A porta do escritório se abriu silenciosamente. Edna, com uma pilha de relatórios nas mãos, entrou na sala de Isabel.
— Chefinha precisa ver a ficha desse gostosão que acabou de sair — disse Edna, com um sorriso travesso.
Isabel ergueu uma sobrancelha, fingindo desinteresse.
— Quem é o gostosão?
— O engenheiro — respondeu Edna, entregando os documentos a Isabel.
Isabel pegou a ficha e, ao revisar as informações, ficou surpresa. As referências das empresas onde Gabriel havia trabalhado eram impressionantes, sua formação e especialização eram perfeitas, e os projetos em que ele havia se envolvido eram de grande valia.
— Edna, o que um cara com todas essas qualidades está fazendo solto no mercado? — perguntou Isabel, sem esconder a curiosidade.
— Helena disse que ele só trabalha por projetos. Fim do projeto, fim do contrato — explicou Edna.
Isabel pensou por um momento, seus olhos se estreitando enquanto considerava as implicações.
— Vamos aproveitá-lo. Farei uma proposta de três anos para ele trabalhar conosco. Precisamos dele na nossa equipe dentro da diretoria.
Edna levantou uma sobrancelha.
— Como vai fazer isso?
Isabel sorriu de canto, um brilho astuto nos olhos.
— Eu conheço bem o safado. E fique longe dele, Edna. Gabriel não vale a terra que pisa quando o assunto é coração. Ele parte para quebrar, em pedacinhos.
As duas riram.
— Olha quem fala — disse Edna, brincando.
A atmosfera leve foi interrompida quando Edna lembrou Isabel sobre uma reunião com investidores europeus interessados no projeto.
— Edna, cancele a reunião e passe para amanhã. Convide-os para um almoço às 14h30. Encontre um restaurante no centro da cidade que seja a cara dos europeus. E mande uma mensagem ao safado gostoso, dizendo que ele almoçará conosco — instruiu Isabel.
Edna anotou tudo e saiu da sala. Antes que a porta se fechasse, Alexandre entrou, visivelmente irritado.
— Isabel, o que está acontecendo com essas mudanças? Você exonerou vários diretores de departamento!
O rosto de Isabel endureceu, seus olhos encontrando os de Alexandre em um confronto silencioso.
— Alex, essas mudanças são necessárias. Muitos diretores estavam abaixo da média, e era hora de mandar alguns idosos para a aposentadoria — disse Isabel, com firmeza.
— Isso é ridículo! Eles têm anos de experiência! — Alexandre retrucou, sua voz aumentando.
— Papai já não está aqui, Alex. Com todo respeito, eu sou sua chefe agora, e você deve me respeitar — Isabel respondeu, a tensão crescendo na sala.
Os dois irmãos entraram em um embate de ideias. Isabel manteve sua posição, explicando que havia analisado relatórios e avaliações de produtividade detalhadas.
— Esses diretores não estão à altura do que precisamos para levar a Fortuna Tech ao próximo nível. Estamos em um momento crítico, e não podemos nos dar ao luxo de manter pessoas que não estão contribuindo com o máximo — disse Isabel, com uma calma controlada.
Alexandre respirou fundo, percebendo que Isabel estava determinada.
— Eu entendo seu ponto, mas isso ainda me preocupa. Estamos falando de pessoas que dedicaram suas vidas a esta empresa — respondeu Alexandre, seu tom suavizando um pouco.
Isabel assentiu, reconhecendo a preocupação de Alexandre.
— Sei disso, e não tomo essas decisões levianamente. Mas nosso foco deve ser o futuro da empresa. Precisamos de uma equipe forte e inovadora — afirmou Isabel.
Antes que Alexandre pudesse responder, a porta se abriu bruscamente e Maria Fortuna, a caçula da família, entrou com um sorriso radiante. Vestida elegantemente com uma roupa curta, ela beijou Alexandre e deu um forte abraço em Isabel.
— Soube das últimas pelo jornal! — exclamou Maria.
