Ana ficou muito tempo observando o marido dormir. As lágrimas caíam dos seus olhos, molhando a roupa de cama. Tales era um homem bom, amoroso.
As lembranças vieram à sua mente. Era o início da primavera em Nova York. Ela era babá e ele o jardineiro da mansão dos Claytons. Eram bons patrões e Ana era muito apegada à Ygor, o filho dos patrões Linda e César A primeira vez que Ana viu Tales se apaixonou e ele por ela. Com a permissão dos patrões, começaram a namorar. Tales era romântico e todas as manhãs ele deixava um botão de rosa na mesa da cozinha com bilhetes de amor.
Eles planejaram o casamento e começaram a economizar para comprar a casa. Inesperadamente, o pai de César faleceu e deixou uma boa quantia de herança para Ana, pois a mãe dela tinha sido babá de César.
Ana não queria aceitar, mas César não abriu mão e ainda completou a quantia para que eles comprassem a casa que estavam tentando financiamento.
Como a casa já vinha com a maioria dos móveis, eles resolveram comprar aos poucos o restante. Foram decorando a casa com carinho e cuidado.
Quando estava tudo pronto, resolveram se casar e foi uma cerimônia linda. Os patrões deram uma recepção simples mas que aqueceu o coração de Ana.
Ana e Tales continuaram a trabalhar na mansão. Linda estava grávida novamente e com isso, Ana tinha o emprego garantido. O que a deixou muito feliz, pois não queria se afastar de Ygor.
Linda teve uma menina, Elisa. Era a cara da mãe, mas nasceu com um problema no coração e não conseguiu resistir à cirurgia de desobstrução da válvula mitral. Linda entrou em depressão profunda e não conseguia viver na mansão. Com pesar, César vendeu tudo, deu uma generosa quantia para Tales e Ana e foi morar perto da mãe de Linda, na Suécia.
Ana ficou desolada. Não por perder o emprego, mas Ygor era como seu filho e ela sentiu muito também a perda de Elisa. Tales conseguiu emprego numa loja de jardinagem. Ana descobriu que estava grávida e não conseguia emprego. Começou a fazer tortas e bolos para vender.
Aos poucos ela começou a se conformar com a saudade de Ygor. Tales estava muito feliz com a gravidez e fazia horas extras para garantir um médico bom para Ana.
Quando Tessa nasceu, a casa se encheu de alegria. Tales era um pai babão. Quando Tessa fez um ano, ele fez questão de comemorar com uma festa. Ana não concordava, dizendo que não podiam gastar dinheiro. Ele no entanto, fez assim mesmo.
Vendo a alegria de Tessa ela se conformou. Ela começou a fazer docinhos também. Logo veio a ideia de fazer combos de festas.
Uma noite, Tales chegou tarde em casa e Ana sentiu o cheiro de álcool. No dia seguinte, conversou com ele, que desculpou-se pelo atraso. Era despedida de solteiro de seu gerente e ele acabou ficando e bebeu.
Infelizmente, cada dia era uma desculpa para a mesma cena. Ana foi até a empresa e descobriu que Tales brigara com o gerente e tinha sido demitido.
Ela engoliu em seco e quando ele chegou, estava preparada para desmascarar Tales. Mas ele chegou cedo, com um sorriso e falou a verdade, mas já tinha um novo emprego.
Esse novo emprego rendia mais dinheiro, mas Tales tinha que viajar. Ana descobriu que estava grávida novamente, e ficou se perguntando como, pois tomava a pílula regularmente. Mas aceitou a gravidez e Tales demonstrou mais felicidade ainda.
As viagens de Tales, Tessa tinha crises alérgicas, e Ana se desdobrava para manter os remédios, a gravidez estava causando muito desconforto foram motivos para Ana adoecer e quase perder o bebê. Tales agiu sem pensar e saiu do emprego.
O parto consumiu uma boa parte das economias deles. Tales não conseguia emprego e aceitava qualquer oportunidade. As economias foram se esvaindo.
