É domingo, partiremos na parte da tarde, logo após o almoço. Vamos para a missa dominical na capelinha da fazenda onde os nossos empregados que moram por lá, tambem participam da missa dominical.
Amália e família estavam presentes também, ao final da celebração, minha irmã e eu marcamos de ir nadar na cachoeira junto com alguns primos.
—Quer ir, Amália? Chama o seu irmão! - pergunta Aninha
—Eu não sei,vou perguntar aos meus pais, mainha pode precisar de ajuda na lida da casa!
—Eu mesma vou pedir!
Aninha pega pela mão de Amália e conversa com os pais dela.
—Ah mas não é certo isso! Filho de empregado não se mistura com filho de patrão!
—Que isso senhor Geraldo! Nós não temos dessa bobeira não! Deixa a Amália ir, o rapaz pode ir junto para tomar conta da irmã se quiser!
— Se painho deixar, eu acompanho a mana!
—Tudo bem, mas se comportem e quero vocês dois em casa na hora do almoço!
Os dois nos acompanham sem graça, vamos no caminho conversando, paramos para colher umas mangas, subo na árvore junto com Murilo e começamos a jogar para baixo onde meus primos pegam e juntam em sacolas.
Descasco uma usando os dentes e Amália me olha assustada.
—O que foi? Achava que eu só comia fruta cortada dentro da taça? - dou uma gargalhada
—Não! Eu não... - ela fica vermelha.
—Estou brincando, não precisa ficar assim! - dou uma risada - Cresci subindo nessas árvores aqui, não fui um pobre menino rico,tive uma infância muito boa!
—É que você é rico, essas coisas não estou acostumada a ver pessoas como você fazer..
—Entendi, mas a minha família é diferente, acho que deu pra você perceber.
—Deu sim!
A ofereço uma manga e ela começa a comer como eu já estava fazendo, nos lambuzado e morrendo de rir.
— Tem quantos anos ,Amália?
—Vinte e dois ,o meu irmão tem vinte.
—Vocês dois não terminaram a escola,né?
—Não, senhor...- ela responde sem graça.
—Ah não! Senhor?! Eu tenho vinte e seis anos! Só quatro anos mais velho do que você! Me chame de Samuca.
—Desculpa,Samuca!
—Ainda não respondeu a minha pergunta.
—Paramos no oitavo ano.
—Hum...terão que fazer o EJA. Aqui na fazenda tem uma escola do município para adultos,assim que os documentos de vocês chegarem, quero ver você e seus irmãos na escola!
—Pode deixar, Samuca!
Nos damos um sorriso e do nada sinto o meu rosto queimar, vejo que ela também ruborizou,abaixamos a cabeça e em alguns passamos chegamos na cachoeira.
—O último a cair na água é mulher do padre Francisco!
—Credo,Marco! Que coisa mais antiga ! - brinca Aninha
Tiramos as blusas e caímos na água. Minha irmã e minha prima se recusam a mergulhar na água gelada e ficam só molhando os pés,observo Amália sentar ao lado delas e o irmão dela fica por perto.
—Fiquem paradas,tem uma cobra logo atrás de vocês! - diz Fábio
—Cobra?!!
Aninha não se controla,grita e pula, a cobra arma o bote pra ela mas, Fábio a puxa para dentro da água, ela o agarra o pescoço e chora.
—Me tira daqui! Por favor !
—Calma ,moça! Ela voltou pra dentro do mato!
Ele sai da água com ela ainda no colo.
—Tudo bem, Aninha? - me aproximo
—Quero ir pra casa!
—Deixa que eu a levo, está na nossa hora também! Vamos Amália!
—Aninha...já pode descer do colo do rapaz.!
—Ah sim...obrigada! - ela fica sem graça
—Disponha!
......................
Fábio e Amália me acompanham até em casa e vou conversando mais com eles, nos conhecendo...são gente muito boa, estou torcendo para eles darem uma virada na vida deles! Sofreram muito e merecem ter o direito a uma vida digna e com perspectiva de futuro.
Fábio me conta que está trabalhando nos pomares da fazenda, e que agora, com o horário de trabalho regulamentado pode voltar a estudar e eu os incentivo.
Chegamos à sede, vou trocar as roupas molhadas e aguardar o almoço. Os demais voltam, fazemos a refeição juntos e nós arrumamos para partir.
—Quando vocês voltam? -pergunta Jorginho
—Esperamos ser em breve! Recarreguei as minhas baterias! - diz meu pai
Me despeço de Amália
— Não esqueci! Se eu não voltar aqui, mandarei trazer as coisas que te prometi!
—Tá bom, Aninha! - ela ri
—Tchau ,Fábio! Foi um prazer e obrigada por ter me salvado daquela cobra! - beijo a bochecha dele que fica vermelho.
—Não foi nada...
Entro no carro com minha mãe e meu pai e meu irmão, ainda ficam dando as últimas coordenadas.
......................
Vejo Samuca junto com o pai dele conversando com o Jorginho e o meu pai deixando ordens, meu coração balançou, me deu um aperto por não saber quando ele volta e sabesse lá quando irei vê-lo novamente!