Isabel sorriu, a tensão diminuindo instantaneamente com a presença alegre da irmã.
— Tentei ligar para você, mas seu celular não passava — respondeu Isabel.
Maria fez uma careta.
— Meu celular está uma bagunça! Mas me conta tudo! Como está se sentindo na cadeira do papai? E o cogumelo do tio Henrique? — brincou Maria.
As duas riram, aliviando ainda mais a atmosfera.
— Ele continua enchendo o saco, mas nada que eu não possa lidar — disse Isabel, rindo.
Maria então mencionou um homem que vira no corredor.
— Vi um homem que parecia um anjo caído do céu. Quem era ele? Estava falando com a Edna, aquela traidora — disse Maria, com um sorriso travesso.
— Edna não é traidora, só está com muito trabalho. Se você está falando do homem que eu acho que seja, é o Gabriel Scarleth — respondeu Isabel.
Maria arregalou os olhos.
— O irmão da Sophia! — exclamou ela.
Isabel confirmou, fazendo um gesto para que Maria saísse da cadeira.
— Tenho muito a trabalhar, mas ele está mesmo um gato. O reencontro foi... interessante — disse Isabel, com um sorriso enigmático.
Maria levantou-se, ainda rindo.
— Ah, eu adoraria estar na sua pele, mana. Ele sempre foi um charme. Como foi o reencontro? — perguntou Maria.
— Vai, seu irmão está te esperando na sala dele — respondeu Isabel, sorrindo.
Maria saiu da sala, deixando Isabel sozinha com seus pensamentos e os desafios do dia. Isabel voltou ao trabalho, focando nos detalhes do projeto e nas próximas etapas que precisavam ser concluídas.
Enquanto isso, Maria encontrou Alexandre em sua sala, onde ele estava revisando alguns documentos.
— E aí, grandão! Ainda chateado com a Isa? — perguntou Maria, sentando-se na borda da mesa de Alexandre.
Alexandre suspirou, mas sorriu ao ver a irmã.
— Um pouco, mas entendo o ponto dela. Ela tem razão em muitas coisas, só estou preocupado com o impacto nas pessoas — respondeu ele.
Maria sorriu e deu uma tapinha no ombro dele.
— Ela sabe o que faz. E além disso, você tem outras coisas para se preocupar, como aquele seu projeto secreto — provocou Maria.
Alexandre riu.
— Você sabe que eu não posso falar sobre isso, mas estamos indo bem. Só precisamos manter a calma e seguir em frente.
Maria revirou os olhos.
— Sempre tão sério. Você precisa relaxar um pouco, mano. Talvez sair para uma festa, conhecer alguém novo — sugeriu ela, piscando para ele.
— E acabar como você, sempre metida em confusão? Não, obrigado — respondeu Alexandre, rindo.
Maria fingiu estar ofendida, mas logo riu junto com ele. O amor e a irmandade entre os três irmãos era palpável, mesmo nas discussões mais acaloradas.
De volta à sala de Isabel, ela continuava imersa em seus pensamentos e planos. A entrada abrupta de Maria e a breve visita de Alexandre tinham sido um lembrete bem-vindo de que, apesar de todos os desafios e tensões, ela não estava sozinha. A brisa que entrava pela janela parecia mais suave, e Isabel sentiu-se revigorada, pronta para enfrentar o que viesse pela frente.
No fundo, Isabel não podia deixar de sentir uma estranha mistura de emoções. O reencontro com Gabriel havia despertado memórias e sentimentos há muito adormecidos.
Isabel sorriu. O jogo estava apenas começando, e ela estava pronta para jogar.
O relógio na parede marcava dez horas da manhã. O dia estava apenas começando, e Isabel sabia que muitos desafios e surpresas ainda estavam por vir. Enquanto terminava de revisar os relatórios, uma mensagem de Edna surgiu em seu celular: "Almoço confirmado para às 14h30 no La Petite Maison."
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Atualizado até capítulo 81
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