Quando Sam fez um ano, Ana fez um bolo para ele. Tales chegou em casa com um arranjo de balões coloridos e disse feliz que conseguira um emprego, numa loja de departamentos muito grande.
A sorte estava de volta. E durante essas crises, o amor dos dois sempre foi forte. Um amparava o outro. Tessa crescia unida com o irmão.
Uma noite, Tessa ardia em febre. Tales não chegava e Ana já sabia no seu interior o que isso significava. Ela teve que ir sozinha com as crianças para o hospital. Tessa estava com pneumonia.
Sem ter como avisar Tales, ela ficou no hospital com Sam. Tales chegou bêbado e nem deu pela falta da família. De manhã, ele abriu os olhos ao ouvir batidas na porta. Era a vizinha para avisar sobre Tessa.
Ele correu para o hospital. Tessa teria que ficar internada por mais cinco dias. Ele ficou desolado e Ana estava muito fria com ele. Ana foi para casa com Sam para descansar e voltaria mais tarde.
Eles se revezavam para cuidar de Tessa. No penúltimo dia, Tales foi para casa com Sam. Depois que o filho dormiu, ele cansado, resolveu beber uma dose. Virou a noite bebendo. Estava cochilando quando ouviu barulho de panelas caindo.
Era Sam que queria comer. Ele estava muito zonzo e deu biscoito para Sam. Viu que estava na hora de ir para o hospital e tomou um banho rápido. Foi a pé, para tentar clarear o cérebro, ainda alcoolizado.
De repente, Sam solta a sua mão e Tales não teve nem tempo de reagir. Ouviu um barulho estrondoso e viu o filho imóvel no asfalto. Ele perdeu os sentidos.
Ana estava aflita no hospital. O seu coração dizia que algo ruim tinha acontecido. E se confirmou quando a vizinha entra no quarto de Tessa, acompanhada do médico que deu a ela a triste notícia que o seu bebê estava em cirurgia. Ana pediu a Nádia, a sua vizinha para ficar com Tessa e ficou na sala de espera.
Tales saía da enfermagem e a viu. Ana não quis olhar para a cara dele. Ficaram horas esperando. Quando o médico veio, Ana cochilava no ombro do marido.
_ Vocês são os pais de Samuel Peterson?
Eles assentiram com a cabeça, com medo da notícia.
_ A cirurgia foi bem sucedida. No entanto, não posso assegurar se terá sequelas. Samuel ficou muito tempo sem oxigênio no cérebro.
_ Ele vai sobreviver?_ Pergunta Ana com voz fraca_ o meu bebê vai sobreviver?
_ Temos que esperar as próximas horas. Não posso afirmar com certeza.
As próximas horas foram angustiantes. Ana estava exausta, mas o cérebro se recusava a dormir.
Na manhã seguinte, o médico vem até eles.
_ Bom dia. Agora posso afirmar que Samuel irá sobreviver, porém o seu cérebro ficou sem oxigênio por um tempo. Isso afetou o desenvolvimento cerebral dele.
_ O que isso significa doutor?
_ Significa que Samuel terá o desenvolvimento cerebral atrasado. E ele precisará de fisioterapia para voltar a andar.
Ana começou a chorar. Tales foi abraçá-la, mas ela o afastou. Sam ficou internado cinco dias e nesse tempo, Ana não saiu do seu lado e ainda conseguiu permissão da assistência social do hospital para Tessa ficar com ela.
Quando ela voltou para a sua casa, com o filho numa cadeira de rodas, Tessa agarrada à sua saia, Ana encontrou a casa suja, garrafas vazias e Tales desmaiado no sofá.
E assim começou a rotina de Ana.
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Atualizado até capítulo 42
Comments
Janete Dos Santos
O Vício é a pior coisa para um ser humano
2025-02-28
1
Erlete Rodrigues
a bebida destrói não só o ser humano que bebe faz todos que estão em volta dele
2025-01-26
1
Maria Socorro Netos
comecei ler agora 06/01/2025
2025-01-07
1