...Eve...
Lentamente, abro os olhos, confusa. Não faço a mínima ideia de onde estou. Meu olhar percorre o quarto, vendo diversos cabideiros com fantasias femininas penduradas neles. Ao lado, há uma cômoda com tintas e pincéis em cima. A cama em que estou deitada é surpreendentemente macia. Tento manter a calma ao começar a ouvir barulhos de passos.
Meu Deus! As memórias das cenas horríveis que presenciei naquele maldito circo voltam à minha mente. Será que fui sequestrada pelo palhaço da barraca de pipocas? Ou será que a polícia chegou e parou com tudo aquilo, e agora estou salva? Não, impossível... Se este fosse o caso, eu não estaria em um lugar assim.
A porta do quarto se abre lentamente. Um homem grisalho, vestido de terno preto, entra. Ele me olha em choque ao ver que estou acordada.
— Senhor Maeson! Ela está acordada! — Será que eles me venderam para alguém? Olho para baixo e vejo uma corrente no meu tornozelo, percebendo que estou presa.
Em estado de pânico, começo a chorar, sentada na cama, com medo de que algo grave aconteça comigo. Minha vida já era ruim, agora só piorou mais! Será que vão me torturar, igual fizeram com as pessoas do palco no circo?
— Está tudo bem, querida... Ninguém vai machucá-la aqui, você está segura na mansão. — Fala, tentando me acalmar. O que me deixa ainda mais nervosa; por que ele iria querer me ver calma?
O homem grande do circo, que me fez sentar na primeira fileira e assistir a tudo, aparece na porta.
— O que aconteceu, George? — Fala, olhando em minha direção, preocupado.
"Isso é muito estranho. Minhas suspeitas foram confirmadas; eu realmente fui sequestrada por eles."
— Ela deve estar chorando porque está nervosa, senhor. — Explica, olhando para mim de forma compreensiva.
— Tudo bem. — Fala, se aproximando. — Vá buscar o café da manhã para ela. — Pede.
— Sim, senhor. — Responde o homem grisalho, saindo do quarto e fechando a porta.
Ele fica um tempo me encarando, finalmente tendo coragem para falar.
— Vocês vão me torturar? Igual fizeram com aquelas pessoas? — Pergunto, em meio aos soluços, apavorada.
— Não, Eve... Olha, eu sei que o que você viu lá foram cenas fortes, mas não tenha uma imagem ruim de nós. — Responde, se aproximando. Bom, não tem o que fazer, só posso aceitar minha situação. Sei por experiência própria que resistir é pior.
— Ei, o Tyler me disse que você não pode comer coisas salgadas. Então, mandei George trazer um café da manhã com frutas para você. — Diz, sorrindo. Se ele não fosse um dos meus sequestradores, até que seria fofo. Foi a maior gentileza que alguém já fez para mim em toda a minha vida. Me pego quase sorrindo, mas logo fecho a cara, lembrando da gravidade da situação.
— Espera, Tyler, não me diga que é o... — Sou interrompida no meio da minha pergunta, mas tenho certeza de que é ele, foi a única pessoa a quem dei tal informação.
— Sim, o palhaço. — Sabia! Eu devia ter saído correndo quando tive a chance.
O velho bate na porta, entrando com uma bandeja de alumínio cheia de frutas já cortadas. Talvez eu possa tentar tacar a bandeja na cabeça dele; pelo menos não vou morrer sem lutar.
— A bandeja é para mim! Você não vai me entregar? — Pergunto, vendo ele entregar a bandeja para o cara que está sentado na beira da cama.
O velho me dá um sorriso e sai do quarto.
— Desculpa, mas eu vou ter que dar na sua boca. Tenho certeza que você vai tentar tacar a bandeja na minha cabeça, e isso vai me irritar. — Fala, colocando a mão debaixo da cama. Espera, como ele adivinhou? Será que minha expressão estava estranha?
— Eu nunca faria isso, juro! — Falo, tentando convencê-lo. Em resposta, ele me dá um olhar de deboche, como se eu fosse ridícula.
— Claro. Agora estenda os punhos. Estou pedindo por educação. Se você se negar, tenho força suficiente para eu mesmo pegar seus braços! — Resolvo colaborar, estendendo meus braços. Ele os amarra, fazendo um nó que eu nunca conseguiria desmanchar.
— Pronto! Agora faça "aaa". — Uma rodela de banana está espetada no garfo. Ele está com a boca aberta, me pedindo para fazer o mesmo. Nunca sofri tanta humilhação assim, meu Deus.
— É sério? Tenho mesmo que fazer isso? — Pergunto, para ter certeza de que isso não é uma ilusão.
— Sim! — Responde, sorrindo.
Minhas bochechas ficam vermelhas, jogando minha dignidade no lixo em 3, 2, 1...
— Aaa. — Ele sorri, levando o garfo até minha boca. Termino de mastigar e faço uma pergunta que estava me segurando há tempos para fazer.
— O que fizeram com o restante das pessoas? — Ele enche o garfo de frutas, colocando tudo na minha boca para me calar.
— Na hora certa, você saberá. — Ok, sem perguntas.
Depois de terminar minha refeição, pergunto curiosa, enquanto o homem grande se levanta.
— Como você se chama? — Ele me dá um sorriso, respondendo.
— Maeson. — Repito seu nome diversas vezes na minha cabeça para não esquecer. — Maeson, como você sabe meu nome? — pergunto. Não lembro de ter falado para ninguém.
— A identificação que estava no bolso do seu moletom. — Responde, apontando para minha blusa.
Ele vem onde estou para soltar meus pulsos.
