Cap. 19

Isabela não acreditava em Matteo, e  só pensava em sair dali. As palavras de Matteo não foram suficientes para cessar o seu medo. Tudo parecia confuso demais, e a única coisa clara era a necessidade de escapar daquele ambiente desconhecido. Ela continuou a caminhar em direção à porta, decidida a encontrar uma saída.

_ Isabela...

_ Como você sabe o meu nome? Perguntou confusa ao perceber que Matteo sabia o seu nome, e ao olhar para ele, Isabela lembrou vagamente do beijo que Matteo havia lhe dado.

_ Eu estava na boate que você trabalha, e como disse, só quero te ajudar.

_ Me ajudar? Pensa que eu não conheço pessoas como você? Isabela pensou que Matteo estava tentando tirar vantagem dela.

_ Não, você não me conhece...

_ E não quero conhecer! Disse abrindo a porta e se assustando com a quantidade de homens presentes na casa. Eles estavam espalhados pelo corredor, conversando em italiano, mas logo ficaram alertas ao ver a porta do quarto se abrir de repente.

_Eles não vão te machucar... e juro que não vão te tocar. Eu só quero garantir que você fique segura. Por favor, Isabela, confie em mim só um pouco.

_ Eu não sei exatamente o que aconteceu, mas como posso confiar em alguém que me beijou contra a minha vontade? Jamais... já basta o que eu passo em casa... A voz de Isabela estava carregada de dor e medo. O coração dela estava apertado, e a única coisa que queria era sair dali.. _ Por favor, me deixe ir... Suplicou Isabela claramente aterrorizada.

Matteo viu o medo nos olhos dela e sabia que precisava deixá-la ir. Ele percebeu que qualquer tentativa de convencê-la só aumentaria seu medo. Ele abriu caminho para ela, deixando claro que ela era livre para sair, esperando que, com o tempo, ela pudesse entender que ele não queria prejudicá-la, mas ajudá-la.

Assim que chegou à rua, Isabela começou a correr, o coração batendo rápido e a adrenalina correndo em suas veias. Cada passo a afastava daquele lugar desconhecido e aterrorizante. O ar fresco da manhã a envolvia, e ela respirou fundo, sentindo o alívio ao deixar para trás o que parecia ser uma armadilha.

O medo e a desorientação ainda estavam presentes, mas correr a fazia sentir-se viva, como se pudesse escapar de tudo o que lhe causava angústia. À medida que o tempo passava, sua mente tentava entender o que havia acontecido. As lembranças eram fragmentadas, e o fato de ter acordado em um lugar desconhecido apenas aumentava sua ansiedade, precisava encontrar alguém que pudesse lhe explicar o que havia acontecido na noite anterior.

_ Mel... Isabela pensou na colega de trabalho, e passou a mão nos bolsou encontrando o celular vendo que Mel havia ligado varias vezes para ela. Com as mãos tremulas, Isabela retornou a ligação para Mel.

_ Isa, onde você está? Perguntou Mel preocupada ao atender.

_ Mel, o que aconteceu ontem? Eu não lembro de nada... Perguntou Isabela em busca de respostas.

_ Aconteceram tantas coisa... mas primeiro me diga onde e como você está?

_ Estou na rua... Disse Isabela, sentindo-se perdida.

_ Isa, venha para a minha casa, não dá para explicar tudo o que aconteceu pelo telefone, não sei nem por onde começar. E aproveito para te devolver a sua mochila, eu trouxe ela comigo.

_ Está bem, eu vou pedir um carro pelo aplicativo, até daqui a pouco . Isabela encerrou a ligação sentindo um pequeno alívio ao saber que Mel poderia esclarecer o que aconteceu com ela.

Ela chamou um carro pelo aplicativo e esperou ansiosamente na calçada. Seus pensamentos estavam confusos e o medo ainda estava presente, mas saber que Mel poderia ajudar a esclarecer o que aconteceu a acalmava um pouco. Quando o carro chegou, antes de entrar, e Isabela olhou para os lados, verificando se não estava sendo seguida. E ela não viu ninguém suspeito por perto.  Durante o trajeto, tentou se acalmar, respirando fundo e tentando ordenar as lembranças da noite anterior. Mas Isabela só conseguia se lembrar do beijo que Matteo lhe deu.

