O alarme soou alto, ecoando pelo quarto de Isabel Fortuna. Enrolada nos lençóis de seda, ela esticou o braço com um murmúrio sonolento.
— Só mais cinco minutos...
O alarme, no entanto, tinha outros planos. Isabel, sem querer, ajustou o aparelho para mais trinta minutos em vez dos cinco habituais.
Quando o alarme voltou a tocar, já eram sete da manhã. O som insistente foi acompanhado pelo toque estridente do celular, assustando-a. Isabel acordou com um sobressalto, derrubando o telefone no chão.
— Meu Deus, logo no primeiro dia de liderança vou me atrasar! — exclamou, esfregando os olhos ainda cheios de sono. — Isso não está certo.
Levantou-se rapidamente, abriu a janela do quarto e deixou a luz do amanhecer invadir o espaço. Ficou parada por alguns instantes, observando o nascer do sol. A brisa suave da manhã acariciava seu rosto, e ao longe, ela podia ver a torre da Fortuna Tech, imponente contra o céu azul.
— O dever me chama — murmurou para si mesma, virando-se e indo para o banheiro.
Optou por um banho frio e rápido, que a despertou completamente. Em seguida, entrou no closet e escolheu um conjunto elegante na cor creme. Isabel tinha um gosto apurado para moda, uma característica que cultivava desde a adolescência. O conjunto era composto por um blazer ajustado, uma blusa de seda e uma saia lápis que realçava sua figura esbelta. Completou o look com sapatos de salto alto nude e acessórios discretos, mas sofisticados.
Depois de sua higiene matinal, Isabel pegou sua pasta contendo o laptop e os relatórios e desceu pelo elevador. Ao chegar ao térreo, acenou para o porteiro e entrou rapidamente no táxi que a aguardava. O veículo percorreu as ruas movimentadas até o centro da cidade, parando em frente ao imponente edifício da Fortuna Tech.
Ao entrar no edifício, Isabel acenou para alguns funcionários e seguiu direto para o elevador privado, uma regalia que ela sonhava em usar desde sempre. Esse elevador era exclusivo para seu pai e sua mãe, quando esta fazia visitas ocasionais. Quando deu por si, o elevador já estava abrindo diretamente na sua nova sala.
Isabel pousou suas coisas e saiu para dar um olá a Edna. Ao vê-la, Edna levou um susto.
— Desculpe, Isabel! Não sabia dessa entrada. Estou acostumada ainda com a senhorita vindo pela frente.
Isabel sorriu, tentando esconder a tensão.
— É normal, Edna. A sala é nova para nós duas.
Edna entrou rapidamente, trazendo um café com leite.
— Hoje é terça, tem que ser um café com leite, não é? — Edna disse, conhecendo bem os hábitos da chefe.
— Obrigada, Edna. Você é um amor — Isabel sorriu, aceitando a xícara. — Edna, preciso que encontre uma empresa que possa dar um novo rosto a esta sala. Quero algo mais leve e jovial, trocando tudo ainda neste final de semana.
Antes que Isabel pudesse continuar, a porta se abriu com força. Alexandre entrou, batendo a porta com um ar sarcástico.
— Ainda agora e já se mudou para a sala do papai.
Isabel fingiu não ouvir o tom provocativo do irmão. Alexandre, no entanto, continuou questionando a reunião marcada por ela.
— Por que essa reunião é tão necessária? Nem uma semana e você já está fazendo mudanças?
Isabel manteve a voz calma, mas firme.
— Bom dia! Primeiro Alex, estamos em um momento crucial. É essencial começarmos com o pé direito, e isso inclui reestruturar a equipe e definir novas estratégias. Se não fizermos isso agora, poderemos enfrentar problemas mais sérios no futuro.
Alexandre cruzou os braços, uma expressão cética no rosto.
— Certo, mas você acha que isso justifica tantas mudanças logo de cara?
— Sim, acho — Isabel respondeu firmemente. — Precisamos nos adaptar às novas exigências do mercado e garantir que a Fortuna Tech continue sendo líder no setor. Essa reunião é o primeiro passo para garantir que estamos todos na mesma página.
Edna, que observava a troca de opiniões entre os dois irmãos, manteve-se ocupada organizando a papelada. Isabel notou o esforço da secretária em manter a discrição e agradeceu silenciosamente pela sua presença.
— Alex, sei que tens suas preocupações, e eu as respeito. Mas peço, meu irmão, que confie no processo. Estamos todos do mesmo lado aqui.
Alexandre soltou um suspiro frustrado, mas acabou assentindo.
— Muito bem, senhorita CEO. Só espero que saiba o que está fazendo, Isabel.
Isabel sorriu, tentando aliviar a tensão.
— Confie em mim, Alex. Faremos isso funcionar.
Ela observou enquanto o irmão saía da sala, ainda carregando um pouco de ceticismo, mas também uma aceitação relutante.
Edna aproximou-se com um bloco de notas.
— Isabel, a empresa de design interior poderá vir amanhã para uma consulta preliminar.
— Perfeito, Edna. Aproveitaremos essa oportunidade para criar um espaço que realmente reflita a nova fase da empresa.
Edna assentiu e voltou para sua mesa, enquanto Isabel se preparava para a reunião. Ela sabia que o dia seria longo e cheio de desafios, mas estava pronta para enfrentá-los.