— Desculpa, acho que apertei muito forte. — Fala, olhando para meus pulsos. Seus lábios vão até as marcas, dando um beijinho em cada uma. "Fofo." Aposto que estou parecendo uma pimenta neste momento.
— Vou ter que ir agora. Se você precisar de alguma coisa, grite para George, o mordomo, que era o homem que estava aqui há pouco. — Fala, indo para a porta.
— Espera! E se eu quiser ir ao banheiro? É constrangedor. — Ele vira de volta.
— Tem um banheiro aqui dentro do quarto. Vou mandar uma empregada a cada dez minutos ver se você quer ir ao banheiro. Não tente nenhuma gracinha, vai ser pior para você. Entendeu, Eve? — Fala. Ele não para de me olhar, talvez esteja esperando uma confirmação?
— Entendi, Maeson! — Ele sorri, saindo do quarto. Escuto um barulho de chave. Claro que ele faria isso.
... Uma semana depois...
Se passaram sete dias desde que acordei aqui. Não faço a mínima ideia do porquê estou aqui, viva por sinal.
Eles me trazem café da manhã, almoço e jantar. Nunca recebi esse tratamento de ninguém. Maeson é quem traz meu café da manhã todos os dias. E mesmo o mordomo falando para ele que já podiam soltar minhas mãos, ele faz questão de me alimentar.
Quem traz meu almoço e jantar, na maioria das vezes, é George. Quando Maeson não está ocupado, vem me trazer o almoço. Ele sempre me dá um beijo na testa antes de ir dormir.
O mordomo sempre vem conversar comigo todos os dias, me dizendo para não ter medo porque estou segura. Ele até me trouxe alguns livros.
A porta se abre e uma ruiva entra, me olhando com nojo e desprezo, como se me odiasse sem nenhum motivo aparente. Ela já me puxou pelos cabelos para me arrastar ao banheiro, fazendo isso desde que apareceu para "me ajudar". Mentiu para Maeson, dizendo que eu a agredi para fugir, o que fez ele ficar bravo comigo. Não sei como, mas ela conseguiu até um olho roxo, alegando que eu o fiz.
— Você poderia me ajudar a tomar banho? — Falo, apontando para o banheiro. Ela me olha com desdém.
— Uma coisa suja como você nem com mil banhos ficaria limpa! É sério, não sei o que eles enxergam em você para te manterem viva. — Ela destranca a corrente do meu tornozelo. — Vamos, tire sua roupa nojenta! Não vou colocar a mão nessa coisa. — Faço o que ela pede, ficando completamente nua.
— É sério? Você é horrível, magricela desse jeito. Toda vez que te vejo, sinto vontade de vomitar. — Fala, com nojo. Tenho vontade de matá-la, mas, na minha situação, isso é impossível.
Ela vem até mim, agarrando meus cabelos. Sou arrastada pelo chão e acabo tropeçando.
— Você é uma idiota! Não serve nem para caminhar! — Fala, me puxando pelos cabelos na tentativa de me levantar. Dou um tapa forte em sua mão.
— Como você se atreve! Só não te mato porque sei que você tem um destino muito mais cruel, dentro de uma das jaulas, igual todas as outras pessoas! — A palma de sua mão bate em meu rosto, fazendo um estalo alto.
A porta atrás de nós é batida com força, causando um som alto, ecoando pelo quarto.
— QUEM VOCÊ PENSA QUE É PARA ENCOSTAR ESSA MÃO IMUNDA NA MINHA MULHER, SUA PUTA IDIOTA?!!! — Reconheço essa voz muito bem. Olho para trás e vejo o responsável pelo meu sequestro, o palhaço, segurando a bandeja do meu café da manhã nas mãos. Ele está sem a maquiagem que usava naquele dia, e sua expressão é de pura raiva.
O quarto, antes silencioso, agora parece pulsar com a tensão. Me cubro com as mãos para tentar esconder minha nudez, o coração batendo acelerado no peito. A empregada se encolhe diante da fúria de Tyler.
— Senhor, não é o que parece, ela me atacou primeiro! Para tentar fugir! — Sua voz treme enquanto tenta se defender, mas suas palavras soam fracas e desesperadas. Não aguento mais e grito, não me importando se isso pode piorar minha situação.
— VOCÊ DISSE QUE EU SOU SUJA! E ME PUXOU PELOS CABELOS! — Falo, em uma explosão de ódio e choro, sentindo as lágrimas queimarem meu rosto.
Tyler coloca a bandeja em cima da cama e se aproxima, seus passos firmes ecoando no chão de madeira. Ele me ajuda a levantar, seus braços me envolvendo com firmeza, escondendo meus seios e minha bunda com as mãos grandes e quentes.
— Eu vi tudo, ratinha, mas não se preocupe, você nunca mais vai ver essa mulher na sua frente. — Sua voz, agora mais suave, contrasta com a fúria de antes. Sinto um misto de alívio e medo enquanto ele me segura.
Ele se vira para a mulher, que está pálida e tremendo.
— Vá até George e conte tudo o que você fez. Não se atreva a mentir, muito menos a fugir. Só vai ser pior. Diga que eu mandei ele te trancar. — Suas palavras são uma ordem clara, e o tom de voz não deixa espaço para discussão. Ele me aperta ainda mais contra si, como se quisesse me proteger de todo o mal.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 40
Comments
Ana Paula Antunes
eu não estou entendendo nada ainda 😔
2025-03-25
0
Rayssa linda flor Linda flor
eu tô sem palavras /Silent//Silent//Silent/
2024-12-14
1
É nada
2024-10-16
0