoçar. Seus filhos já comeram?
—Estamos esperando o que sobrar.
Todos param de comer e nos olhamos
—Como assim!? - pergunta Samuca
—Comemos o que sobra do almoço e da janta de vocês. É assim que sempre fazemos.
—Não,o quê é isso! Tem comida sobrando nas panelas?
—Não,está tudo aqui na mesa.
—Então pegue os pratos e sirva as crianças e depois se sirvam.
—Não, senhora!Pelo amor de Deus!
—É uma ordem,Penha! Aqui ninguém vai comer resto! E a partir de agora, quando estivermos aqui, cozinhe para sua família ao mesmo tempo e a mesma comida!
As duas pegam os pratos,colocam a comida ,mas preferem comer na cozinha junto com as crianças.
—Gente, não acredito que eles iriam comer o que sobrasse! - Exclama Aninha
—Eu conversei com ela e o marido, eles viveram em situação de escravidão moderna, não tem documentos, as crianças não possuem registro, os filhos mais velhos não terminarem o fundamental dois, e o casal é semi analfabeto.
Todos comentam, chocados, o absurdo da situação.
—Samuca,depois do almoço sente-se com eles para resolver isso o quanto antes!
—É claro, pai!
Após o almoço, deitamos um pouco no quarto para descansar e as "crianças" ficam à vontade de um lado para o outro com tantas coisas para fazer.
—Amor, reparou algo diferente no Samuca?
—Hum...não...por quê?
—Não sei,o olhar dele para aquela mocinha...Tomás?...Tomás!
Ele dormiu e me deixou falando sozinha,o abraço por trás e resolvo acompanhá-lo no cochilo sentindo o calor do seu corpo e seu cheiro gostoso de macho alfa.
......................
—Bem, eu vou precisar de algumas informações de vocês para dar entrada no pedido de segunda via dos documentos de vocês.
—Pode falar, doutor!
Eu dou uma risada sem graça
—Não sou um doutor, podem me chamar de Samuel.
Colho as informações para transmitir ao RH da empresa na segunda feira.
—Agora é só aguardar,em breve vocês terão novos documentos.
—Obrigado, doutor...Samuel...
—Não foi nada!
Eles saem do escritório e eu olho pela janela,Amália está brincando com os irmãos menores, os empurrando no balanço, descalça,sorridente e livre. Sinto uma mistura de atração com pena,é uma moça muito sofrida assim como os pais,prefiro deixar meu sentimento de pena ser maior,é mais prudente.
Vejo uma das crianças cair do balanço e bater a cabeça no chão,corro até lá.
—Ele está bem? - pergunto
—Está...eu acho...- ela responde
—Deixa eu ver!
Analiso o ferimento.
—Pegue gelo, vamos levá-lo a UPA da cidade.
—Não! Eles não tem documentos, pode dar problemas para os meus pais!
—Não se pode negar atendimento a ninguém, o SUS é universal!
Ela me olhe como se eu falasse grego.
—A minha família gera receita nessa cidade,somos influentes, ninguém vai se negar a atendê-los!
Novamente ela me olha sem compreender o que estou falando
—Ah...deixa pra lá! Só me acompanha.
Pego uma das picapes e os levo ao pronto atendimento. Explico a situação da criança e ele é atendido,tendo alta bem ,sem problema nenhum detectado.
—Não iremos acionar o conselho tutelar porque a família Lobato está cuidando diretamente da situação. Mas que seja rápido,isso não pode se repetir! - recomenda o médico.
Voltando para a fazenda e assim como na ida,na volta Amália também não troca nenhuma palavra comigo. Meus pais,meu primo e os pais dela estava na frente da sede nos esperando.
—Como está o menino? - pergunta Jorginho
—Foi só um susto,graças Deus! - respondo
—Melhor levá-lo para casa para descansar, aliás está dispensada por hoje,Penha. Cuide dos seus meninos!
—A senhora é uma santa ,dona Suzana! - ela segura as mãos da minha mãe e beija em agradecimento
—Que exagero! - ela responde sem graça - Mas voltem a noite para a moda de viola!
—Eu vou visitar o tio Zeca, você vem amor?
—Vou sim,Tomás! Só um minuto.
Meu pai vai andando na frente com Jorginho e minha mãe me questiona.
—E como foi lá?
—Já disse,foi só um susto,mas o médico falou que temos que providenciar logo os documentos deles.
—Eu não estou falando disso,estou falando da moça!
Quando a gente chega com a farinha , a minha mãe já está cortando o bolo. Dona Suzana é terrível!
—Foi e voltou em silêncio, igual a um bichinho acoado.
—Hum...presta atenção, Samuel! Presta atenção!
Ela sai andando e parte com o meu pai para visitar os tios dele.
......................