—Tchau Amália! Não esqueça ,viu? Volte a estudar ,aliás os dois! - ele olha para o meu irmão - Vejo vocês em breve!
Ele estende a mão para o meu irmão e em seguida beija a minha mão,entra no carro e vai embora com a família.
Discretamente levo a minha mão ao rosto, o cheiro dele ficou em mim.
Nós começamos a nos encaminhar para a nossa casa, já que é final de domingo, um dos capatazes da fazenda, caminha conosco.
—Amália, vai ter quermesse lá na cidade,não quer ir mais eu? Eu peço autorização para o seu pai!
—Ah não, obrigada! Vou descansar um pouco ,esse final de semana foi puxado.
—Mas vai ser rápido, não precisamos demorar!
—Não, Ayrton! Estou cansada mesmo! Obrigada!
—Mas para ficar atrás dos filhos dos patrões você estava bem!
—É o quê?!
—Sai de perto dessa gente ! Eles não pertencem ao nosso mundo, nós temos que ficar perto de gente igual a gente!
—Eles são diferentes!
—São nada! Rico é tudo igual! A menina nunca vai querer ter uma amiga do lado dela que mal sabe falar direito , e o rapaz só usaria você pra se divertir, nunca se casaria com uma moça sem traquejo de dama. Já eu não me importo com nada disso, porque sou igual a você!
Fico em silêncio e acelero o meu passo para sair o mais rápido o possível do lado dele e chegar em casa. Deito na minha cama, e tento não chorar, cheiro a minha mão novamente, o perfume dele não sai...mas Ayrton tem razão,eu não tenho a mínima chance com o Samuca!
......................
De volta ao Rio,de volta a minha rotina. Chegamos no final da tarde em casa.
—Vamos tomar um banho e nos trancar no quarto até amanhã, a mãe de vocês e eu não estamos para ninguém!
Meus pais sobem aos risinhos e quando é assim, realmente é bom não incomodá-los.
—Podem deixar,pombinhos! - brinco
Vou para o meu quarto e organizo as minhas coisas para o dia seguinte, tomo um banho ,coloco uma roupa confortável, faço um lanche na cozinha olhando para as fotos na galeria do meu celular, vejo uma das fotos de hoje maos cedo na cachoeira onde Amália aparece sorrindo docemente,passo os dedos na tela e naturalmente dou um sorriso, sou desperto dos meus devaneios pela ligação de Luiza. Lembro que tenho uma noiva,um compromisso e volto à minha realidade.
📲Oi amor!
📲Oi Samuca,chegou muito tempo?
📲Há umas duas horas
📲Por que não me ligou ?
📲Está ficando tarde, é domingo...
📲Pensei que estivesse com saudades de mim...
📲Estou...mas também estou cansado do final de semana.
📲Então não rola nem jantarzinho?
📲Hoje não, Luiza...
📲E se eu levar o jantar até aí e depois no seu quarto, lhe servir a sobremesa?
Meu corpo dá sinal de desejo.
📲Aí você jogou baixou...
📲E aí? Posso?
📲Deve...
Damos uma risada e em cerca de uma hora e meia, ela chega trazendo um combo de comida japonesa para toda a família. Minha irmã desce para comer conosco, mas o meu pai pega o deles na porta do quarto,agradece e se tranca lá dentro de novo com a minha mãe.
—Por que não foi conosco,Luíza? - pergunta minha irmã
—Ah não...eu detesto fazenda, sítio, chácara,mato, bichos, insetos...enfim,vida no campo!
—O casamento da Liz será lá. - digo
—Fazer o quê...o nosso com certeza não será! - ela ri
—É...você não gosta...
—Bem,vou dormir! Ah,Samuca, não esqueça de ver a documentação do pessoal amanhã e separar roupas para levar para o Fábio.
—Para quem? - pergunta Luíza
Aninha começa o contar toda a história para elas,e Luiza se prontifica a ir da próxima vez levar donativos para os colonos da fazenda.
Subimos para o meu quarto, tomamos uma ducha quente e relaxante juntos e ali mesmo nos amamos.
......................
Deitada ao lado de Samuca, acaricio os cabelos negros dele, ele se agarra em torno de mim, e adormece com a cabeça entre meus seios. É tão bom estarmos juntos assim! Mas ultimamente tenho notado uma certa distância dele e desânimo ao falar em casamento, tenho que fazer alguma, coisa! Não posso perder o meu noivo!
Por isso tomei uma decisão,começarei a frequentar esses lugares que detesto para ficar próxima dele e o agradar,um sacrifício em nome do nosso amor!
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Atualizado até capítulo 80
Comments
Esther De S Passos
Essa patricinha pode ter dinheiro mas não tem educação, coração. É superação e Interesseira. Oh Samuca descobre logo sobre essa narja e manda ela pro inferno
2025-03-30
1
Gracinda Tato
a namorada do samurai é uma piranha se for para a fazenda vai humilhar o pessoal
2025-03-25
1
Mônica Santos
esses homens só pensam com a cabeça de baixo e não vê a ariranha no lado dele
2025-03-07
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