Tessa

Tessa dormiu bem e acordou antes da mãe. Desceu e preparou o café. Estava estranhando a demora da mãe e resolveu subir. Encontrou a mãe ardendo em febre. O pai ainda dormia.

Tessa sacudiu o pai e ele abriu os olhos embaçados pelo sono.

_ Oi filha. Bom dia.

_ Bom dia, pai. A mãe tá doente. Ela está com febre.

Tales deu um pulo da cama. Pegou o termômetro e mediu a temperatura de Ana. Ela estava com quase 40° de febre. Tales levou Ana para o chuveiro, deu um banho frio, fazendo com que ela desse um grito.

_ Desculpe amor. Você está com febre. Ficou uns minutos com ela. Depois a colocou novamente na cama. Tessa trouxe o café para a mãe. Ela não queria, mas estava com frio e aceitou.

_ Filha, está na hora do ônibus.

_ Já arrumei Sam e estamos indo. O senhor vai cuidar da mãe?

_ Claro que sim. Pode ir tranquila.

Tessa foi com Sam para a escola. Como todos os dias, ela torcia para o fim das aulas. Estava preocupada com a mãe.

Na hora da refeição. ela estava sentada sozinha quando foi abordada pelo garoto que a defendeu .

_ Oi, posso me sentar aqui?

_ Oi, pode sim.

_ Eu sou Túlio. Você é Tessa, não é?

_ Sim. Como sabe o meu nome?

_ Eu sou primo de um colega seu. O Arthur. Ele me disse depois que a peste da minha irmã te maltratou.

_ Ah, não se preocupe. Já passou. Estou acostumada.

_ Não deveria acostumar com o que é ruim para você, Tessa.

_ Eu deleto o que acontece de ruim.

_ Isso é uma novidade para mim. Como você consegue?

_ Eu penso nas pessoas que me amam. Não é fácil. Mas eu tenho uma imaginação muito boa.

_ E você usa como essa imaginação?

_ Quando eles implicam comigo, que é praticamente o tempo todo, eu deixo a mente viajar e me vejo numa bolha de vidro.

_E funciona?

_ Por um momento sim. Depois quando a bolha está se quebrando, fujo para um lugar que não tenha ninguém.

_ Eu não vou permitir que Emilly faça mal a você.

_ Agradeço. Mas não brigue com a sua irmã por minha causa. Não vai resolver os meus problemas. Desculpe, tenho que ir.

Ela se foi e Júnior ficou mais uma vez a olhando de afastar. Ela o intrigava. Sentiu um afeto por aquela menina franzina, de olhos azuis, semblante triste.

Quanto Tessa chegou em casa, os pais não estavam. A vizinha, Nádia veio trazer comida e disse que a mãe estava com uma infecção bacteriana, mas não corria perigo. Tessa suspirou aliviada. Nádia esperou que eles comessem e os levou para a sua casa.

Era fim de semana e não tinha aula. Enquanto Sam ficava no jardim, Tessa cuidava da casa. Nádia era uma mulher generosa e zelou por eles. No domingo a mãe estava em casa. Ainda tinha que ficar de repouso. Nádia fez uma sopa, e quando viu que todos estavam bem, foi para casa.

Depois de colocar Sam para dormir, Tessa foi ver se a mãe precisava de algo. Ela sorriu e disse que estava tudo bem.

_ Mãe, o pai saiu. Vou ficar aqui com a senhora até vir o sono_ Tessa fingiu não ver as lágrimas contidas nos olhos azuis da mãe _ tava com saudades.

_ Eu também minha menina linda. O que seria de mim sem você?

Elas ficaram ali abraçadas até Tessa ouvir a respiração leve da mãe e viu que ela dormiu.

Tessa deixou as lágrimas caírem. Desde o acidente de Sam o pai se entregara de vez ao álcool. Não era agressivo, mas não conseguia trabalho, e as economias acabaram com a fisioterapia de Sam, que tiveram que ser interrompidas por falta de pagamento.

Ana trabalhava dia e noite em faxinas e bolos. Mas não estava sendo suficiente. Se não fosse Nádia, não teriam nem chances. Tales queria hipotecar a casa. Mas Ana foi categórica, dizendo que seria uma bola de neve.

Enquanto isso, Tessa crescia vendo a luta da mãe, não só financeiramente mas tentando tirar o marido do vício. Ele estava cada vez mais imerso no seu sentimento de culpa. Ele quase perdeu Sam e as duas. Ana demorou a perdoar a irresponsabilidade dele, e se afastou. Foi o suficiente para Tales afundar no poço.

Tessa pedia a Deus que curasse o pai, pois senão a mãe também adoeceria.E o que seria deles sem os pais?

No dia seguinte, Ana levantou-se e viu o café na mesa. E o marido dormindo no sofá. Simplesmente chamou as crianças, e saíram.

Essa cena se repetiu a semana inteira. No sábado, Tales chega em casa com um sorriso no rosto. Tinha arrumado um emprego e já recebera um adiantamento. Era aniversário de Tessa. Ele chegou com um bolo e um presente para ela. E o resto do adiantamento, ele usou na bebida.

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Comments

Erlete Rodrigues

Erlete Rodrigues

que triste ‼️

2025-01-26

1

Maria Socorro Netos

Maria Socorro Netos

como é triste uma vida assim o vício é uma doença que tem cura pra quem quer

2025-01-07

2

Aurea Fátima

Aurea Fátima

NÃO ISSO É FATO O VICIADO É ASSIM MESMO

2025-01-02

2

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