A reunião começou pontualmente às nove horas. Isabel entrou na sala de conferências, onde todos os diretores executivos já estavam reunidos. Ela percebeu a tensão no ar, mas também a curiosidade e a expectativa nos rostos de cada um.
— Bom dia a todos — Isabel começou, colocando-se na frente da sala. — Antes de mais nada, quero agradecer a presença de todos aqui. Sei que a transição tem sido rápida e talvez um pouco inesperada, mas estou confiante de que, juntos, podemos levar a Fortuna Tech a novas alturas.
Ela fez uma pausa, observando as reações ao redor da mesa. Alguns diretores assentiram, enquanto outros pareciam mais reservados. Isabel continuou.
— Nos próximos dias, teremos muitas discussões importantes sobre nossa estratégia e estrutura organizacional. Minha prioridade é garantir que estamos todos alinhados e prontos para enfrentar os desafios futuros.
Durante a reunião, Isabel apresentou suas ideias para a reestruturação da equipe, enfatizando a importância da inovação e da adaptação rápida às mudanças do mercado. Ela também destacou a necessidade de uma colaboração mais estreita entre os diferentes departamentos, algo que julgava essencial para o sucesso da empresa.
Enquanto falava, Isabel notava olhares de aprovação de alguns diretores, enquanto outros ainda pareciam céticos. Ela sabia que ganhar a confiança de todos levaria tempo, mas estava determinada a mostrar que era a pessoa certa para liderar a Fortuna Tech.
Ao final da reunião, Isabel abriu o espaço para perguntas e comentários.
— Gostaria de ouvir as opiniões de vocês. Estamos todos nesse barco juntos, e a contribuição de cada um é vital.
Um dos diretores seniores, Rodrigo, foi o primeiro a falar.
— Isabel, aprecio sua visão e a clareza de suas propostas. Acho que estamos em um ponto crucial e essas mudanças são necessárias.
Outros diretores seguiram, expressando tanto apoio quanto preocupações. Isabel ouviu atentamente cada comentário, anotando pontos importantes e prometendo ações concretas para abordar as questões levantadas.
Quando a reunião finalmente terminou, Isabel sentiu uma mistura de alívio e exaustão. O primeiro passo havia sido dado, e apesar das dúvidas e resistências, ela sentia que estava no caminho certo.
Ela voltou para sua nova sala, sentando-se na cadeira que antes pertencia a seu pai. O espaço ainda parecia um pouco estranho, mas Isabel sabia que, com o tempo, ela faria dele seu próprio.
O resto do dia foi igualmente intenso. Isabel e Edna passaram horas revisando mais relatórios e preparando-se para as mudanças futuras. Quando o relógio marcou seis e meia da noite, ambas estavam exaustas, mas satisfeitas com o progresso feito.
— Edna, você foi incrível hoje — disse Isabel enquanto arrumava suas coisas para sair. — Vamos continuar com esse ritmo e garantir que estamos prontas para qualquer desafio.
Edna sorriu, claramente cansada, mas animada com a nova fase da empresa.
— Obrigada, Isabel. Estou aqui para auxiliar no que for preciso.
As duas saíram do escritório juntas, pegando táxis separados mais uma vez. No caminho para casa, Isabel refletiu sobre o dia. As responsabilidades eram enormes, mas ela se sentia preparada e motivada.
Ao chegar em casa, Isabel seguiu sua rotina de descontração. Jogou a bolsa e o casaco no sofá, arrancando os sapatos de salto com um alívio visível.
— Finalmente! — murmurou, sentindo o contato fresco do piso sob seus pés descalços.
Foi para a cozinha, onde abriu uma garrafa de vinho tinto, o som do lacre se rompendo ecoando pela casa silenciosa. Serviu-se de uma taça generosa, observando a cor rubi do líquido enquanto girava a taça, liberando o aroma encorpado.
— Ah, isso sim é vida — pensou alto, um sorriso se formando em seus lábios.
Com a taça em uma mão, caminhou até a varanda, onde a brisa noturna lhe acariciou a pele exposta. As luzes da cidade cintilavam como estrelas, e Isabel respirou fundo, sentindo-se revitalizada pela vista.
— Como será que minha vida estaria se eu tivesse feito outras escolhas? — refletiu, enquanto dava mais um gole no vinho.
Depois de algum tempo relaxando, sentindo a tensão do dia se dissolver, Isabel decidiu que precisava finalizar alguns relatórios. Voltou para a sala, pegou o laptop e se acomodou no sofá, ainda sem se vestir. Digitou rapidamente, seus dedos dançando sobre o teclado, mas logo o cansaço a venceu.
— Chega disso por hoje — disse, fechando o laptop com um suspiro.
Deixou a taça de vinho na cozinha e foi para o banheiro, onde começou a preparar um banho relaxante. Encheu a banheira com água morna, adicionando um pouco de óleo essencial de lavanda. O aroma suave preencheu o ar, e Isabel sentiu os músculos se soltarem ainda mais.
Despiu-se completamente e entrou na água, sentindo o calor envolver seu corpo.
— Isso sim é paraíso — murmurou, fechando os olhos.
Deixou-se levar pelo momento, esquecendo-se de tudo que a preocupava. A água morna e o aroma da lavanda criaram um casulo de tranquilidade, e Isabel se entregou ao prazer simples de relaxar.
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Atualizado até capítulo 81
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