Matteo estava jogado em sua cama, sem conseguir dormir ou esquecer Isabela, sentindo o cheiro dela que havia ficado impregnado no travesseiro. Ele pegou o telefone e ligou para um dos seus seguranças.

_ Ela já chegou em casa. Matteo tinha pedido que o segurança acompanhasse Isabela até que ela chegasse em casa em segurança.

_ Não, parece que ela foi para a casa de uma amiga. Respondeu o homem que estava seguindo Isabela.

_ Mas por que ela não foi para casa? Ela ainda não está bem. Matteo se irritou.

_ Eu não tenho essa resposta, senhor.

_ Mande a sua localização, estou indo para aí agora.

Matteo levantou e se  vestiu  rapidamente, a mente ainda focada em Isabela. Ele não podia deixar de pensar nela.Algo sobre ela o atraía de uma maneira que ele não conseguia explicar. Pegou seu telefone e enquanto verificava a localização enviada pelo segurança, o telefone começou a tocar chamando a sua atenção. Na tela viu nome de Luiz e ele resolveu atender a ligação pensando que o primo, talvez, precisasse da sua ajuda.

_Matteo, o que você fez? Luiz foi direto ao ponto assim que o primo atendeu ao telefone.

_ Calma, ainda não me desejou bom dia. Falou Matteo em tom de ironia.  _ E eu não estou entendendo a sua  pergunta. Matteo respondeu com um tom casual, sem entender o questionamento de Luiz.

_Você destruiu uma das boates mais famosa da cidade e ainda diz que não está entendendo a minha pergunta? Luiz ficou um pouco irritado com a resposta indiferente do primo. _Você bateu no dono... Matteo riu baixinho do outro lado da linha, sem nenhum sinal de arrependimento. _ Sabia que o que você fez virou notícia?

_E o que isso tem demais? Aquele maledetto mereceu cada soco que eu dei nele. Matteo estava visivelmente despreocupado com as consequências de suas ações.

_ A polícia vai investigar, Matteo! Luiz tentou alertá-lo sobre o risco de suas ações.

_E daí? Matteo continuava indiferente a preocupação de Luiz.

_ Eles podem chegar até você, existem câmeras de segurança, a polícia vai ter acesso as gravações.  Luiz insistiu, tentando fazer Matteo perceber a seriedade da situação.

_Existiam, primo, existiam! E mesmo que aquele verme ainda tivesse gravações do que aconteceu, duvido que ele as entregaria para a polícia, seria o mesmo que confessar que comete vários crimes, acontecem tantas coisas ilícitas na boate. Matteo continuou a falar no mesmo tom despreocupado. _ Então, essa investigação não vai dar em nada, e se der, eu tenho os meus contatos…

_ Você precisa ser mais cuidadoso, Matteo. Você não está na Itália. Se algo der errado...

_Relaxe, primo. Eu sei o que estou fazendo. Não é a primeira vez tenho que agir com violência fora de casa, e sempre fica tudo bem. Matteo tentou tranquilizá-lo, mas Luiz sabia que algo poderia dar errado a qualquer momento.

_Apenas tome cuidado.  Luiz insistiu, esperando que Matteo entendesse a mensagem. Matteo achou graça na preocupação do primo e riu mais uma vez.

_ Cuidado é para os fracos, Luiz. Eu sou forte, o futuro Don da família De Vincenzo. Você devia saber que eu sempre tenho um plano B em mente. Não se preocupe, não vou trazer problemas para você, tem a minha palavra, e além do mais, estou voltando para a Itália no final desta tarde.

_ Está bem, boa viagem.

_ Obrigado, nos vemos em breve. Falou encerrando a ligação se preparando para sair. Estava descendo as escadas quando o seu telefone voltou a chamar, dessa vez era Enzo, mas Matteo ignorou aquela ligação, falaria com ele em outra hora. Matteo iria até Isabela, estava preocupado e não queria que nada acontecesse com ela.

_ O que ela quis dizer com já basta o que eu passo em casa... Questionava-se Matteo.

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