capítulo 16

~ William ~

Eu quero que a reunião seja na frente de toda a família para que fiquem a par de tudo que vamos falar aqui, não quero ter que explicar nada para eles depois.

- a situação é muito grave, William - Josh tirou os seus óculos e levantou do sofá parando na nossa frente - se tudo isso é mesmo verdade, você pode denunciá-lo agora mesmo se quiser, abriremos uma investigação, e vamos refazer todos os passos do seu irmão durante o último ano, mas eu devo informar que a sua esposa também pode ser prejudicada, e além do mais, o casamento será cancelado mediante as provas que juntarmos.

- mas por quê? Ela foi tão vítima quanto eu de toda essa armação! - não é justo que ela pague por algo que não fez e muito menos é culpada.

- vai ser a palavra dela contra a do seu próprio irmão, ele pode alegar que foi engando por ela, que o plano foi dela e tudo que ele puder fazer para jogar a culpa em cima dela, e usar a paixão como desculpa ele vai fazer, e se tiver um bom advogado, ele vai pegar no mínimo um ano de prisão e ela terá uma pena muito maior! Principalmente pela tentativa de assassinato.

- que inferno! - levantei do sofá indignado com a possibilidade dele sair impune de todo o mal que me fez.

- eu sugiro que passe a investigar os passos dele, que descubra o nome do juiz que realizou o casamento, onde foi e todo o resto, se não tiver prova suficiente contra ele, e a favor da sua esposa, não temos muito o que fazer, os dois serão presos.

Eu olhei para a Annie e pude ver nos seus olhos o medo, ela engoliu em seco e olhou para mim.

- William, se for para acabar com todo esse inferno, eu estou disposto a pagar por isso, não aguento mais essa história, eu estou cansada de tudo isso! - ela levantou do sofá com os olhos cheios de lágrimas - eu só quero provar para todo mundo aqui que não tenho culpa de nada! Eu fui enganada, fui uma boba por ter acreditado nele e nas suas mentiras, e talvez seja até melhor assim.

- está maluca? - segurei seu rosto entre as minhas mãos - eu nunca vou deixar isso acontecer, ouviu bem? - a abracei lhe passando conforto - eu não me importo com o que os outros pensem, eu só me importo com você e com a gente, vamos pegar o Marcos de outra maneira, eu não sei como, mas eu vou pegar aquele desgraçado! E ele vai pagar caro por todo o mal que nos fez.

- o nosso casamento está incluso nesse mal? - ela me olhou com tristeza e eu sorri de lado.

- claro que não, minha vida - a beijei sem me importar com os olhares - no meio de toda essa loucura, a única coisa boa que aconteceu na minha vida foi o nosso casamento - acariciei o seu rosto - talvez o destino quisesse assim, talvez tudo isso tenha servido para a gente acontecer.

Eu nunca acreditei nessa coisa de destino, ou de amor à primeira vista, mas acho que foi isso que aconteceu com a gente, talvez já estivesse escrito esse nosso encontro tão inesperado, esse amor que foi surgindo com os nossos dias de convivência, até mesmo com os problemas que viemos enfrentando nas últimas semanas, e eu não vou deixá-la escapar pelos meus dedos nunca! Vou protegê-la do Marcos ou de quem quer que seja.

- obrigada, Josh, e não se preocupe, pode ter certeza de que eu vou encontrar uma outra maneira de mandar aquele infeliz para a cadeia - me despedi dele e o acompanhei até a porta.

- William...

- desculpa, mas eu não quero te ouvir, mãe - peguei minha mala que estava encostada no sofá - eu estou indo embora dessa casa, mas também quero o Marcos fora daqui.

- não é isso - ela enxugou uma lágrima que caiu pelo seu rosto - eu quero pedir desculpas a você, e principalmente a sua esposa por tudo que disse hoje cedo, eu estava fora de mim, e não queria aceitar o fato dos meus filhos se odiarem, do Marcos ter tentado te matar.

- desculpas aceita, mas isso não muda as coisas que ouvir da sua boca hoje de manhã, e modo com que ficou ao lado dele e o defendeu como se fosse um inocente que precisasse de cuidados - não vou esquecer as coisas que ela me disse hoje de manhã, principalmente as ofensas que falou para Jai e a família dela.

- não vai embora, por favor - ela segurou minha mão - por favor, meu filho, você e a sua esposa vão ser bem tratados aqui, esse casa é sua.

- eu prefiro ir embora, quero ter um pouco de paz ao lado da minha mulher.

- e para onde você vai? Para uma das suas casas? Para o seu apartamento?

- isso eu ainda não sei, mas também não interessa a ninguém aqui.

***

Acabamos de chegar na casa dela, e o seu olhar mudou desde o momento em que pisamos os pés aqui.

