Cap. 18

No quarto, encontrou Isabela sentada na cama, um tanto desorientada, Matteo se abaixou ao lado dela e a tocou com gentileza sua face, um contraste gritante com a violência que ele havia acabado de demonstrar. Ele a chamou pelo nome, mas ela apenas olhou para ele, com um olhar perdido, sem saber exatamente onde estava ou o que havia acontecido.

_Vamos sair daqui.  Matteo passou um braço em volta dela e a levantou suavemente, percebendo o quanto ela estava vulnerável. Isabela apoiou-se Matteo, e sua cabeça repousou no ombro dele que a segurava com firmeza.

Com Isabela nos braços, Matteo saiu do quarto, atravessando o corredor agora silencioso. As escadas estavam desertas, como se a fúria de Matteo tivesse afastado qualquer um que ousasse se aproximar. Ele desceu com cuidado, mantendo Isabela bem próxima para garantir que ela estivesse segura.

Matteo sabia que havia cruzado uma linha com a violência na boate, mas o que aconteceu com Isabela  era inaceitável. Ele a levou para fora do prédio, onde um carro já esperava por ele. Matteo Colocou Isabela no banco traseiro com cuidado, certificando-se de que ela estava confortável antes de entrar no carro ao seu lado.

Enquanto o veículo partia, Matteo olhou para Isabela e sentiu uma mistura de preocupação e culpa, e clupa algo que ele nunca sentia. No caminho a até a mansão em que estava hospedados,  Isabela acabou adormecendo com a cabeça encostada no ombro de Matteo que a observava, certificando-se de que ela estava bem enquanto sua raiva ainda fervia por dentro.

Ao chegarem na mansão, Matteo carregou Isabela com cuidado, tentando não acordá-la. A noite tinha sido longa e ela precisava de descanso para se recuperar do efeito da droga. Ele a levou para seu quarto, colocando-a gentilmente em sua cama. Por um instante, Isabela abriu os olhos e abraçou o travesseiro com um suspiro, antes de sussurrar:

_Estou tão cansada...

Matteo de repente começou a sorrir para Isabela, vendo-a adormecer novamente. Ele a cobriu com um cobertor e ficou por um momento olhando para ela. A forma como o cabelo caía sobre o rosto e o jeito delicado que ela dormia fizeram, por um breve momento, toda a fúria que sentiu na boate desaparecer dando lugar a uma sensação de calma.

_ Eu não vou deixar que ninguém tente te machucar novamente...  Matteo disse em voz baixa, mais para si mesmo do que para Isabela, que dormia profundamente. Ele a observou por mais alguns segundos, para se certificar de que estava confortável antes de sair do quarto.

Matteo foi em direção ao banheiro, precisava tomar um banho. A água quente ajudou a aliviar um pouco da tensão acumulada pela noite tumultuada. Quando saiu do banho, ainda sentia a mão doendo devido ao ataque brutal a Paulo, mas a dor física era insignificante comparada à raiva que ainda fervia em seu peito.

Matteo pegou a maleta de primeiros socorros e começou a tratar de sua mão machucada. Enquanto aplicava o antisséptico e enfaixava os ferimentos, ele pensava em tudo o que tinha acontecido. Não era  a violência que o irritava, mas o fato de que alguém o enganou explorando seu desejo de uma maneira que colocou uma pessoa inocente em perigo.

Quando terminou de enfaixar a mão, Matteo respirou fundo voltando para o quarto onde encontrou Isabela ainda dormindo, o que era um bom sinal. Ele puxou uma poltrona e sentou-se ao lado da cama, decidido a ficar lá até que ela acordasse.

Isabela acordou tarde no dia seguinte, ainda com a cabeça pesada e um turbilhão de sensações que não conseguia identificar. A luz suave do quarto indicava que um novo dia já havia começado, mas nada daquilo parecia familiar. Quando ela percebeu que estava em uma cama estranha, o pânico começou a crescer. Ela não sabia onde estava, nem como chegou até ali. A memoria parecia estar falhando, e o medo tomou conta dela, trazendo à tona todos os piores pensamentos.

Ao se sentar na cama para levantar, Isabela viu Matteo ainda sentado na poltrona ao lado da cama, observando-a com atenção. Seu coração disparou, e um arrepio percorreu sua espinha. Isabela não sabia quem era aquele homem e o que ele estava fazendo. A única coisa que importava naquele momento era encontrar uma maneira de sair daquele lugar.

_Onde eu estou? Perguntou tentando manter a calma, mas a voz trêmula e o olhar assustado revelavam que ela estava aterrorizada. Ela olhava ao redor procurando uma saída, a mão instintivamente segurando o lençol como se isso pudesse protegê-la. Matteo percebeu o medo em seus olhos e tentou tranquilizá-la.

_Você está segura agora. Eu te trouxe para minha casa para garantir que nada acontecesse com você na boate. Explicou Matteo, com o tom voz suave, mais do que seria esperado de alguém com sua reputação.

Mas Isabela não conseguia escutar com atenção. A ansiedade tomava conta dela, e a única coisa em sua mente era a necessidade de fugir. Ela se levantou rapidamente, sentindo a cabeça girar por um momento devido ao efeito residual da droga, mas ignorou o desconforto e começou a caminhar em direção à porta.

Matteo também se levantou, mas manteve uma distância respeitosa, tentando não aumentar o medo de Isabela. Ele sabia que sua presença poderia ser assustadora, especialmente depois do que aconteceu na noite anterior.

_Isabela, eu só quis te ajudar. Você estava em perigo, e eu tentei te proteger. Tentava explicava Matteo.

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