Tomo um banho e tento escolher uma roupa descente para usar hoje a noite. Não tenho nada que preste! Tudo é remendado, gasto, desbotado...
Como posso ficar perto do Samuel desse jeito? Ele é tão bonito, tem um cheiro tão bom...ai Amália, tira esse menino da cabeça ! Ele pode ser simpático e gentil, mas é muito rico, estudado,inteligente e usa uma aliança bem da grossa no dedo. Ele não é para você!
A noite,minha família e eu vamos à sede para a moda de viola, a família dos patrões é muito grande, tem tanta gente aqui! Vejo o Samuca ao longe rindo e conversando com os parentes, me sento em um dos troncos de frente à fogueira e a irmã dele se aproxima de mim.
—Oi!
—Oi!
—Seu nome é Amália, né?
—Sim,e o seu é Ana Carolina.
—Pode me chamar de Aninha. Foi legal o que você fez hoje cedo,salvou a minha prima,monta muito bem!
—Você também monta bem!
—Acho que nem tanto! Se dependesse de mim para salvá-la, ela teria dado de cara naquela árvore!
Damos uma gargalhada.
—Eu não quero que você se ofenda, pensei mil vezes antes de falar contigo. Eu dei uma geral no meu closet esses dias, tenho muitas roupas e calçados e a maioria com etiquetas, nunca usados ,que separei para doar,acho que temos o mesmo corpo. Se você quiser, eu posso pedir para trazer essas roupas pra cá, mas só se você quiser!
—Claro que aceito! Aonde já se viu pobre ter frescura?
—A minha mãe vai comprar roupas de cama,mesa e banho para vocês,roupas e calçados para os seus irmãos...
—Somos muito agradecidos por tudo!
—Não passe a vida todo só sendo agradecida,essa é uma oportunidade de mudar a sua vida Amália, não desperdice!
Fico pensando no que a Aninha disse e assim que meus documentos estiverem prontos, vou voltar para a escola!
......................
A noite ocorre agradável, agarro minha gostosa e nos cobrimos com uma coberta diante da fogueira, fizemos churrasco de chão bem a moda da roça, cachaça para aquecer e muita música no violão e na sanfona.
Suzana não é fã de música sertaneja,mas se acostumou e acompanha com gosto. Não vejo a hora de nos aposentar e moramos aqui, nessa paz e tranquilidade.
Enquanto estava com o meu amor deitada nos meus ombros,reparo o olhar de Samuca para a filha dos caseiros, acho que foi isso que a Suzana falou essa tarde mas eu não prestei atenção, eu estava com tanto sono! Vou conversar com ele amanhã, nada de aventuras ! Ainda mais com uma moça como ela.
Após todos saírem, pego a Suzana pelas mãos e vamos andando até aonde era a antiga casinha da minha avó. Mantivemos fechada e só quando há eventos grandes aqui a abrimos para hospedar alguém,na parte de trás a "nossa" árvore continua lá, tantas vezes fizemos amor debaixo dela e ainda fazemos, como agora...
—Não cansa da mesma aventura?
—Como posso me cansar de ter você?
Nos beijamos, depois forramos o chão com o cobertor, faz frio e Suzana se recusa a tirar as roupas toda, só a calça jeans,e eu fico completamente nu, gosto da mistura de arrepios de frio e tesão no meu corpo. A penetra vagarosamente enquanto a beijo, ela agarra os meus quadris com as pernas e eu entro mais fundo,gemendo alto, chegamos juntos aos clímax e ficamos abraçados.
—Põe a roupa, amor!
—Não tem mais o tio Zeca rondando por aí! Se bem que tem o capataz , os vigias noturno...
Me levanto e me visto.
—Nem é por isso que eu digo, adorava ver você pego em flagrante, era tão engraçado!
—Há há há...engraçadinha! Então é por quê?
— Estamos velhos, e gripes e resfriados adoram um velho!
—Velhos fazem o que acabamos de fazer e do jeito que fizemos agora?
—Acho que não!
—Então pronto! Mas está frio mesmo, vamos voltar pra casa, minha velhinha...
—Oh...Tomás...
Nos abraçamos aos risos enquanto nos encaminhamos de volta.
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Atualizado até capítulo 80
Comments
Denise
Amo THOMAS & SUZANA e como criaram os 3 filhos para amar e respeitar o próximo, serem honrados, gentis, honestos e humildes, apesar de Serem multimilionários. Por isso SAMUCA tá sr segurando para não ir conversar com AMÁLIA, por quem se sentiu atraído.
2024-09-08
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Creuza De Jesus Oliveira Alves
que casal mais lindo parabens autora seu livros são lindos
2025-01-31
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Esther De S Passos
Thomas e Suzana são um casal dos sonhos.
2025-03-30
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