Esse lugar tem o cheiro dela.

Tomamos um banho e agora estamos na cozinha preparando algo para comermos.

Está chovendo novamente, faz dias que o tempo está dessa maneira, uma hora chove, outra hora faz sol e assim estamos indo.

Já passam das oito da noite, passamos no mercado antes de vir para casa, ela disse que a geladeira estava vazia e era verdade.

Abastecemos toda a dispensa, e também compramos alguns produtos de limpeza apesar de já estar tudo bem limpo e organizado.

- amanhã eu preciso acordar cedo, vou ficar de plantão durante a noite - ela desligou o fogão e me ajudou a arrumar a mesa - eu queria ficar com você o dia inteiro, mas preciso ir.

- e por que não fica? Diz que está doente ou sei lei - a peguei pela cintura e coloquei sentada na mesa.

- eu estou feliz por ter você na minha vida - ela ralou o seu nariz ao meu e eu fechei os olhos aproveitando o momento.

- eu estou ainda mais - acabei com distância que tinha entre a gente e a beijei enquanto a minha mão passeava pela sua cintura.

Ela entrelaçou as pernas em mim, e rapidamente tirei a blusa do seu pijama enquanto descia os meus beijos para o seu pescoço.

Ela gemeu o nome, e de forma rápida senti uma ereção crescer na minha calça.

Segurei os seus seios e coloquei o direito na boca.

Ela jogou o corpo para trás, e as mãos na minha cabeça puxando o meu cabelo.

E aqui mesmo na cozinha nos amamos como loucos, e definitivamente tive a pura certeza de que a paixão que eu sentia, se transformou em amor.

Beijei os seus lábios com precisão ainda sobre o suor do nosso corpo, e disse para ela o que já não se dá para deixar mais guardado.

- eu te amo, Jaianne - pude ver a surpresa nos seus olhos, ela corou as bochechas e de forma tímida disse que também me amava.

Eu a levei para o banheiro em meus braços e tomamos um banho quente e bem demorado.

Depois descemos e comemos o macarrão de panela de pressão, sentamos no sofá para assistir um filme depois que lavei toda a louça, e ela acabou pegando no sono com a cabeça em meu colo enquanto eu acariciava o seu cabelo.

Nunca imaginei que estaria vivendo isso algum dia, sempre fui um homem desapegado aos sentimentos, me envolvia com algumas mulheres, mas nunca me apaixonei ou amei nenhum delas, sempre foi atração e prazer e somente isso e nada mais.

E agora eu tenho aqui nos meus braços, uma mulher por quem estou loucamente apaixonado, e por ela eu seria capaz de qualquer coisa.

***

Às quatro da manhã o despertador alarmou nos fazendo quase cair da cama, ela levantou as preças e foi logo para o chuveiro tomar banho, e demorou mais de dez minutos, ela disse que era para espantar o sono.

Eu desci e preparei um café da manhã bem reforçado para ela. Vai passar a noite no hospital e precisa estar ao menos bem alimentada.

- estava uma delícia, amor - ela comeu praticamente tudo, estava com muita fome pelo visto.

- você fica muito sexy com essa roupa de enfermeira, sabia?

- uma blusa branca de manga e uma calça horrorosa da mesma cor? - ela negou com a cabeça enquanto dava um último gole em seu suco - está mentindo, eu estou me sentindo horrível com esses trajes - ela levantou da cadeira e levou os pratos até a pia - você pode me levar até lá?

- claro que posso, vou tomar um banho e vestir a minha roupa, também tenho muitas coisas para fazer hoje - beijei seu rosto e subi para tomar um banho.

Preciso resolver algumas coisas urgentes na empresa, quero fazer algumas mudanças, e uma delas está relacionada ao Marcos.

Eu me arrumei e desci para podermos ir assim que sai do banho.

- sério que só vamos nos ver amanhã? - estacionei na frente do hospital em que ela trabalha.

- eu também estou triste com a ideia, mas é o meu trabalho - ela beijou os meus lábios.

- você falou com a sua mãe ontem a noite?

- não, ela só me mandou um " oi " hoje de manhã o que é muito estranho - ela mexeu no celular com o semblante estranho - bom, devem ter aproveitado a festa ontem a noite - ela guardou o celular e voltou a me olhar - eu tenho que ir, amanhã bem cedo vamos nos ver novamente.

- amanhã eu tenho um presente para você.

- amor, não precisa ficar me enchendo de presentes - ela negou com a cabeça enquanto abria a porta do carro - eu também tenho uma surpresa para você amanhã - ela desceu do carro e soltou um beijo para mim.

Fiquei esperando ela entrar e dei partida indo em direção a empresa.

O dia hoje vai ser cheio, e eu espero não encontrar o Marcos por lá.

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